{"id":1896,"date":"2014-07-11T09:29:47","date_gmt":"2014-07-11T12:29:47","guid":{"rendered":"http:\/\/rabis.co\/migramissaopos\/?p=1896"},"modified":"2018-02-17T23:53:04","modified_gmt":"2018-02-18T01:53:04","slug":"mundo-novo","status":"publish","type":"post","link":"https:\/\/missaoposmoderna.biblecast.com.br\/2014\/07\/mundo-novo\/","title":{"rendered":"Mundo novo"},"content":{"rendered":"
Entender que a separa\u00e7\u00e3o entre sagrado e secular \u00e9 artificial, liberta e conforta<\/span><\/p>\n Nos pr\u00f3ximos meses, vou dedicar esta coluna para explicar como exercitar as disciplinas espirituais. Mas, antes de algu\u00e9m refletir e vivenciar o\u00a0texto<\/em>\u00a0no\u00a0contexto<\/em>, em sua plenitude, \u00e9 preciso desfazer a separa\u00e7\u00e3o artificial entre o que \u00e9 sacro e secular.<\/p>\n Em termos gerais, o que chamamos hoje de secularismo nada mais \u00e9 do que a exig\u00eancia justa do ser humano de exercer seu direito de escolha dado por Deus, de inclusive n\u00e3o crer nEle. Nesse sentido, o secularismo foi, \u00e9, e ser\u00e1 um grito genu\u00edno de liberta\u00e7\u00e3o.<\/p>\n Em sua ess\u00eancia, o secularismo exige a separa\u00e7\u00e3o da religi\u00e3o e estado; f\u00e9 e governo. O movimento secular apareceu no cen\u00e1rio mundial ocidental como uma rea\u00e7\u00e3o ao uso da religi\u00e3o para fins de opress\u00e3o. Uma rea\u00e7\u00e3o contra a opress\u00e3o daqueles que ousam cometer os \u201cpecados\u201d de pensar, duvidar e questionar. De fato, o secularismo n\u00e3o \u00e9, necessariamente, a rejei\u00e7\u00e3o a Deus, mas sim a homens e a institui\u00e7\u00f5es religiosas que n\u00e3o O representam dignamente.<\/p>\n O problema com a dicotomia entre sacro e secular \u00e9 o risco de categorizar e compartimentalizar o mundo que nos cerca. Ao assumir essa vis\u00e3o, espa\u00e7os, coisas, a\u00e7\u00f5es ou ideias passam a ser avaliados, assimilados ou rejeitados de acordo com essa falsa polariza\u00e7\u00e3o. <\/p>\n O resultado \u00e9 uma esquizofrenia crist\u00e3 que nos for\u00e7a a viver diferentes pap\u00e9is em diferentes contextos. O cristianismo contempor\u00e2neo por vezes abra\u00e7a com for\u00e7a essa ideia, sem perceber que tal separa\u00e7\u00e3o \u00e9 perigosa e artificial. Perigosa porque exclui Deus de tudo o que \u00e9 secular ou comum. Artificial porque n\u00e3o \u00e9 natural, mas fabricado, por isso, posti\u00e7o, fingido e dissimulado.<\/p>\n Ao defender essa postura, o cristianismo se torna o maior aliado do projeto secular de eliminar o Onipresente da esfera comum da exist\u00eancia humana, segregando Deus ao que \u00e9 sacro. Dessa maneira, Deus fica preso ao\u00a0texto<\/em>\u00a0e exclu\u00eddo do\u00a0contexto<\/em>.<\/p>\n Por\u00e9m, aqueles que buscam viver o\u00a0texto<\/em>\u00a0em sua ess\u00eancia e pureza reconhecer\u00e3o que essa divis\u00e3o artificial somente pode ser vencida por uma vis\u00e3o de mundo unificadora, que enxerga e se submete \u00e0 soberania de Deus em todas as esferas da exist\u00eancia humana.<\/p>\n Crer nessa separa\u00e7\u00e3o parece ser apenas o outro lado da moeda do secularismo que, em sua forma mais radical, tenta futilmente apagar os vest\u00edgios da assinatura de Deus em Sua obra criadora. O indiv\u00edduo espiritual no mundo contempor\u00e2neo n\u00e3o pode aceitar a polariza\u00e7\u00e3o sacro\u00a0versus<\/em>\u00a0secular, simplesmente porque s\u00e3o inexistentes os espa\u00e7os ou coisas sobre os quais Deus n\u00e3o t\u00eam autoridade ou n\u00e3o Se faz presente.<\/p>\n Uma vis\u00e3o de mundo deturpada aprisiona Deus naquilo que consideramos religioso e sufoca o florescer de uma espiritualidade viva e vibrante, pronta para abra\u00e7ar o encantamento divino que santifica tudo que Lhe conv\u00e9m. Aceitar essa dicotomia opressora \u00e9 tentar inutilmente limitar o ilimitado; conter o que \u00e9 livre; definir o que \u00e9 indefin\u00edvel; dominar o que \u00e9 soberano; decretar o imposs\u00edvel.<\/p>\n O ser humano espiritual tamb\u00e9m \u00e9 secular no sentido de n\u00e3o querer ser restringido do seu direito de viver com empolga\u00e7\u00e3o a gra\u00e7a de Deus. Ningu\u00e9m me tirar\u00e1 o direito, a alegria e o prazer de viver a reconcilia\u00e7\u00e3o com Deus e experimentar a \u201cpaz de Deus, que excede todo o entendimento…\u201d (Fp 4:7<\/a>).<\/p>\n Talvez, precisemos caminhar ao lado dos escritores b\u00edblicos e viver com eles as coisas que chamamos de comum ou secular. Quem sabe assim compreendamos como \u00e9 viver o contexto comum, como um ser humano comum, mas com uma vis\u00e3o extraordinariamente libertadora e confortadora de que Deus reina soberano sobre a unidade universal. Seu reino nunca ser\u00e1 limitado por discurso humano ou vontade que decreta onde Ele pode, deve e vai existir, agir ou governar.<\/p>\n Caminhar com os disc\u00edpulos retratados na B\u00edblia talvez nos salve de uma exist\u00eancia quase crist\u00e3 ou quase espiritual. E nos ensine a ver a sacralidade do que \u00e9 comum ou secular. Quem escreveu \u201cquer voc\u00eas comam, bebam ou fa\u00e7am qualquer outra coisa, fa\u00e7am tudo para a gl\u00f3ria de Deus\u201d (1Co 10:31<\/a>), aprendeu com Aquele que viveu o comum de maneira sagrada. Aquele que podia ser encontrado em festas comuns, comendo com pessoas comuns, sofrendo e sorrindo sagradamente no contexto secular humano.<\/p>\n Nele, o\u00a0texto<\/em>\u00a0se reflete perfeitamente, soberano e majestoso. N\u00e3o na categoria sacra, mas no tudo que est\u00e1 fazendo novo (Ap 21:5<\/a>). Inclusive eu!<\/p>\n<\/a><\/span><\/p>\n