{"id":79,"date":"2014-07-28T07:00:00","date_gmt":"2014-07-28T10:00:00","guid":{"rendered":"http:\/\/rabis.co\/migramissaopos\/2013\/02\/pos-modernidade-amiga-ou-inimiga\/"},"modified":"2018-02-17T23:53:02","modified_gmt":"2018-02-18T01:53:02","slug":"pos-modernidade-inimiga-ou-amiga","status":"publish","type":"post","link":"https:\/\/missaoposmoderna.biblecast.com.br\/2014\/07\/pos-modernidade-inimiga-ou-amiga\/","title":{"rendered":"P\u00f3s-modernidade: inimiga ou amiga?"},"content":{"rendered":"
A p\u00f3s-modernidade \u00e9 o momento em que a modernidade est\u00e1 sendo questionada, as proposi\u00e7\u00f5es da modernidade s\u00e3o questionadas. E este \u00e9 o nosso grande momento. Na minha opini\u00e3o e de muitos outros, a p\u00f3s-modernidade n\u00e3o \u00e9 nossa inimiga. \u00c9 nossa grande amiga.<\/p>\n Os crist\u00e3os costumam dizer que a p\u00f3s-modernidade questiona a verdade, confronta a modernidade. Ent\u00e3o eles argumentam que isso \u00e9 ruim para n\u00f3s, crist\u00e3os, porque n\u00f3s temos a verdade da Palavra de Deus; temos Jesus, que \u00e9 a verdade; temos a Palavra do Deus que n\u00e3o pode mentir; dizemos que algu\u00e9m conhece a verdade, e a verdade o libertar\u00e1.<\/p>\n Quando o pessoal da p\u00f3s-modernidade vem questionar a verdade \u2013 e a gente acusa a p\u00f3s-modernidade de ser relativista \u2013, a gente se assusta e fala: \u201cEsses caras s\u00e3o do diabo. \u00c9 mais um movimento do dem\u00f4nio para acabar com a igreja, acabar com a verdade do evangelho\u201d. <\/p>\n Nega\u00e7\u00e3o da verdade?<\/strong><\/p>\n Mas eu acho que h\u00e1 a possibilidade de se fazer uma outra leitura. A modernidade afirmava a\u00a0verdade racional<\/em>. N\u00e3o \u00e9 que a p\u00f3s-modernidade negue a exist\u00eancia da verdade; ela s\u00f3 diz que a raz\u00e3o humana<\/em> n\u00e3o d\u00e1 conta de conhecer a toda verdade. A verdade n\u00e3o \u00e9 objeto de m\u00e9todo cient\u00edfico.<\/p>\n A p\u00f3s-modernidade diz que h\u00e1 necessidade de uma outra concep\u00e7\u00e3o epistemol\u00f3gica. Isto \u00e9: Como eu conhe\u00e7o a verdade? A modernidade dizia: \u201cPela raz\u00e3o e pela racionalidade\u201d.\u00a0A p\u00f3s-modernidade diz: \u201cN\u00e3o d\u00e1. A verdade \u00e9 muito maior do que a ci\u00eancia d\u00e1 conta e do que a raz\u00e3o humana d\u00e1 conta\u201d. Quando a p\u00f3s-modernidade diz isso, o que ela faz? Ela coloca em suspei\u00e7\u00e3o toda a afirma\u00e7\u00e3o racional de verdade.<\/p>\n E a\u00ed ela vai gerar discursos muito interessantes. Como, por exemplo: na pr\u00e9-modernidade, quando eu dizia o seguinte: \u201cIsto aqui \u00e9 a verdade\u201d, a pessoa ia falar o seguinte: \u201cQuem disse?\u201d. E eu respondia: \u201cDeus!\u201d. \u201cEnt\u00e3o t\u00e1 bom, \u00e9 a verdade.\u201d E se a pessoa n\u00e3o concordasse que foi Deus quem falou que isto aqui \u00e9 a verdade, fogueira nela.<\/p>\n Na modernidade, quando eu dizia: \u201cIsto aqui \u00e9 a verdade\u201d, a pessoa dizia: \u201cProve! Prove racionalmente que isso a\u00ed \u00e9 a verdade\u201d.<\/p>\n Na p\u00f3s-modernidade, quando eu digo: \u201cIsto aqui \u00e9 a verdade\u201d, a pessoa diz: \u201cE da\u00ed? Essa \u00e9 a\u00a0sua<\/em>\u00a0verdade\u201d. Ou diz assim: \u201cQuem \u00e9 voc\u00ea para ficar dizendo que isso a\u00ed \u00e9 a verdade? Eu tamb\u00e9m tenho a minha verdade\u201d.<\/p>\n Ent\u00e3o, na pr\u00e9-modernidade, Deus estava no centro. Na modernidade, o homem estava no centro. E, na p\u00f3s-modernidade, n\u00e3o \u00e9 que n\u00e3o tem centro. \u00c9 a subjetividade humana que est\u00e1 no centro. \u00c9 a famosa frase: \u201cCada cabe\u00e7a, uma senten\u00e7a\u201d. Cada um tem a sua verdade. A p\u00f3s-modernidade \u00e9 o tempo em que n\u00e3o h\u00e1 espa\u00e7o para a afirma\u00e7\u00e3o categ\u00f3rica da verdade, porque toda afirma\u00e7\u00e3o categ\u00f3rica da verdade estar\u00e1 posta em suspei\u00e7\u00e3o.<\/p>\n Novas oportunidades<\/strong><\/p>\n Agora, quando algu\u00e9m diz assim: \u201cA p\u00f3s-modernidade acabou com a verdade. Ela tornou a verdade subjetiva, colocou a verdade em suspei\u00e7\u00e3o, relativizou a verdade\u201d, eu digo: \u201cQue bom! Isso para n\u00f3s \u00e9 \u00f3timo!\u201d. Porque n\u00f3s estamos dizendo assim: \u201cPessoal, todo mundo t\u00e1 de acordo que a raz\u00e3o humana n\u00e3o d\u00e1 conta da verdade?\u201d. \u201cTodo mundo!\u201d Ent\u00e3o: a verdade \u00e9 uma\u00a0quest\u00e3o de <\/em>revela\u00e7\u00e3o<\/em>.<\/p>\n Os p\u00f3s-modernos v\u00e3o dizer que a verdade \u00e9 uma quest\u00e3o de experi\u00eancia. Ent\u00e3o n\u00f3s entramos e dizemos: \u201cSim, a verdade \u00e9 uma quest\u00e3o de experi\u00eancia, mas tamb\u00e9m \u00e9 uma quest\u00e3o de revela\u00e7\u00e3o\u201d. Por qu\u00ea? Porque n\u00e3o \u00e9 a raz\u00e3o humana que se apropria da verdade. \u00c9 a verdade que se apropria da raz\u00e3o humana.\u00a0Isso<\/em>\u00a0\u00e9 cristianismo.<\/p>\n N\u00f3s n\u00e3o andamos por certeza racional. Andamos por confian\u00e7a. \u00c9 diferente. Porque a verdade, para n\u00f3s, n\u00e3o \u00e9 um objeto a ser analisado pelo m\u00e9todo cient\u00edfico e descrito racionalmente. A verdade \u00e9 uma Pessoa com quem nos relacionamos pela f\u00e9, ou seja, pela confian\u00e7a pessoal.<\/p>\n Rela\u00e7\u00e3o de confian\u00e7a<\/strong><\/p>\n Ent\u00e3o, quando a gente descreve a verdade como objeto, eu digo: \u201cIsto aqui [um copo de \u00e1gua] \u00e9 um copo de Coca-Cola. Verdade ou mentira?\u201d \u201cMentira.\u201d Mas essa descri\u00e7\u00e3o de verdade n\u00e3o cabe para a pr\u00f3xima afirma\u00e7\u00e3o: \u201cEu amo voc\u00ea. Verdade ou mentira?\u201d \u201cSei l\u00e1.\u201d Agora n\u00e3o \u00e9 quest\u00e3o de verdade ou mentira porque voc\u00ea v\u00ea e, racionalmente, voc\u00ea codifica, decodifica, interpreta, analisa, compara fato com fato.<\/p>\n Agora \u00e9 uma quest\u00e3o relacional e de confian\u00e7a. N\u00e3o \u00e9 uma quest\u00e3o de descri\u00e7\u00e3o objetiva de objetos. \u00c9 uma quest\u00e3o de relacionamento entre pessoas. E a nossa fala, como crist\u00e3os, \u00e9 que Jesus \u00e9 uma pessoa. A verdade crist\u00e3 \u00e9 uma Pessoa; n\u00e3o \u00e9 um conceito.<\/p>\n Por isso acredito que a p\u00f3s-modernidade \u00e9 muito nossa amiga. A modernidade afirmava a hegemonia da raz\u00e3o, o mito do progresso, a supremacia do homem e essa ideia toda. Ent\u00e3o, junto com a p\u00f3s-modernidade, a gente diz: \u201cBobagem! O homem n\u00e3o t\u00e1 com essa bola toda!\u201d.<\/p>\n Ed Ren\u00e9 Kivitz, mestre em Ci\u00eancias da Religi\u00e3o, \u00e9 pastor da Igreja Batista de \u00c1gua Branca, S\u00e3o Paulo. Possui um blog<\/a> e desenvolveu a s\u00e9rie Talmidim<\/a>, formada por\u00a0<\/i><\/i>v\u00eddeos curtos com reflex\u00f5es b\u00edblicas.\u00a0<\/i><\/p>\n O texto acima foi retirado da palestra \u201cLutando pela igreja\u201d (a partir de 24min03s), que pode ser assistida neste v\u00eddeo:<\/p>\n<\/a><\/p>\n