{"id":1704,"date":"2014-05-22T00:23:38","date_gmt":"2014-05-22T03:23:38","guid":{"rendered":"http:\/\/rabis.co\/migramissaopos\/?p=1704"},"modified":"2018-02-17T23:53:06","modified_gmt":"2018-02-18T01:53:06","slug":"a-arqueologia-e-a-biblia","status":"publish","type":"post","link":"https:\/\/missaoposmoderna.biblecast.com.br\/2014\/05\/a-arqueologia-e-a-biblia\/","title":{"rendered":"A arqueologia e a B\u00edblia"},"content":{"rendered":"
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Je\u00fa, rei de Jud\u00e1, paga tributo a Salmaneser (840 a.C.)<\/figcaption><\/figure>\n

H\u00e1 v\u00e1rios anos, a rede de TV americana Public Broadcasting Service (PBS) levou ao ar um programa especial sobre o G\u00eanesis. Embora o programa tenha recebido muitas cr\u00edticas favor\u00e1veis, uma pergunta que aparentemente ficou na mente de muitas pessoas foi pronunciada de maneira aberta no artigo da revista americana Newsweek<\/i>, de 20 de outubro de 1996, cujo t\u00edtulo era: \u201cMas tudo isso realmente aconteceu?\u201d A capa da edi\u00e7\u00e3o de 25 de outubro de 1999 do peri\u00f3dico U.S. News & World Report <\/i>trouxe uma pintura que representava Eva oferecendo uma ma\u00e7\u00e3 para Ad\u00e3o e, abaixo, a indaga\u00e7\u00e3o: \u201cA B\u00edblia \u00e9 verdadeira?\u201d Essas duas importantes revistas salientam uma pergunta que continua a atormentar as pessoas nos dias de hoje \u2013 a B\u00edblia \u00e9 verdadeira? […]<\/p>\n

Contribui\u00e7\u00f5es da arqueologia<\/strong><\/p>\n

[…] A arqueologia pode trazer diversas contribui\u00e7\u00f5es para a B\u00edblia. Por exemplo, ela pode ser um meio de avaliar reconstru\u00e7\u00f5es de textos b\u00edblicos feitas por cr\u00edticos hist\u00f3ricos. Isso quer dizer que a arqueologia pode desmascarar teorias ruins sobre a B\u00edblia ou, num enfoque mais positivo, pode prover um ponto de vista diferente \u201ccontra o qual testar […] uma interpreta\u00e7\u00e3o [hist\u00f3rico-cr\u00edtica] dos documentos\u201d (H. Darrell Lance, The Old Testament and the Archaeologist <\/i>[Philadelphia, PA: Fortress, 1981], p. 66). <\/p>\n

Em segundo lugar, a arqueologia pode pro\u00adver o cen\u00e1rio e o contexto \u2013 hist\u00f3rico, cultural, lingu\u00edstico e religioso \u2013 para a reda\u00e7\u00e3o de materiais b\u00edblicos e os eventos que esses materiais descrevem. Nesse sentido, ela pode, em algumas situa\u00e7\u00f5es, fornecer esclarecimentos. Al\u00e9m disso, ela pode, \u00e0s vezes, oferecer evid\u00eancias corroborativas da exist\u00eancia de povos, lugares e at\u00e9 de eventos espec\u00edficos mencionados nos escritos b\u00edblicos.<\/p>\n

As contribui\u00e7\u00f5es da arqueologia podem n\u00e3o ser essenciais para o crente, embora possam ser edificantes para uma f\u00e9 j\u00e1 estabelecida. Contudo, a arqueologia pode ajudar o descrente que se v\u00ea desafiado por afirma\u00e7\u00f5es de que eventos e pessoas da B\u00edblia s\u00e3o totalmente fict\u00edcios. Naturalmente, dados arqueol\u00f3gicos n\u00e3o podem, por si s\u00f3s, resultar em convers\u00f5es \u2013 somente o Esp\u00edrito Santo pode fazer isso \u2013, mas eles podem fornecer informa\u00e7\u00f5es que o Esp\u00edrito Santo poder\u00e1 usar para impressionar de maneira positiva um indiv\u00edduo que esteja em d\u00favida.<\/p>\n

Arqueologia, personagens e eventos b\u00edblicos<\/strong><\/p>\n

Pode ser interessante e \u00fatil ver exemplos de contribui\u00e7\u00f5es da arqueologia para a compreens\u00e3o da hist\u00f3ria b\u00edblica. Desde o come\u00e7o das explora\u00e7\u00f5es modernas do antigo Oriente Pr\u00f3ximo, a arqueologia tem verificado continuamente a exist\u00eancia de pessoas mencionadas na B\u00edblia, como tamb\u00e9m a ocorr\u00eancia de eventos b\u00edblicos. A primeira dessas descobertas a apresentar uma rela\u00e7\u00e3o direta com as Escrituras foi feita em 1843, por Paul Emile Botta (1802-1870), um oficial consular e antiqu\u00e1rio franc\u00eas. Ele estava escavando em Khorsabad, local tamb\u00e9m conhecido como Dur Sharrukin (castelo de Sargon), no Iraque, e encontrou alguns tabletes cuneiformes, como tamb\u00e9m baixos-relevos com inscri\u00e7\u00f5es. Ao trazer tudo isso para a Europa, um erudito chamado Longperrier conseguiu decifrar o nome Sar-gin <\/i>em uma das inscri\u00e7\u00f5es, identificando esse nome com Sargom, o rei da Ass\u00edria mencionado em Isa\u00edas 20:1. Provavelmente, esse foi o primeiro personagem b\u00edblico que teve a exist\u00eancia confirmada independentemente da B\u00edblia.<\/p>\n

Em 1846, um cl\u00e9rigo irland\u00eas chamado Edward Hincks conseguiu ler o nome do rei Nabucodonosor II e de seu pai em tijolos de barro que viajantes haviam trazido da Mesopot\u00e2mia. Isso confirmou a exist\u00eancia dessa pessoa mencionada no livro de Daniel, como tamb\u00e9m sua afirma\u00e7\u00e3o de ser o grande construtor de Babil\u00f4nia.<\/p>\n

Mais ou menos nessa mesma \u00e9poca, o arque\u00f3logo brit\u00e2nico Austen Henry Layard [… descobriu] o Obelisco Negro (1846). Nele, alguns eruditos puderam identificar os nomes de pessoas mencionadas na B\u00edblia: Salmaneser III, a mesma pessoa mencionada em 2 Reis 17:3, e Je\u00fa, filho da casa de Onri. Je\u00fa, naturalmente, foi o rei de Israel conhecido pela maneira agressiva de conduzir sua carruagem (2Rs 9:20). [A imagem desse obelisco aparece no in\u00edcio desta postagem.] Por volta de 1853, Layard, com a ajuda de especialistas em epigrafia, p\u00f4de afirmar que havia encontrado cerca de 55 governadores, cidades e pa\u00edses men\u00adcionados tanto no Antigo Testamento como nos recentemente desco\u00adbertos textos ass\u00edrios (P. R. S. Moorey, A Century of B\u00edblical Archaeology <\/i>[Louisville, KY:Westminster John Knox Press, 1991], p. 11).<\/p>\n

Embora muitos achados adicionais tenham ocorrido de 1850 a 1990, algumas das recentes descobertas t\u00eam sido igualmente animadoras. Entre essas est\u00e3o a prov\u00e1vel ossada de Caif\u00e1s, o sumo sacerdote que oficiou parte do julgamento de Jesus; a descoberta do nome dorei Davi em uma pedra em Tel Dan; o nome de Baruque, o escriba de Jeremias (como tamb\u00e9m sua impress\u00e3o digital); e o selo do rei Ezequias. […]<\/p>\n

Rebatendo cr\u00edticas contra a historicidade da B\u00edblia<\/strong><\/p>\n

A \u00e1rea final em que a arqueologia pode dar sua contribui\u00e7\u00e3o \u00e9 na refuta\u00e7\u00e3o dos desafios que os cr\u00edticos t\u00eam imposto contra a veracidade da hist\u00f3ria b\u00edblica. Por exemplo, durante a \u00faltima parte do s\u00e9culo 19, quando o m\u00e9todo hist\u00f3rico-cr\u00edtico veio a ser largamente aceito, um exemplo favorito apresentado para ilustrar uma pretensa imprecis\u00e3o da hist\u00f3ria b\u00edblica eram as refer\u00eancias existentes em Daniel a Belsazar como o \u00faltimo rei de Babil\u00f4nia. Alguns eruditos como Ferdinand Hitzig, em seus coment\u00e1rios sobre Daniel, foram t\u00e3o longe, a ponto de sugerir que Belsazar era pura inven\u00e7\u00e3o da parte do escritor do cap\u00ed\u00adtulo 5 de Daniel (F. Hitzig, Das Buch Daniel <\/i>[Leipzig: Weidmann, 1850], p. 75).<\/p>\n

Todavia, como se sabe hoje, em 1854, alguns cilindros de barro foram encontrados na antiga cidade de Ur. Sobre um desses cilindros, estava inscrita uma ora\u00e7\u00e3o em favor do rei Nabonido e de seu filho \u2013 Belsazar. Outros documentos foram descobertos depois, os quais indicam que o rei Nabonido preferiu morar em Teima, norte da Ar\u00e1bia, [e n\u00e3o] na capital, Babil\u00f4nia. Aparentemente, ele deixou o filho, Belsazar, encarregado como o segundo \u2013 uma esp\u00e9cie de corregente \u2013 do reino. Essa posi\u00e7\u00e3o designada para Belsazar explica por que ele ofereceu a Daniel a terceira maior posi\u00e7\u00e3o da na\u00e7\u00e3o, em vez da segunda, a qual ele, Belsazar, j\u00e1 ocupava. […]<\/p>\n

Outra obje\u00e7\u00e3o dos cr\u00edticos \u00e9 a aparente presen\u00e7a de anacronismos na B\u00edblia. Por anacronismo queremos dizer um evento ou fen\u00f4meno de um per\u00edodo mais recente da hist\u00f3ria sendo descrito como se fosse de um per\u00edodo mais antigo. Alguns exemplos apontados como anacronismo incluem as refer\u00eancias a camelos e tendas nas narrativas patriarcais (Gn 12:16). Argumentava-se que os camelos n\u00e3o foram domesticados at\u00e9 cerca de metade do primeiro mil\u00eanio a.C., bem depois do suposto per\u00edodo patriarcal, no segundo mil\u00eanio. Semelhantemente, argumentava-se que morar em tendas (como na hist\u00f3ria de Abra\u00e3o e sua fam\u00edlia) era mais comum no primeiro mil\u00eanio do que no segundo. As refer\u00eancias \u00e0s tendas e camelos eram, por\u00adtanto, anacr\u00f4nicas, e lan\u00e7avam d\u00favidas sobre a confiabilidade hist\u00f3rica das narrativas de G\u00eanesis.<\/p>\n

Minha pesquisa sobre camelos domesticados demonstra que os cr\u00edticos est\u00e3o equivocados. Por exemplo, durante uma excurs\u00e3o ao Wadi Nasib, no Sinai, em julho de 1998, notei um petr\u00f3glifo de um camelo sendo conduzido por um homem, n\u00e3o muito distante de uma estela de Amenemes II, e algumas inscri\u00e7\u00f5es protossina\u00edticas (alfabeto primitivo). Tomando como base a p\u00e1tina dos petr\u00f3glifos e as datas das inscri\u00e7\u00f5es ali presentes e em restos arqueol\u00f3gicos naquela vizinhan\u00e7a, verificamos que esse petr\u00f3glifo de camelo data da Idade do Bronze Posterior, provavelmente anterior a 1500 a.C. (Randall W.Younker, \u201cLate Bronze Age Camel Petroglyphs in the Wadi Nasib, Sinai\u201d, Near East Archaelogical Society Bulletin<\/i>, v. 42 [1997], p. 47-54). Claramente, os eruditos que t\u00eam negado a presen\u00e7a de camelos cometeram a fal\u00e1cia de usar o sil\u00eancio como argumento. N\u00e3o se deveria permitir que tal abordagem lan\u00e7asse d\u00favidas sobre a veracidade de nenhum documento hist\u00f3rico, muito menos sobre as Escrituras. […]<\/p>\n

Leitura \u00a0adicional:<\/strong><\/p>\n

The Archaeological Study Bible. <\/i>Grand Rapids: Zondervan, 2005. [Publicada em portugu\u00eas como B\u00edblia de estudo arqueol\u00f3gica NVI<\/i><\/a> (S\u00e3o Paulo: Editora Vida, 2013).]<\/p>\n

Hoffmeier, James K. Israel in Egypt: The Evidence for the Authenticity of the Exodus Tradition. <\/i>Nova York: Oxford University Press, 1999.<\/p>\n

Kitchen, Kenneth A. On the Reliability of the Old Testament. <\/i>Grand Rapids: Eerdmans, 2003.<\/p>\n

Provan, Iain; Long, V. Philips e Tremper Longman III. A Biblical History of Israel. <\/i>Louisville, KY: Westminster John Knox, 2003.<\/p>\n

Randall W. Younker \u00e9 […]\u00a0PhD em arqueologia do <\/em>Oriente Pr\u00f3ximo pela University of Arizona. Ele atua como professor de Antigo <\/em>Testamento e Arqueologia B\u00edblica no Semin\u00e1rio Adventista do S\u00e9timo Dia da <\/em>Universidade Andrews, onde tamb\u00e9m \u00e9 o diretor do Instituto de Arqueologia e <\/em>do Museu Siegfried Horn. Tem dirigido v\u00e1rias s\u00e9ries interdisciplinares de pes<\/em>quisas arqueol\u00f3gicas de campo em Israel e na Jord\u00e2nia e \u00e9 um deposit\u00e1rio da <\/em>renomada American Schools of Oriental Research. Ele coeditou sete livros e <\/em>publicou in\u00fameros artigos acad\u00eamicos.<\/em><\/i><\/p>\n

Retirado\u00a0de Randall W. Younker, \u201cAt\u00e9 que ponto as descobertas arqueol\u00f3gicas confirmam a B\u00edblia?\u201d, em: A l\u00f3gica da f\u00e9: respostas inteligentes para perguntas dif\u00edceis sobre nossas cren\u00e7as<\/i>, org. Humberto M. Rasi e Nancy J. Vyhmeister (Tatu\u00ed, SP: Casa Publicadora Brasileira, 2014), p. 33-41.<\/p>\n

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A l\u00f3gica da f\u00e9<\/i><\/strong><\/p>\n

Os trechos acima, que representam menos\u00a0de 4 p\u00e1ginas publicadas,\u00a0t\u00eam o objetivo de divulgar\u00a0o livro\u00a0A l\u00f3gica da f\u00e9<\/i>. Para ler o restante do cap\u00edtulo, bem como o livro\u00a0completo, adquira-o no site<\/a> da\u00a0Casa Publicadora Brasileira.<\/p>\n

Nessa obra, que tem\u00a0menos de 200 p\u00e1ginas, renomados especialistas\u00a0adventistas\u00a0apresentam respostas inteligentes e concisas (8-10 p\u00e1ginas) a 20 perguntas como estas:<\/p>\n