{"id":676,"date":"2013-05-28T16:34:14","date_gmt":"2013-05-28T19:34:14","guid":{"rendered":"http:\/\/rabis.co\/migramissaopos\/?p=676"},"modified":"2018-02-17T23:53:12","modified_gmt":"2018-02-18T01:53:12","slug":"repintando-a-igreja","status":"publish","type":"post","link":"https:\/\/missaoposmoderna.biblecast.com.br\/2013\/05\/repintando-a-igreja\/","title":{"rendered":"Repintando a igreja"},"content":{"rendered":"
Durante centenas de anos, os seguidores de Jesus, assim como os artistas, entenderam que \u00e9 preciso prosseguir, explorando meios de viver em harmonia com Deus e uns com os outros. A tradi\u00e7\u00e3o da f\u00e9 crist\u00e3 \u00e9 cheia de mudan\u00e7as, crescimento e transforma\u00e7\u00e3o.\u00a0Jesus teve parte nesse processo, levando as pessoas a repensar a f\u00e9, a B\u00edblia, o amor, a esperan\u00e7a, tudo enfim, e convidando-as a tomar parte em um processo infind\u00e1vel de pr\u00e1tica de vida, de viver da maneira que Deus nos criou para que viv\u00eassemos.<\/p>\n O desafio para os crist\u00e3os \u00e9, ent\u00e3o, viver com paix\u00e3o e convic\u00e7\u00e3o sem medida, permanecendo abertos e flex\u00edveis, conscientes de que esta vida n\u00e3o \u00e9 o quadro definitivo.<\/p>\n Os tempos mudam. Deus n\u00e3o muda, mas o tempo, sim. N\u00f3s aprendemos e crescemos, o mundo a nossa volta muda, e a f\u00e9 crist\u00e3 \u00e9 viva apenas quando \u00e9 ouvida, retocada, inovada. […]<\/p>\n H\u00e1 in\u00fameros exemplos desse processo cont\u00ednuo, mas vou mencionar apenas um. Cerca de 500 anos atr\u00e1s, um homem chamado Martinho Lutero fez uma s\u00e9rie de perguntas a respeito do quadro que a igreja estava apresentando ao mundo. […]<\/p>\n Isso n\u00e3o parou por a\u00ed. Lutero estava assumindo lugar num extenso rol de pessoas que jamais pararam de repensar e redesenhar a f\u00e9. Retirando camadas de tinta desnecess\u00e1rias e, ao mesmo tempo, redescobrindo elementos essenciais que se haviam perdido. […]<\/p>\n E o processo n\u00e3o cessou.<\/p>\n N\u00e3o pode. […]<\/p>\n A obra de arte de Lutero foi parte do que veio a ser conhecido depois como Reforma. […] Na verdade, os contempor\u00e2neos de Lutero empregavam uma palavra muito espec\u00edfica para esse processo intermin\u00e1vel e absolutamente necess\u00e1rio de mudan\u00e7a e crescimento. Eles usavam a express\u00e3o em latim Ecclesia Reformata et Semper Reformanda est<\/em>, que <\/em>significa: \u201cIgreja reformada est\u00e1 sempre se reformando\u201d. Esse conceito \u00e9 essencial. Tinham consci\u00eancia de que o que eles diziam e faziam, escreviam e decidiam precisaria ser revisitado. Revisado. Reelaborado.<\/p>\n Eu fa\u00e7o parte dessa tradi\u00e7\u00e3o.<\/p>\n Fa\u00e7o parte de uma corrente hist\u00f3rica e mundial de pessoas que creem que Deus n\u00e3o nos deixou sozinhos, mas que est\u00e1 envolvido na hist\u00f3ria humana desde o in\u00edcio. S\u00e3o pessoas que creem que, em Jesus, Deus habitou entre n\u00f3s de maneira singular e poderosa, mostrando-nos um novo tipo de vida. Dando a cada um de n\u00f3s uma nova perspectiva para nossa vida em comunh\u00e3o, para o mundo em que vivemos.<\/p>\n Como parte dessa tradi\u00e7\u00e3o, eu abra\u00e7o a necessidade de continuar pintando, continuar reformando.<\/p>\n Com isso n\u00e3o quero me referir a mudan\u00e7as pl\u00e1sticas, superficiais, como melhor ilumina\u00e7\u00e3o e m\u00fasica, imagens mais n\u00edtidas e m\u00e9todos inovadores com passos f\u00e1ceis de seguir. Quero dizer teologia: convic\u00e7\u00f5es acerca de Deus, de Jesus, da B\u00edblia, da salva\u00e7\u00e3o e do futuro. Precisamos continuar reformando a maneira de definir a f\u00e9 crist\u00e3, a maneira de viv\u00ea-la e explic\u00e1-la.<\/p>\n Jesus \u00e9 mais convincente que nunca. Mais convidativo, mais verdadeiro, mais misterioso que nunca. O problema n\u00e3o \u00e9 Jesus, o problema \u00e9 o que vem com Jesus.<\/p>\n Para muitos, a palavra crist\u00e3o<\/i> est\u00e1 associada a todo tipo de imagens que nada dizem sobre quem \u00e9 Jesus e sobre a maneira pela qual nos ensinou a viver. Isso precisa mudar. […]<\/p>\n Cada gera\u00e7\u00e3o n\u00e3o pode furtar-se a fazer as perguntas-chave sobre o que significa ser crist\u00e3os aqui e agora, isto \u00e9, no lugar em que est\u00e3o e no momento em que vivem.<\/p>\n Se o trabalho pesado n\u00e3o for feito, onde o quadro acabar\u00e1?<\/p>\n No por\u00e3o.<\/p>\n \u00c9 o que em geral acontece. Algu\u00e9m surge com uma nova perspectiva da f\u00e9 crist\u00e3. As pessoas s\u00e3o inspiradas. Um movimento tem in\u00edcio. A f\u00e9 que estava enfraquecendo e morrendo agora renasce. Mas, ent\u00e3o, o pioneiro do movimento \u2013 o artista-pintor \u2013 morre, e os disc\u00edpulos param de buscar, experimentar, p\u00f4r \u00e0 prova. Eles passam a aceitar, equivocadamente, que as palavras do l\u00edder foram definitivas sobre o assunto; assim congelam as palavras do l\u00edder. Esquecem-se de que essa pessoa inovadora fazia sua parte para avan\u00e7ar, e, portanto, ela t\u00e3o somente fazia parte da discuss\u00e3o que continuar\u00e1 para sempre. Desse modo, comprometidos com o que fulano e beltrano disseram e fizeram, os seguidores acabam congelando a f\u00e9. […]<\/p>\n A tradi\u00e7\u00e3o, portanto, \u00e9 pintar, n\u00e3o reproduzir c\u00f3pias do mesmo quadro interminavelmente. O desafio da arte \u00e9 tomar o que havia de extraordin\u00e1rio nas obras anteriores e incorpor\u00e1-lo a novas obras.<\/p>\n E, nesse processo, criar algo belo \u2013 para os padr\u00f5es de hoje. […]<\/p>\n O que sei com certeza \u00e9 que essa busca de Jesus est\u00e1 nos fazendo voltar tanto quanto nos faz avan\u00e7ar.<\/p>\n Se isso \u00e9 verdade, ent\u00e3o n\u00e3o \u00e9 novidade.<\/p>\n Tenho aprendido que aquilo que parece in\u00e9dito \u00e9, em geral, a descoberta de algo que j\u00e1 existia h\u00e1 muito tempo \u2013 algo que apenas se perdeu em algum lugar e que precisa ser achado, espanado e recuperado.<\/p>\n Tenho aprendido que venho de uma tradi\u00e7\u00e3o que lutou com as quest\u00f5es mais profundas da exist\u00eancia humana durante milhares de anos. Tenho aprendido que minha tradi\u00e7\u00e3o inclui rabinos, reformadores, revolucion\u00e1rios, monges, freiras, pastores e escritores, fil\u00f3sofos, artistas e pessoas de toda parte que fizeram grandes perguntas acerca de um Deus grande.<\/p>\n Rob Bell \u00e9 pastor e fundador da\u00a0Mars Hill Bible Church. \u00c9 graduado pelo Wheaton College e pelo Fuller Theological Seminary.\u00a0Retirado de Repintando a igreja<\/a>: uma vis\u00e3o contempor\u00e2nea\u00a0(S\u00e3o Paulo: Editora Vida, 2008),\u00a0p. 11-16.<\/i><\/p>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":" Durante centenas de anos, os seguidores de Jesus, assim como os artistas, entenderam que \u00e9 preciso prosseguir, explorando meios de viver em harmonia com Deus e uns com os outros. 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