{"id":1866,"date":"2014-07-12T12:53:26","date_gmt":"2014-07-12T15:53:26","guid":{"rendered":"http:\/\/rabis.co\/migramissaopos\/?p=1866"},"modified":"2018-02-17T23:53:04","modified_gmt":"2018-02-18T01:53:04","slug":"jesus-ressuscitou","status":"publish","type":"post","link":"https:\/\/missaoposmoderna.biblecast.com.br\/2014\/07\/jesus-ressuscitou\/","title":{"rendered":"Jesus ressuscitou?"},"content":{"rendered":"
Falei recentemente numa grande universidade canadense sobre a exist\u00eancia de Deus. Depois de minha palestra, uma estudante levemente irada escreveu no seu cart\u00e3o de coment\u00e1rios: \u201cEstava do seu lado at\u00e9 voc\u00ea chegar naquele assunto sobre Jesus. Deus n\u00e3o \u00e9 o Deus crist\u00e3o!\u201d.<\/p>\n Hoje, essa atitude \u00e9 t\u00edpica demais. A maioria das pessoas se alegra em concordar que Deus existe, mas em nossa sociedade pluralista tem-se tornado politicamente incorreto sustentar que Deus revelou a si mesmo de modo decisivo em Jesus. Que justificativas os crist\u00e3os podem apresentar, em contraste com hindus, judeus e mu\u00e7ulmanos, para entenderem que o Deus crist\u00e3o \u00e9 real? A resposta do Novo Testamento \u00e9: a ressurrei\u00e7\u00e3o de Jesus. \u201c[Deus] determinou um dia em que julgar\u00e1 o mundo com justi\u00e7a, por meio do homem que estabeleceu com esse prop\u00f3sito. E ele garantiu isso a todos ao ressuscit\u00e1-lo dentre os mortos\u201d (At 17.31). A ressurrei\u00e7\u00e3o \u00e9 a prova que Deus apresenta para as reivindica\u00e7\u00f5es pessoais e radicais de Jesus acerca de sua autoridade divina.<\/p>\n Assim, como sabemos que Jesus est\u00e1 ressuscitado dos mortos? O escritor do conhecido c\u00e2ntico de P\u00e1scoa diz: \u201cTu me perguntas como sei que ele vive? Ele vive no meu cora\u00e7\u00e3o!\u201d. Essa resposta \u00e9 perfeitamente apropriada em n\u00edvel individual. Mas, quando os crist\u00e3os envolvem os incr\u00e9dulos em pra\u00e7a p\u00fablica \u2014 como nas \u201cCartas \u00e0 Reda\u00e7\u00e3o\u201d de um jornal local, ou em programas em que o ouvinte ou o telespectador faz perguntas ou emite opini\u00f5es ao vivo, em reuni\u00f5es de pais e mestres ou numa mera conversa com colegas de trabalho \u2014, ent\u00e3o, \u00e9 crucial nossa capacidade de apresentar evid\u00eancias objetivas que sustentem nossas cren\u00e7as. Caso contr\u00e1rio, nossas reivindica\u00e7\u00f5es n\u00e3o s\u00e3o mais substanciais do que as afirma\u00e7\u00f5es de algu\u00e9m que alegue ter uma experi\u00eancia particular com Deus.<\/p>\n <\/p>\n Felizmente, o cristianismo \u00e9 religi\u00e3o enraizada na hist\u00f3ria, cujas reivindica\u00e7\u00f5es podem ser, em consider\u00e1vel medida, investigadas historicamente. Vamos supor que nos aproximamos dos escritos do Novo Testamento n\u00e3o como Escritura inspirada, mas como mera cole\u00e7\u00e3o de documentos em grego que chegaram a n\u00f3s do s\u00e9culo I, sem nenhuma suposi\u00e7\u00e3o quanto \u00e0 sua fidedignidade, exceto a maneira como consideramos normalmente outras fontes da hist\u00f3ria antiga. Talvez nos surpreendamos ao saber que a maioria dos cr\u00edticos de Novo Testamento que investigam os evangelhos dessa maneira aceita os fatos centrais que sustentam a ressurrei\u00e7\u00e3o de Jesus. Quero destacar que n\u00e3o estou falando apenas de estudiosos evang\u00e9licos ou conservadores, mas da ampla gama de cr\u00edticos do Novo Testamento que ensina em universidades seculares e semin\u00e1rios n\u00e3o evang\u00e9licos. Por espantoso que pare\u00e7a, a maior parte deles passou a considerar como hist\u00f3ricos os fatos fundamentais que apoiam a ressurrei\u00e7\u00e3o de Jesus. Esses fatos s\u00e3o os seguintes:<\/p>\n Fato\u00a0n\u00famero\u00a01<\/strong>:\u00a0Depois da crucifica\u00e7\u00e3o, Jesus foi sepultado num t\u00famulo por Jos\u00e9 de Arimateia<\/i>.<\/strong> Esse fato \u00e9 muito importante, pois significa, contrariando cr\u00edticos radicais como John Dominic Crossan do\u00a0Jesus Seminar<\/i>\u00a0[Semin\u00e1rio Jesus], que o local onde estava o t\u00famulo de Jesus era igualmente conhecido de judeus e de crist\u00e3os. Nesse caso, os disc\u00edpulos jamais poderiam ter anunciado a sua ressurrei\u00e7\u00e3o em Jerusal\u00e9m se o t\u00famulo n\u00e3o estivesse vazio. Pesquisadores de Novo Testamento constataram o primeiro fato com base em evid\u00eancias como as seguintes:<\/p>\n 1.\u00a0O sepultamento de Jesus est\u00e1 atestado na antiqu\u00edssima tradi\u00e7\u00e3o citada por Paulo em 1Cor\u00edntios 15.3-5:<\/p>\n Porque primeiro vos entreguei o que tamb\u00e9m recebi:<\/p>\n Cristo morreu pelos nossos pecados, segundo as Escrituras;<\/p>\n e foi sepultado;<\/p>\n e ressuscitou ao terceiro dia, segundo as Escrituras;<\/p>\n e apareceu a Cefas, e depois aos Doze.<\/p>\n<\/blockquote>\n Paulo n\u00e3o usa apenas os t\u00edpicos termos rab\u00ednicos \u201crecebi\u201d e \u201centreguei\u201d, com rela\u00e7\u00e3o \u00e0 informa\u00e7\u00e3o que ele est\u00e1 passando aos cor\u00edntios, mas os vers\u00edculos 3-5 s\u00e3o uma f\u00f3rmula de quatro linhas carregada de caracter\u00edsticas n\u00e3o paulinas. Isso tem convencido todos os especialistas de que Paulo est\u00e1, conforme ele diz, citando uma antiga tradi\u00e7\u00e3o recebida por ele ap\u00f3s tornar-se crist\u00e3o. Essa tradi\u00e7\u00e3o remonta provavelmente \u00e0 sua visita investigadora a Jerusal\u00e9m por volta de 36 d.C., quando passou duas semanas com Cefas e Tiago (Gl 1.18). Datada, portanto, dentro do limite de cinco anos ap\u00f3s a morte de Jesus. O curt\u00edssimo intervalo de tempo e esse contato pessoal tornam, nesse caso, in\u00fatil discutir a possibilidade de lenda.<\/p>\n 2.\u00a0O relato do sepultamento faz parte de material muito antigo usado por Marcos ao escrever seu evangelho. Os evangelhos tendem a consistir de breves instant\u00e2neos da vida de Jesus vagamente ligados e nem sempre organizados cronologicamente. Mas, quando chegamos ao relato da paix\u00e3o, temos uma narrativa \u00fanica, regular e continuamente fluente. Isso sugere que a hist\u00f3ria da paix\u00e3o foi uma das fontes de informa\u00e7\u00e3o usadas por Marcos ao escrever seu evangelho. Por\u00e9m, a maioria dos eruditos entende que Marcos j\u00e1 \u00e9 o evangelho mais antigo, e a sua fonte sobre a paix\u00e3o de Jesus \u00e9, evidentemente, ainda mais antiga. A compara\u00e7\u00e3o das narrativas dos quatro evangelhos mostra que seus relatos n\u00e3o divergem entre si at\u00e9\u00a0ap\u00f3s<\/i>\u00a0o sepultamento. Isso significa que o relato do sepultamento era parte da narrativa da paix\u00e3o. Mais uma vez, a sua antiguidade milita contra a possibilidade de ser lend\u00e1rio.<\/p>\n 3.\u00a0Como membro do tribunal judaico que condenou Jesus, \u00e9 improv\u00e1vel que Jos\u00e9 de Arimateia fosse inven\u00e7\u00e3o crist\u00e3. Havia um forte ressentimento contra a lideran\u00e7a judaica em raz\u00e3o do seu papel na condena\u00e7\u00e3o de Jesus (1Ts 2.15). \u00c9, portanto, altamente improv\u00e1vel que os crist\u00e3os inventassem um membro do tribunal que condenou Jesus e que o honrou ao lhe dar um sepultamento adequado, em vez de deix\u00e1-lo ser despachado como criminoso comum.<\/p>\n 4.\u00a0N\u00e3o existe nenhum outro relato concorrente sobre o sepultamento. Se o sepultamento proporcionado por Jos\u00e9 fosse fict\u00edcio, seria de esperar que ach\u00e1ssemos algum vest\u00edgio hist\u00f3rico do que realmente aconteceu ao seu cad\u00e1ver, ou se encontr\u00e1ssemos pelo menos alguma lenda rival. Mas todas as nossas fontes s\u00e3o un\u00e2nimes acerca do honroso funeral conduzido por Jos\u00e9.<\/p>\n<\/div>\n Por essas e outras raz\u00f5es, a maioria dos cr\u00edticos de Novo Testamento concorda que Jesus foi sepultado num t\u00famulo por Jos\u00e9 de Arimateia. De acordo com o falecido John A. T. Robinson, da Universidade de Cambridge, o sepultamento de Jesus em um t\u00famulo \u00e9 \u201cum dos fatos mais antigos e mais bem atestados sobre Jesus\u201d.1<\/a><\/span><\/p>\n Fato\u00a0n\u00fame<\/strong>ro\u00a02:\u00a0No domingo seguinte \u00e0 crucifica\u00e7\u00e3o, o t\u00famulo de Jesus foi encontrado vazio por um grupo de suas seguidoras<\/i>. <\/strong>Entre as raz\u00f5es que levaram muitos estudiosos a essa conclus\u00e3o, est\u00e3o as seguintes:<\/p>\n 1.\u00a0O relato do t\u00famulo vazio tamb\u00e9m faz parte da antiga fonte sobre a paix\u00e3o usada por Marcos. A fonte sobre a paix\u00e3o n\u00e3o termina em morte e derrota, mas com o relato do t\u00famulo vazio, formando uma \u00fanica pe\u00e7a gramatical com o relato do sepultamento.<\/p>\n 2.\u00a0A tradi\u00e7\u00e3o antiga citada por Paulo em 1Cor\u00edntios 15.3-5 implica o fato do t\u00famulo vazio. Para qualquer judeu do primeiro s\u00e9culo, dizer que um homem morto \u201cestava sepultado e agora ressurgiu\u201d implicava que se tinha deixado para tr\u00e1s uma sepultura vazia. Al\u00e9m disso, a express\u00e3o \u201cao terceiro dia\u201d deriva provavelmente da visita das mulheres ao t\u00famulo no terceiro dia, na contagem judaica, ap\u00f3s a crucifica\u00e7\u00e3o. A tradi\u00e7\u00e3o tetr\u00e1stica citada por Paulo sintetiza tanto os relatos dos evangelhos como a prega\u00e7\u00e3o apost\u00f3lica primitiva (At 13.28-31); significativamente, a terceira linha da tradi\u00e7\u00e3o corresponde ao relato do t\u00famulo vazio.<\/p>\n 3.\u00a0O relato \u00e9 simples e faltam-lhe sinais de embelezamento lend\u00e1rio. Tudo que se precisa fazer para avaliar esse ponto \u00e9 comparar a narrativa de Marcos com os extravagantes relatos lend\u00e1rios encontrados nos evangelhos ap\u00f3crifos do s\u00e9culo II, nos quais se v\u00ea Jesus sair do t\u00famulo com a cabe\u00e7a tocando as nuvens e seguido de uma cruz falante!<\/p>\n 4.\u00a0O fato de o testemunho de mulheres n\u00e3o ser levado em considera\u00e7\u00e3o na Palestina do primeiro s\u00e9culo \u00e9 favor\u00e1vel ao seu papel de descobrir o t\u00famulo vazio. De acordo com Josefo, o testemunho de mulheres era considerado t\u00e3o \u00edndigno que n\u00e3o podia ser nem mesmo admitido num tribunal judaico. Qualquer relato lend\u00e1rio primitivo certamente teria feito com que os disc\u00edpulos do sexo masculino descobrissem o t\u00famulo vazio.<\/p>\n 5.\u00a0A antiqu\u00edssima alega\u00e7\u00e3o judaica de que os disc\u00edpulos tinham roubado o corpo de Jesus (Mt 28.15) mostra que faltava realmente o corpo na sepultura. A rea\u00e7\u00e3o mais antiga dos judeus \u00e0 proclama\u00e7\u00e3o dos disc\u00edpulos de que \u201cEle ressurgiu dos mortos!\u201d n\u00e3o foi apontar para o t\u00famulo ocupado e zombar deles como fan\u00e1ticos, mas alegar que eles tinham levado embora o corpo de Jesus. Assim, temos evid\u00eancias do t\u00famulo vazio a partir dos pr\u00f3prios oponentes dos crist\u00e3os primitivos.<\/p>\n<\/div>\n Poder\u00edamos seguir adiante, mas penso que j\u00e1 se disse o bastante para indicar por que, nas palavras do austr\u00edaco Jacob Kremer, especialista na ressurrei\u00e7\u00e3o, \u201ca grande maioria dos exegetas acredita com firmeza na fidedignidade das declara\u00e7\u00f5es b\u00edblicas acerca do t\u00famulo vazio\u201d.2<\/a><\/span><\/p>\n Fato\u00a0n\u00fam<\/strong>ero 3:\u00a0Em m\u00faltiplas ocasi\u00f5es e em v\u00e1rias circunst\u00e2ncias, diferentes indiv\u00edduos e grupos de pessoas vivenciaram apari\u00e7\u00f5es de Jesus ressurreto dos mortos<\/i>.<\/strong><\/p>\n Esse \u00e9 fato quase universalmente reconhecido entre os estudiosos do Novo Testamento, pelas seguintes raz\u00f5es:<\/p>\n 1.\u00a0A lista de testemunhas oculares das apari\u00e7\u00f5es de Jesus ressurreto que \u00e9 citada por Paulo em 1Cor\u00edntios 15.5-7 garante que tais aparecimentos ocorreram, incluindo aparecimentos a Pedro (Cefas), aos Doze, aos 500 irm\u00e3os e a Tiago.<\/p>\n 2.\u00a0As tradi\u00e7\u00f5es de apari\u00e7\u00f5es nos evangelhos fornecem atesta\u00e7\u00f5es m\u00faltiplas e independentes dessas apari\u00e7\u00f5es. Essa \u00e9 uma das marcas mais importantes da historicidade. A apari\u00e7\u00e3o a Pedro \u00e9 atestada independentemente por Lucas e a apari\u00e7\u00e3o aos Doze, por Lucas e Jo\u00e3o. Temos tamb\u00e9m testemunhos independentes de aparecimentos na Galileia em Marcos, Mateus e Jo\u00e3o, bem como \u00e0s mulheres em Mateus e Jo\u00e3o.<\/p>\n 3.\u00a0Certas apari\u00e7\u00f5es t\u00eam marcas pr\u00f3prias de historicidade. Por exemplo, temos boas evid\u00eancias a partir dos evangelhos de que nem Tiago nem nenhum dos irm\u00e3os mais novos de Jesus acreditavam nele enquanto viveu. N\u00e3o h\u00e1 raz\u00e3o para imaginar que a igreja primitiva produziria relatos fict\u00edcios acerca da incredulidade dos familiares de Jesus se eles tivessem sido sempre seguidores fi\u00e9is. Mas \u00e9 indiscut\u00edvel que Tiago e seus irm\u00e3os se tornaram de fato crist\u00e3os ativos ap\u00f3s a morte de Jesus. Tiago era considerado ap\u00f3stolo e ascendeu \u00e0 posi\u00e7\u00e3o de lideran\u00e7a da igreja de Jerusal\u00e9m. De acordo com o historiador judeu Josefo, do s\u00e9culo I, Tiago foi martirizado por sua f\u00e9 em Cristo no final da d\u00e9cada de 60 d.C. Ora, a maioria de n\u00f3s tem irm\u00e3os. O que seria necess\u00e1rio para convenc\u00ea-lo de que seu irm\u00e3o \u00e9 o Senhor, a tal ponto que voc\u00ea estaria pronto para morrer por essa f\u00e9? Seria poss\u00edvel haver alguma d\u00favida de que essa not\u00e1vel transforma\u00e7\u00e3o no irm\u00e3o mais novo de Jesus tenha ocorrido porque, nas palavras de Paulo, \u201cdepois [ele] apareceu a Tiago\u201d?<\/p>\n<\/div>\n O pr\u00f3prio Gerd L\u00fcdemann, o principal cr\u00edtico alem\u00e3o da ressurrei\u00e7\u00e3o, admite: \u201cPode-se considerar como historicamente certo que Pedro e os disc\u00edpulos passaram por situa\u00e7\u00f5es, depois da morte de Jesus, nas quais Jesus lhes apareceu como o Cristo ressurreto\u201d.3<\/a><\/span><\/p>\n Fato\u00a0n\u00fam<\/strong>ero\u00a04:\u00a0Os disc\u00edpulos originais acreditavam que Jesus ressuscitara dos mortos, apesar de terem toda predisposi\u00e7\u00e3o para n\u00e3o crer<\/i>. <\/strong>Pensem na situa\u00e7\u00e3o que os disc\u00edpulos enfrentaram depois da crucifica\u00e7\u00e3o de Jesus:<\/p>\n 1.\u00a0O l\u00edder deles estava morto. E os judeus n\u00e3o tinham nenhuma cren\u00e7a acerca de um Messias morto, muito menos ressurreto. Esperava-se que o Messias expulsasse os inimigos de Israel (isto \u00e9, Roma) e reinstaurasse o reino dav\u00eddico \u2014 e n\u00e3o que sofresse a morte vergonhosa de um criminoso.<\/p>\n 2.\u00a0De acordo com a lei judaica, a execu\u00e7\u00e3o de Jesus como criminoso demonstrava que ele era herege, um homem literalmente debaixo da maldi\u00e7\u00e3o de Deus (Dt 21.23). Para os disc\u00edpulos, a cat\u00e1strofe da crucifica\u00e7\u00e3o n\u00e3o era simplesmente que seu Mestre se fora, mas que a crucifica\u00e7\u00e3o mostrou de fato que os fariseus estavam certos o tempo todo, que durante tr\u00eas anos eles tinham seguido um herege, um homem amaldi\u00e7oado por Deus!<\/p>\n 3.\u00a0As cren\u00e7as judaicas a respeito da vida ap\u00f3s a morte exclu\u00edam a possibilidade de algu\u00e9m ressuscitar dos mortos para a gl\u00f3ria e a imortalidade antes da ressurrei\u00e7\u00e3o geral no fim do mundo. Tudo o que os disc\u00edpulos poderiam fazer seria preservar o t\u00famulo do seu Mestre como um santu\u00e1rio onde seus ossos poderiam descansar at\u00e9 o dia em que todos os justos de Israel que estivessem mortos fossem ressuscitados por Deus para a gl\u00f3ria.<\/p>\n<\/div>\n A despeito de tudo isso, os disc\u00edpulos originais creram e estavam dispostos a enfrentar a morte pelo fato da ressurrei\u00e7\u00e3o de Jesus. Luke T. Johnson, especialista em Novo Testamento da Universidade Emory, pondera: \u201c\u00e9 indispens\u00e1vel algum tipo de experi\u00eancia poderosa e transformadora para produzir a esp\u00e9cie de movimento que foi o cristianismo primitivo […]\u201d.4<\/a><\/span>\u00a0N. T. Wright, destacado erudito brit\u00e2nico, conclui: \u201cComo historiador, n\u00e3o consigo explicar a ascens\u00e3o do cristianismo primitivo a menos que Jesus tenha ressurgido, deixando atr\u00e1s de si um t\u00famulo vazio\u201d.\u00a05<\/a><\/span><\/p>\n Em s\u00edntese, h\u00e1 quatro fatos acerca dos quais concorda a maioria dos acad\u00eamicos que escrevem sobre essas quest\u00f5es e que qualquer hip\u00f3tese hist\u00f3rica adequada tem de levar em considera\u00e7\u00e3o: o sepultamento de Jesus por Jos\u00e9 de Arimateia, a descoberta do t\u00famulo vazio, suas apari\u00e7\u00f5es depois da morte e a origem da cren\u00e7a dos disc\u00edpulos na sua ressurrei\u00e7\u00e3o.<\/p>\n Agora, a pergunta \u00e9: qual \u00e9 a melhor explica\u00e7\u00e3o para esses quatro fatos? A maioria dos estudiosos permanece agn\u00f3stica acerca dessa pergunta. Mas o crist\u00e3o pode sustentar que a hip\u00f3tese que melhor explica esses fatos \u00e9: \u201cDeus ressuscitou Jesus dos mortos\u201d.<\/p>\n Em seu livro\u00a0Justifying Historical Descriptions<\/i>\u00a0[Justificando descri\u00e7\u00f5es hist\u00f3ricas], o historiador C. B. McCullagh relaciona seis testes que os historiadores usam para determinar qual seja a melhor explica\u00e7\u00e3o para determinados fatos hist\u00f3ricos.6\u00a0<\/a><\/span>A hip\u00f3tese \u201cDeus ressuscitou Jesus dos mortos\u201d passa em todos esses testes:<\/p>\n 1.\u00a0Ela tem grande\u00a0escopo explanat\u00f3rio<\/i>:<\/strong> explica por que o t\u00famulo foi encontrado vazio, por que os disc\u00edpulos viram apari\u00e7\u00f5es de Jesus ap\u00f3s a morte e por que a f\u00e9 crist\u00e3 passou a existir.<\/p>\n 2.\u00a0Ela tem grande\u00a0poder explanat\u00f3rio<\/i>:<\/strong> explica por que o corpo de Jesus se fora, por que as pessoas viram Jesus vivo v\u00e1rias vezes apesar da sua execu\u00e7\u00e3o p\u00fablica recente, e assim por diante.<\/p>\n 3.\u00a0Ela \u00e9\u00a0plaus\u00edvel<\/i>:<\/strong> em raz\u00e3o do contexto hist\u00f3rico da pr\u00f3pria vida e reivindica\u00e7\u00f5es sem paralelo de Jesus, a ressurrei\u00e7\u00e3o serve de confirma\u00e7\u00e3o divina para essas reivindica\u00e7\u00f5es radicais.<\/p>\n 4.\u00a0Ela n\u00e3o \u00e9\u00a0ad hoc\u00a0<\/i>nem\u00a0inventada:<\/strong> requer somente uma hip\u00f3tese a mais: que Deus existe. N\u00e3o \u00e9 necess\u00e1ria nem mesmo essa hip\u00f3tese adicional, caso j\u00e1 se acredite que Deus existe.<\/p>\n 5.\u00a0Ela est\u00e1\u00a0de acordo com as cren\u00e7as estabelecidas<\/i>.<\/strong> A hip\u00f3tese \u201cDeus ressuscitou Jesus dos mortos\u201d n\u00e3o est\u00e1 de modo algum em conflito com a cren\u00e7a estabelecida de que as pessoas n\u00e3o ressuscitam\u00a0naturalmente<\/i>\u00a0dos mortos. O crist\u00e3o aceita\u00a0essa\u00a0cren\u00e7a t\u00e3o sinceramente quanto aceita a hip\u00f3tese de que Deus ressuscitou Jesus dos mortos.<\/i><\/p>\n 6.\u00a0Ela\u00a0supera em muito qualquer de suas hip\u00f3teses rivais no cumprimento das condi\u00e7\u00f5es 1\u20135<\/i>.<\/strong> Ao longo da hist\u00f3ria, foram apresentadas v\u00e1rias explica\u00e7\u00f5es alternativas para os fatos. Por exemplo, a hip\u00f3tese da conspira\u00e7\u00e3o, a hip\u00f3tese da morte aparente, a hip\u00f3tese da alucina\u00e7\u00e3o, e assim por diante. Essas hip\u00f3teses t\u00eam sido rejeitadas quase universalmente pelos estudos contempor\u00e2neos. Nenhuma dessas hip\u00f3teses naturalistas conseguiu atender \u00e0s condi\u00e7\u00f5es t\u00e3o bem como a hip\u00f3tese da ressurrei\u00e7\u00e3o.<\/p>\n Ora, isso coloca o cr\u00edtico c\u00e9tico em situa\u00e7\u00e3o um tanto desesperada. Algum tempo atr\u00e1s, tive um debate sobre a ressurrei\u00e7\u00e3o com um professor na Universidade da Calif\u00f3rnia, em Irvine. Ela havia escrito a sua disserta\u00e7\u00e3o doutoral sobre a ressurrei\u00e7\u00e3o de Jesus e estava totalmente familiarizado com as evid\u00eancias. O debatedor n\u00e3o podia negar o fato do honroso sepultamento de Jesus, seu t\u00famulo vazio, suas apari\u00e7\u00f5es\u00a0post-mortem<\/i>, e a origem da cren\u00e7a dos disc\u00edpulos na sua ressurrei\u00e7\u00e3o. Portanto, seu \u00fanico recurso era apresentar alguma explica\u00e7\u00e3o alternativa para esses fatos. E, assim, ele alegou queJesus tinha um irm\u00e3o g\u00eameo id\u00eantico e desconhecido<\/i>, separado dele ao nascer, que retornou a Jerusal\u00e9m no momento exato da crucifica\u00e7\u00e3o, roubou o corpo de Jesus da sepultura, e se apresentou aos seus disc\u00edpulos que, erroneamente, deduziram que Jesus ressuscitara dos mortos! Bem, n\u00e3o me incomodaria em estender a respeito de como refutei essa teoria, mas acho o exemplo ilustrativo da profundidade a que o ceticismo desesperado precisa descer para negar a historicidade da ressurrei\u00e7\u00e3o de Jesus. De fato, as evid\u00eancias s\u00e3o t\u00e3o fortes que um dos principais te\u00f3logos\u00a0judeus<\/i>\u00a0de hoje, o falecido Pinchas Lapide, que ensinou na Universidade Hebraica em Israel, declarou-se convencido, com base nas evid\u00eancias, de que o Deus de Israel ressuscitou Jesus de Nazar\u00e9 dos mortos!7<\/a><\/span><\/p>\n A import\u00e2ncia da ressurrei\u00e7\u00e3o de Jesus reside no fato de que n\u00e3o foi um Z\u00e9 Ningu\u00e9m qualquer que foi ressuscitado dos mortos, mas Jesus de Nazar\u00e9, cuja crucifica\u00e7\u00e3o foi instigada pelos l\u00edderes judeus por causa da sua reivindica\u00e7\u00e3o blasfema de autoridade divina. Se tal homem foi ressuscitado dos mortos, o Deus a quem ele supostamente blasfemava confirmou as suas reivindica\u00e7\u00f5es. Portanto, nessa era de relativismo e pluralismo religiosos, a ressurrei\u00e7\u00e3o de Jesus constitui-se a rocha s\u00f3lida sobre a qual os crist\u00e3os podem tomar posi\u00e7\u00e3o a favor da autorrevela\u00e7\u00e3o decisiva de Deus em Jesus.<\/p>\n <\/p>\n 1\u00a0<\/a>John A. T. Robinson,\u00a0The Human Face of God\u00a0<\/i>(Filad\u00e9lfia: Westminster, 1973), p. 131.<\/p>\n 2<\/a>\u00a0Jacob Kremer,\u00a0Die Osterevangelien\u2014Geschichten um Geschichte\u00a0<\/i>(Stuttgart: Katholisches Bibelwerk, 1977), pp. 49-50.<\/p>\n 3<\/a>\u00a0Gerd L\u00fcdemann,\u00a0What Really Happened to Jesus?<\/i>, trad. John Bowden (Louisville, Kent.: Westminster John Knox Press, 1995), p. 80.<\/p>\n 4<\/a>\u00a0Luke Timothy Johnson,\u00a0The Real Jesus<\/i>\u00a0(S\u00e3o Francisco: Harper San Francisco, 1996), p. 136.<\/p>\n 5<\/a>\u00a0N. T. Wright, \u201cThe New Unimproved Jesus\u201d,\u00a0Christianity Today<\/i>\u00a0(13 de setembro de 1993), p. 26.<\/p>\n 6<\/a>\u00a0C. Behan McCullagh,\u00a0Justifying Historical Descriptions<\/i>\u00a0(Cambridge: Cambridge University Press, 1984), p. 19.<\/p>\n 7<\/a>\u00a0Pinchas Lapide,\u00a0The Resurrection of Jesus<\/i>, trad. Wilhelm C. Linss (Londres: SPCK, 1983).<\/p>\n <\/p>\n William Lane Craig \u00e9 doutor em filosofia pela Universidade de Birmingham, na Inglaterra, e em teologia pela Universidade de Munique, na Alemanha. Atualmente \u00e9 professor de filosofia na Universidade Biola, na Calif\u00f3rnia.\u00a0\u00c9 conferencista internacional e autor de dezenas de artigos e livros no campo da filosofia e da apolog\u00e9tica.\u00a0Retirado do site<\/a> oficial de Craig em portugu\u00eas. Para saber mais sobre o tema deste artigo, veja William Lane Craig, <\/i>Apolog\u00e9tica contempor\u00e2nea: a veracidade da f\u00e9 crist\u00e3 (S\u00e3o Paulo: Vida Nova, 2012), p. 319-386.\u00a0<\/i><\/p>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":" Falei recentemente numa grande universidade canadense sobre a exist\u00eancia de Deus. Depois de minha palestra, uma estudante levemente irada escreveu no seu cart\u00e3o de coment\u00e1rios: \u201cEstava do seu lado at\u00e9 voc\u00ea chegar naquele assunto sobre Jesus. Deus n\u00e3o \u00e9 o Deus crist\u00e3o!\u201d. Hoje, essa atitude \u00e9 t\u00edpica demais. A maioria …<\/p>\n","protected":false},"author":4,"featured_media":0,"comment_status":"closed","ping_status":"open","sticky":false,"template":"","format":"standard","meta":[],"categories":[2,7],"tags":[9,32],"yoast_head":"\n<\/a><\/p>\n
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<\/a>\u00a0Notas<\/p>\n