Jon Paulien Archives - Missão Pós-Moderna https://missaoposmoderna.biblecast.com.br/tag/jon-paulien/ cristianismo no mundo contemporâneo Sun, 18 Feb 2018 01:53:14 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=6.0.1 https://missaoposmoderna.biblecast.com.br/wp-content/uploads/2018/02/missaopm-alpha-ico-150x150.png Jon Paulien Archives - Missão Pós-Moderna https://missaoposmoderna.biblecast.com.br/tag/jon-paulien/ 32 32 O sábado no Apocalipse https://missaoposmoderna.biblecast.com.br/2014/07/o-sabado-no-apocalipse/ https://missaoposmoderna.biblecast.com.br/2014/07/o-sabado-no-apocalipse/#comments Wed, 23 Jul 2014 14:39:49 +0000 http://rabis.co/migramissaopos/?p=1924 Um dos ensinos mais conhecidos dos adventistas do sétimo dia é que a questão central no conflito final da história do mundo diz respeito ao mandamento do sábado. Os adventistas acreditam que os habitantes da Terra terão que escolher um dia entre o culto ao Deus verdadeiro, no dia de sábado, e o culto …

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Um dos ensinos mais conhecidos dos adventistas do sétimo dia é que a questão central no conflito final da história do mundo diz respeito ao mandamento do sábado. Os adventistas acreditam que os habitantes da Terra terão que escolher um dia entre o culto ao Deus verdadeiro, no dia de sábado, e o culto a um deus falso em outro dia.

Contudo, tal ensinamento tem sofrido crescentes ataques, tanto de dentro da igreja como de fora dela. Muitos adventistas têm percebido que o termo sábado não ocorre em parte alguma do Apocalipse. Assim, muitos deles questionam se esse ensino tem base bíblica ou se é fundamentado unicamente nos escritos de ElIen White. Além disso, a questão em si quanto à oposição entre sábado e domingo parece ter perdido a relevância para as pessoas do mundo de hoje. Se perguntarmos a uma pessoa comum, nas ruas, se o sábado ou o domingo seria o dia correto de adoração, essa pessoa provavelmente responderá: “Se vocês cristãos brigam por coisas tão irrelevantes, então para que serve ir à igreja?”.

Num contexto tão negativo em relação ao tema, acredito que seja adequado fazer uma nova análise do tema do sábado no livro de Apocalipse. Há base exegética para a declaração de que o sábado será uma questão central na crise final da história do mundo? O autor do Apocalipse nos aponta a direção do sábado na crise final ou os adventistas têm defendido essa posição sem uma justificativa bíblica?

A linguagem da alusão

Para compreendermos essa questão, é necessário entender uma característica básica do livro do Apocalipse. O Apocalipse está cheio da linguagem, ideias, lugares e pessoas do Antigo Testamento. Embora se trate de um livro do Novo Testamento, a estrutura linguística básica do Apocalipse se fundamenta nas experiências do povo de Deus como estas se encontram registradas no Antigo Testamento. Sendo assim, muitas pessoas deixam de perceber, em plenitude, a mensagem do Apocalipse porque elas não levam em consideração a natureza veterotestamentária (isto é, do Antigo Testamento) de sua linguagem.

Mas aqueles que buscam compreender as raízes veterotestamentárias do Apocalipse logo encontram um problema considerável. O livro nunca cita o Antigo Testamento, mas somente alude a ele com uma palavra aqui, uma frase ali e um nome acolá. Embora seja essencial identificar as referências veterotestamentárias no Apocalipse, pode ser bastante difícil reconhecer exatamente quando seu autor pretende aludir ao Antigo Testamento. Estratégias rigorosas precisam ser empregadas para garantir que o intérprete do Apocalipse compreenda o significado real do texto sem lhe impor qualquer significado externo.

Escrevi minha tese de doutorado (Ph.D.) sobre as alusões ao Antigo Testamento nas sete trombetas do Apocalipse. Ela foi publicada como Decoding Revelation’s Trumpets: Literary Allusions and Interpretations of Revelation 8:7-12, Andrews University Seminary Doctoral Dissertation Series, v. 11 (Berrien Springs, MI: Andrews University Press, 1988). Poucos assuntos poderão ser mais desafiadores. Logo descobri que faria pouco progresso com respeito às trombetas sem uma estratégia consistentemente bíblica para determinar as raízes veterotestamentárias das passagens. Primeiro, vou apresentas essa estratégia brevemente e, depois, vou ilustrá-la mais detalhadamente.

Estratégia para avaliar alusões

Primeiro, utilize os rodapés da Bíblia, os comentários, as concordâncias e as listas de alusões (como as listas que aparecem no texto grego padrão de Nestlé-Aland). Com essas informações, crie uma lista de alusões em potencial (que essas várias fontes admitem ocorrer em determinada passagem do Apocalipse em referência ao Antigo Testamento). Essa lista não deve ser aceita sem análise crítica, mas deve ser criteriosamente avaliada da forma como sugiro a seguir.

Em segundo lugar, coloque a passagem selecionada do Apocalipse lado a lado com as várias passagens do Antigo Testamento em sua lista. Tente identificar paralelos verbais, temáticos e estruturais entre o Apocalipse e cada uma das passagens veterotestamentárias que estão sendo avaliadas.

Em terceiro lugar, pese essa evidência verbal, temática e estrutural para determinar se há uma alusão (uma referência intencional do autor a um contexto específico na literatura anterior) ao Antigo Testamento ou meramente um eco (uma referência não intencional baseada no conhecimento geral do autor acerca da literatura anterior e/ou sua influência no ambiente do autor).

Em quarto lugar, aplique os insights apropriados ao texto do Apocalipse. Se o autor estiver conscientemente aludindo ao Antigo Testamento, ele deve presumir que o leitor está familiarizado com o texto específico do Antigo Testamento e seu contexto mais amplo. Seria essencial para o intérprete, em tal caso, que ele estivesse atento à alusão e ao impacto de seu contexto na passagem do Apocalipse. Se o autor estiver meramente fazendo eco ao texto do Antigo Testamento sem pretender, conscientemente, fazê-lo, o intérprete deve se acautelar para não importar o contexto veterotestamentário que o autor do Apocalipse não tinha em mente. Em outras palavras, pode-se falhar na interpretação do Apocalipse de duas formas: ignorando o papel do Antigo Testamento na linguagem do autor ou excessivamente valorizando tal papel.

Permita-me exemplificar como o Antigo Testamento tem impacto na interpretação de um texto do Apocalipse. Apocalipse 13:1-2 contém uma alusão fascinante ao Antigo Testamento: “Vi emergir do mar uma besta, que tinha dez chifres e sete cabeças e. sobre os chifres, dez diademas e, sobre as cabeças, nomes de blasfêmia. A besta que vi era semelhante a leopardo, com pés como de urso, e boca como boca de leão. E deu-lhe o dragão o seu poder, o seu trono e grande autoridade”. A maioria dos eruditos bíblicos presume que Apocalipse 13 se baseia em Daniel 7, em que quatro bestas saem do mar. Vamos avaliar esse ponto de vista.

Daniel 7 descreve quatro animais que saem do mar: um leão, um urso, um leopardo e um monstro bizarro e indescritível com dentes de ferro e dez chifres na cabeça. Já que o leopardo é caracterizado com quatro cabeças, essa quadrilha tem um total de sete cabeças. Esses animais também têm um total de dez chifres. Lembra-se da besta de Apocalipse 13? Assim como as bestas de Daniel 7, ela sai do mar. Além disso, ela tem características de leão, urso e leopardo. Ela tem sete cabeças e dez chifres, um nítido paralelo com o total de cabeças e chifres das quatro bestas de Daniel 7. Parece claro, portanto, que Apocalipse 13:1-2 tem por base a visão de Daniel 7.

Paralelos verbais, temáticos e estruturais

As coisas, no entanto, dificilmente se apresentam de maneira tão clara no Apocalipse. Como, então, avaliar o pano de fundo veterotestamentário do Apocalipse quando a evidência é menos clara do que no caso de Apocalipse 13? Para tal, é necessário que se coloque o texto de Apocalipse lado a lado com a possível fonte do Antigo Testamento. É preciso compará-los cuidadosamente, buscando três tipos de evidência: paralelos verbais, paralelos temáticos e paralelos estruturais entre os textos.

Os paralelos verbais ocorrem quando há palavras de destaque em comum entre a passagem do Apocalipse e a possível fonte do Antigo Testamento. Palavras menos importantes como preposições, conjunções e artigos definidos geralmente não contam. Quanto mais palavras em destaque as duas passagens tiverem em comum, mais provavelmente o autor tenha tido a intenção de chamar a atenção do leitor para o Antigo Testamento a fim de que ele aplique o significado veterotestamentário à sua compreensão do Apocalipse. No exemplo de Apocalipse 13 e Daniel 7, os paralelos verbais são “mar,”“leão,”“urso”, “leopardo”, “cabeças” e “chifres.” Esse é um dos paralelos mais fortes com o Antigo Testamento em todo o livro do Apocalipse.

Os paralelos temáticos podem ocorrer entre passagens mesmo quando há somente uma palavra (e, às vezes, nenhuma palavra) em comum entre elas. Paralelos temáticos envolvem um paralelo de tema ou idéia, não necessariamente assinalado por palavras paralelas. Isoladamente, paralelos temáticos são o mais fraco dos três tipos de evidência em favor de uma alusão direta. Em Apocalipse 13, há um paralelo temático com Daniel 7 em termos de animais que saem do mar e representam poderes mundiais.

Os paralelos estruturais ocorrem quando várias palavras e temas de uma seção do Apocalipse aparecem em paralelo com um contexto específico do Antigo Testamento. Esses paralelos estruturais com o Antigo Testamento fornecem, de modo geral, forte evidência em favor das alusões intencionais nos detalhes mais específicos do texto apocalíptico. Exemplos de paralelos estruturais bem organizados em Apocalipse incluem o uso do texto de Ezequiel (em Ap capítulos 4, 7 e 17-22); o uso de Daniel em Apocalipse 5, 13 e 17; o uso de Gênesis 3 em Apocalipse 12; as pragas de Êxodo nas trombetas e nas pragas apocalípticas, e a queda da antiga Babilônia em Apocalipse 16-19. Em Apocalipse 13, há numerosos e marcantes paralelos com Daniel 7, embora eles não ocorram exatamente na mesma ordem. Nas duas passagens bestas emergem do mar, sete cabeças e dez chifres estão envolvidos e referências são feitas a um leão, um urso e um leopardo.

Em conclusão, embora o uso que o autor faz do Antigo Testamento no livro de Apocalipse seja mais ambíguo do que gostaríamos, uma atenção cuidadosa às palavras, temas e estruturas dentro daquele livro pode nos aproximar muito das intenções originais do autor quanto a seu uso do Antigo Testamento e, portanto, oferecer-nos uma visão mais clara de como o autor gostaria que suas palavras fossem interpretadas.

O contexto de Apocalipse 12 e 14

Voltemos ao tema central deste artigo: Qual o papel do sábado na crise final da história deste planeta? O texto básico acerca da crise final, no livro de Apocalipse, é o capítulo 12 verso 17: “Irou-se o dragão contra a mulher e foi pelejar com os restantes da sua descendência, os que guardam os mandamentos de Deus e têm o testemunho de Jesus”. Aqui encontramos uma descrição da guerra entre o dragão e o remanescente, uma guerra que é pormenorizada em Apocalipse 13 e 14. Em certo sentido, Apocalipse 12:17 é um resumo antecipado da crise final como um todo. Assim, os capítulos 13 e 14 servem como uma exegese e um desenvolvimento da declaração básica feita em 12:17, ou seja, Apocalipse 13 pormenoriza a guerra do dragão e Apocalipse 14 elabora acerca do caráter e da mensagem do remanescente.

O dragão faz guerra contra o remanescente no capítulo 13. Ele busca o auxílio de dois aliados no conflito: um emerge do mar e o outro emerge da terra. Os três protagonistas (o dragão, a besta do mar e a besta da terra) formam uma tríade iníqua que busca contrafazer a obra da verdadeira Trindade. O dragão contrafaz a obra de Deus, o Pai; a besta do mar, a obra de Deus, o Filho; e a besta da terra, a obra do Espírito Santo. Essa tríplice e iníqua aliança ataca o remanescente na batalha final. Qual é a questão básica em tal ataque? Os capítulos 13 e 14 não nos deixam qualquer dúvida. Em sete ocasiões diferentes (Ap 13:4, 8, 12, 15; 14:9, 11), o texto desses capítulos fala sobre a adoração ao dragão, sobre a adoração da besta do mar e sobre a adoração da imagem da besta. A questão na crise final da história deste planeta é claramente uma questão relativa à adoração.

Em contraste com esse apelo que é proferido sete vezes para que adoremos a iníqua tríade ou a imagem da besta, há um único apelo, nesses capítulos, para que adoremos a Deus (Ap 14:7). O chamado para adorar “Aquele que fez o céu, e a terra, e o mar, e as fontes das águas” torna-se, portanto, a afirmação central de toda essa seção do Apocalipse e, talvez, o apelo central de todo o livro. Tudo o que está escrito nos capítulos 12-14 focaliza esse chamado para a adoração. A adoração é, de forma patente, a questão central envolvida na derradeira crise da história deste planeta.

Um aspecto interessante é que a linguagem dessa afirmação central se baseia nas expressões encontradas no quarto mandamento, em Êxodo 20:11. Ali é declarado que “em seis dias fez o Senhor os céus e a terra, o mar e tudo o que neles há.” Esses dizeres se encontram refletidos em Apocalipse 14:7 – “Adorai Aquele que fez o céu, e a terra, e o mar, e as fontes das águas.” O ponto central e nevrálgico da descrição apocalíptica da crise final é uma alusão direta a Êxodo 20. A atenção ao mandamento do sábado é, portanto, a resposta ideal ao chamado final de Deus para a adoração e, da mesma forma, a resposta ideal aos sete apelos que a besta faz para a adoração da trindade iníqua.

Paralelos de Apocalipse 14:7 com o Antigo Testamento

Paralelos verbais – Neste ponto, leitores atentos podem suscitar uma objeção: Como podemos saber que o autor do Apocalipse conscientemente pretendia que o leitor compreendesse uma alusão ao quarto mandamento exatamente aqui (Ap 14:7) em sua narrativa? O Salmo 146:6 não contém exatamente a mesma linguagem de Êxodo 20? Como podemos saber que João estava citando Êxodo 20 e não o Salmo 146? Ele não poderia estar aludindo ao referido salmo, em cujo caso não haveria referência alguma ao quarto mandamento?

Essa é uma argumentação válida. O Salmo 146:5-6 afirma: “Bem-aventurado aquele que tem o Deus de Jacó por seu auxílio, e cuja esperança está no Senhor, seu Deus, que fez os céus e a terra, o mar e tudo quanto neles há, e que guarda a verdade para sempre”. Isso se aproxima muito de “adorai Aquele que fez o céu, e a terra, e o mar, e as fontes das águas” (Ap 14:7). Com efeito, na Septuaginta (uma tradução grega do Antigo Testamento disponível no período neotestamentário), as palavras do Salmo 146:6 (Sl 145:6, na Septuaginta) são praticamente as mesmas encontradas em Apocalipse 14:7. Portanto, há fortes paralelos verbais em Apocalipse 14 tanto em relação a Êxodo 20 quanto ao Salmo 146, com uma pequena vantagem talvez para o Salmo 146.

Paralelos temáticos  – Contudo, os paralelos verbais são apenas um tipo de evidência em favor de uma alusão consciente ao Antigo Testamento em Apocalipse. Os paralelos temáticos e estruturais são também importantes. Há paralelos temáticos entre Apocalipse 14:7 e Êxodo 20? Sim. Os primeiros quatro dos dez mandamentos (Êx 20:3-11) contêm três motivações para a obediência. Primeiramente, há a motivação da salvação. O preâmbulo do decálogo (Êx 20:2-3) diz: “Eu sou o Senhor, teu Deus, que te tirei da terra do Egito, da casa da servidão. Não terás outros deuses diante de Mim”. Nossa obediência deve ser uma resposta ao que Deus já fez por nós. Em segundo lugar, há a motivação do juízo. O segundo mandamento fala acerca de visitar “a iniquidade dos pais nos filhos até a terceira e quarta geração” (Êxodo 20:5). Isto é, há consequências para a desobediência. Finalmente, em terceiro lugar, há a motivação da criação. “Porque em seis dias fez o Senhor o céu e a terra, o mar e tudo o que neles há, e ao sétimo dia descansou” (Êx 20:11). Deus criou o homem e sabe o que é melhor para ele. Portanto, há três motivações para a obediência na primeira parte da lei: salvação, juízo e criação.

As mesmas três motivações ocorrem no contexto de Apocalipse 14:7. Apocalipse 14:6 fala de um anjo que proclama “o evangelho eterno”. Aqui vemos o tema da salvação. Em Apocalipse 14:7 encontramos também o tema do juízo: “Temei a Deus, e dai-Lhe glória; porque é chegada a hora do Seu juízo.” E, anteriormente, já havíamos visto o tema da criação em Apocalipse 14:7: “adorai aquele que fez o céu, e a terra, e o mar, e as fontes das águas.” Sendo assim, Apocalipse 14:6-7 tem as mesmas três motivações que induzem a uma mesma reação as quais encontramos na primeira tábua da lei (isto é, nos quatro mandamentos que normatizam a relação entre a criatura e o Criador): salvação, juízo e criação. E, além disso, esses ocorrem na mesma ordem em que aparecem em Êxodo 20!

Algum desses temas ocorre no Salmo 146? Sim. Ali aparece o tema da salvação: “Não confieis em príncipes, nem em filho de homem, em quem não há auxílio. […] Bem-aventurado aquele que tem o Deus de Jacó por seu auxílio, e cuja esperança está no Senhor, seu Deus” (v. 3, 5). Há também ali o tema da criação: “que fez os céus e a terra, o mar e tudo quanto neles há” (v. )6. Há ainda o tema do juízo: “que faz justiça aos oprimidos” (v. 7). Os paralelos temáticos com o Salmo 146 são, portanto, tão fortes quanto aqueles com Êxodo 20, mas não na mesma ordem. Sendo assim, pode-se afirmar que há forte evidência em favor de ambos contextos no Antigo Testamento, mas há uma ligeira vantagem para Êxodo 20, sob a perspectiva de que os temas ocorrem na mesma ordem em Apocalipse 14 e Êxodo 20.

Paralelos estruturais  – Isso nos conduz à busca de paralelos estruturais. Examinemos, agora, a evidência estrutural de Apocalipse 12-14. Os dez mandamentos, dos quais Êxodo 20:11 é uma parte, parecem ser uma estrutura principal subjacente a toda essa seção do Apocalipse. O remanescente é caracterizado, entre outras coisas, como sendo aqueles que “guardam os mandamentos de Deus” (Ap 12:17; 14:12). Entretanto, a questão, aqui, não envolve os mandamentos de forma indiscriminada. O ponto nevrálgico se centraliza no aspecto da adoração. E, especificamente, esse aspecto é enfocado na primeira tábua do decálogo (isto é, nos quatro primeiros preceitos): os mandamentos que dizem respeito a nosso relacionamento com Deus. Quando se compreende essa realidade, não é surpreendente que, em Apocalipse 13, as bestas contrafaçam não apenas a Trindade, mas também cada um dos quatro primeiros mandamentos do decálogo. O primeiro mandamento declara: “Não terás outros deuses diante de Mim” (Êx 20:3), mas a besta que emerge do mar pretende tomar o lugar de Deus ao receber adoração (Ap 13:4, 8). O segundo mandamento adverte-nos com respeito à adoração de imagens, no entanto, a besta que emerge da terra erige uma imagem a fim de ser adorada (Ap 13:14-15). O terceiro mandamento diz: “Não tomarás o nome do Senhor, teu Deus, em vão”, mas a besta do mar “abriu a boca em blasfêmias contra Deus, para blasfemar do seu nome” (Ap 13:6). O quarto mandamento diz: “Lembra-te do dia de sábado”.

Na antiguidade, os tabletes que continham pactos eram lacrados com selos estampados sobre eles. Tais selos eram um sinal de propriedade e autoridade. Uma vez que o decálogo segue a forma desses antigos tabletes de concerto, ele também tem um selo de propriedade e autoridade estampado sobre ele – o mandamento do sábado: “Porque em seis dias fez o Senhor o céu e a terra, o mar e tudo o que neles há, e ao sétimo dia descansou; por isso o Senhor abençoou o dia do sábado, e o santificou” (Êx 20:11). A declaração acima é a única contida nos Dez Mandamentos em que é declarado o fundamento da autoridade de Deus sobre toda a criação: Ele é o Criador. De igual forma, o conceito do selo é importante também em Apocalipse: os 144 mil são selados em suas frontes (Ap 14:1; cf. 7:3-4; Êx 31:13 e 17). A tríade iníqua oferece também uma contrafação do selo, a marca da besta (Ap 13:16-17). Destarte, todos os quatro mandamentos da primeira tábua do decálogo sofrem ataque por parte da tríade iníqua de Apocalipse 13. A primeira tábua da lei está no centro do conflito entre o dragão e o remanescente.

Essa série de conexões verbais e temáticas entre o conteúdo dessa parte do Apocalipse e passagens relacionadas aos Dez Mandamentos indica que um importante paralelo estrutural dá-se em relação ao decálogo, especialmente no que tange à porção que diz respeito à relação entre o adorador e a Divindade. Essa evidência estrutural oferece um apoio incontestável à probabilidade de que o significativo paralelo verbal entre Apocalipse 14:7 e Êxodo 20:11 tenha sido intencional. Não há absolutamente nenhuma relação entre Apocalipse e Sl 146 que se assemelhe a essa.

A evidência cumulativa é tão forte que um intérprete bem pode afirmar que não há nenhuma alusão direta ao Antigo Testamento (em Apocalipse) que seja mais certa do que a alusão ao quarto mandamento em Apocalipse 14:7. Quando o autor de Apocalipse descreve o apelo final de Deus à raça humana no contexto do engodo do tempo do fim, ele o faz em termos de um chamado à adoração do Criador no contexto do quarto mandamento.

A questão da relevância

Não obstante, ainda que biblicamente correto, faz qualquer sentido ver o sábado como uma espécie de questão definidora na crise final da história deste planeta? Por que Deus escolheria esse tipo de questão como centro focal da crise escatológica?

No centro da questão está o fato de que o sábado é uma forma ideal de testar se as pessoas são, de fato, leais a Deus. O mandamento sabático é diferente dos outros nove. Todos os demais têm uma fundamentação racional motivada pelo interesse próprio; afinal de contas, os princípios da segunda tábua do decálogo são mesmo a legítima base de governo em muitos países. “Não matarás” é uma lei lógica para qualquer um que não queira morrer. “Não furtarás” faz perfeito sentido para qualquer um que queira proteger suas propriedades adquiridas com muito esforço pessoal. Mandamentos assim são racionais e chegam até a apelar a uma certa parcela de interesse próprio. A mesma coisa acontece com os três primeiros mandamentos, que dizem respeito a nosso relacionamento com Deus. Se Deus é quem Ele alega ser, não faz sentido adorar a nenhum outro.

A única parte do decálogo que não é lógica é o mandamento de adorar no sábado em vez de em qualquer outro dia da semana! Tal mandamento é tão destituído de lógica que as pessoas seculares o acham até difícil de considerar seriamente, pois não veem nenhum benefício ou interesse próprio em tal princípio. Afinal de contas, ninguém conseguiu até hoje demonstrar qualquer base científica ou racional para se considerar um dia mais especial para Deus do que os demais. O sol brilha e a chuva cai de igual maneira tanto no sábado quanto no domingo.

Guardar o sábado requer que confiemos em Deus mesmo quando os cinco sentidos nos informam que não há nenhuma razão lógica para fazer isso. O sábado representa, escatologicamente, aquilo que a árvore do conhecimento do bem e do mal representava no princípio. O fruto da árvore era, provavelmente, tanto palatável quanto nutritivo. A única razão para não comê-lo era o fato de Deus o ter proibido.

Assim é com o sábado. A única razão de preferir o sábado ao domingo é porque Deus assim o ordenou, não há nenhuma outra explicação. Aceitamos o sábado respaldados unicamente pela Palavra de Deus, pois cremos que as Escrituras são um relato confiável da mente e da vontade de Deus.

O sábado é, portanto, um bom teste de nossa fidelidade a Deus e Sua Palavra. As Escrituras são um registro tão fiel das ações de Deus no passado quanto das realidades futuras no tempo do fim. É porque cremos nas Escrituras que damos crédito àqueles eventos do tempo do fim por elas descritos.

Em conclusão, o Apocalipse pinta o fim do mundo como tempo de um grande engodo mundial, que vai transcender os cinco sentidos, mesmo entre o povo de Deus. Entretanto, aqueles que crerem, aceitarem e seguirem os reclamos da Palavra de Deus, esses não perderão o rumo durante esse tempo de derradeiro engodo.

Jon Paulien, Ph.D. (Andrews University), é diretor da Faculdade de Teologia da Universidade de Loma Linda (EUA). Ele é considerado um dos maiores especialistas do mundo no livro de Apocalipse. Publicado originalmente como: “Revisiting the Sabbath in the Book of Revelation”, Journal of the Adventist Theological Society, v. 9, n. 1-2 (1998), p. 179-186. A tradução acima está disponível em vários sites.

Para estudo mais aprofundado sobre o assunto, veja Anthony MacPherson, “A marca da besta como ‘mandamento-sinal’ e ‘antissábado’ na crise de adoração de Apocalipse 12-14”, publicado originalmente em Andrews University Seminary Studies (leia aqui o texto original completo). Esse artigo, bem como o de Paulien, estão disponíveis em Doutrina do sábado: implicações, Parousia, v. 2 (Engenheiro Coelho, SP: Unaspress, 2012). O livro pode ser adquirido no site da Unaspress.

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Os três filhos de Abraão https://missaoposmoderna.biblecast.com.br/2014/07/os-tres-filhos-de-abraao/ https://missaoposmoderna.biblecast.com.br/2014/07/os-tres-filhos-de-abraao/#comments Mon, 21 Jul 2014 10:00:53 +0000 http://rabis.co/migramissaopos/?p=1026 Desde 11 de setembro de 2001, a tensão entre judaísmo, islã e cristianismo tem crescido. Cada religião afirma adorar o único Deus verdadeiro e enfatiza alguns aspectos do caráter de Deus. Mas, sempre que as pessoas estão em desacordo, elas tendem a se afastar das coisas que os seus oponentes …

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Desde 11 de setembro de 2001, a tensão entre judaísmo, islã e cristianismo tem crescido. Cada religião afirma adorar o único Deus verdadeiro e enfatiza alguns aspectos do caráter de Deus.

Mas, sempre que as pessoas estão em desacordo, elas tendem a se afastar das coisas que os seus oponentes enfatizam porque não querem se parecer com o “adversário”. Nesse processo, deixam de lado ideias que Deus deseja que preservassem.

Quando os judeus e os cristãos se separaram, a partir do fim do primeiro século, foi como se tomassem a verdade de Deus que compartilhavam e a dividissem. Cada grupo perdeu alguns elementos importantes nesse processo. Então surgiu Maomé e tentou, creio eu, fazê-los retornar ao que haviam perdido. Mas essa tentativa falhou, e as três religiões se tornaram ainda mais hostis uma à outra.

Sempre que alguém sustenta crenças diferentes das nossas, é fácil dizer: “Se eu estou certo, então você sem dúvida está errado”. Essa é uma conclusão perigosa, porque, quando apontamos o dedo para acusar alguém, é provável que deixemos de aprender o que Deus deseja nos ensinar através dessas pessoas – até em meio a crenças defeituosas.

É fácil comparar o melhor de nossa religião com o pior da religião do outro e ter a sensação de que estamos muito bem. Mas isso não é justo nem construtivo. O que aconteceria se víssemos o melhor na fé dos outros? Poderíamos ter muitas surpresas. Quais são as melhores e mais positivas contribuições de cada fé monoteísta existente no mundo? E quais aspectos singulares e centrais de cada fé as outras duas têm desprezado ou subestimado?

Outro tipo de “ecumenismo”

Os princípios centrais do cristianismo são o evangelho, a graça e Jesus. O judaísmo e o islã têm elementos de graça, mas não a plenitude apresentada pelo evangelho. Os valores centrais do judaísmo em grande parte desprezados pelas outras religiões são a lei, a obediência e o sábado. E o islã, por sua vez, enfatiza a submissão, o juízo final e a escatologia. O cristianismo e o judaísmo têm se esquivado desses últimos temas em parte porque os muçulmanos os proclamam e praticam.

Os valores centrais dessas três religiões se tornaram símbolos de divisão. Mas, quando analisamos cuidadosamente essas crenças, começamos a descobrir que o remanescente do Apocalipse expressa todas elas. Evidentemente, é propósito de Deus que, no tempo do fim, exista um grupo de pessoas fiéis à plenitude da sua Palavra. E, dessa fidelidade, surgirá um conjunto de crenças e de prática que será igualmente atraente aos fiéis de todas as grandes religiões do mundo.

Quase 2 mil anos atrás, Deus designou uma mensagem que seria especialmente apropriada à época em que vivemos. Assim, o remanescente de Deus terá uma mensagem não apenas para os cristãos, mas para os judeus, os muçulmanos, os budistas, os hindus – para todas as pessoas. O remanescente final será formado por todos aqueles que forem fiéis a Deus para encontrarem Jesus quando Ele vier.  O cristianismo – com sua mensagem sobre o evangelho, a graça e Jesus –, o judaísmo – com a lei, a obediência e o sábado – e o islã – com a submissão, o juízo final e a escatologia – reunirão o povo de Deus.

Estes são apenas vislumbres do que pode ocorrer. Mas o Apocalipse me diz que os melhores dias para o povo de Deus ainda estão por vir. – Jon Paulien, Seven Keys: Unlocking the Secrets of Revelation (Nampa, ID: Pacific Press, 2009), p. 114-117.

Existe outro tipo de “ecumenismo”, que consiste no chamado de Deus a muitos indivíduos de cada instituição religiosa do globo. Entre católicos, muçulmanos, hindus, judeus, budistas e todos os demais grupos, há muitas pessoas que estão buscando a verdade e vivem um relacionamento com Deus. Por meio do Espírito Santo, Deus está presente em cada lugar antes mesmo que os missionários cheguem lá. Tenho encontrado a fé genuína em muitos lugares que jamais imaginei. […] O remanescente de Deus do tempo do fim será formado por pessoas de todas as nações, tribos, línguas, povos e – sim – religiões. – Jon Paulien, “Ecumenismo versus exclusivismo”.

Simpósio “Nosso pai Abraão”

Embora o cristianismo, o islã e o judaísmo compartilhem da herança comum de Abraão, essas três importantes religiões têm vivido em conflito e incompreensão durante séculos. Um grupo interconfessional de estudiosos se reuniu [em 28 de março de 2006] no campus da Andrews University (EUA) para analisar e compartilhar soluções para as atitudes distorcidas e equívocos entre as três religiões. […]

Participantes do simpósio

As apresentações exploraram as dimensões sociológicas, éticas e filosóficas de cada religião, bem como os fundamentos teológicos da atitude de cada crença em relação às outras duas, buscando substituir a estreiteza mental e o antagonismo pelo terreno comum. O simpósio “Our Father Abraham” (Nosso pai Abraão) foi patrocinado pela Associação Internacional de Liberdade Religiosa, pelo Seminário Teológico Adventista do Sétimo Dia (Andrews University) e por Shabbat Shalom, uma revista que aborda as relações entre judeus e cristãos. – “Symposium Addresses Shared Jewish-Christian-Muslim Heritage”.

As apresentações do simpósio estarão disponíveis na obra The Three Sons of Abraham: Interfaith Encounters Between Judaism, Christianity and Islam (Nova York: I. B. Tauris, 2014), organizada por Jacques Doukhan, professor de teologia na Andrews University.

A respeito desse livro, Michael Barnes, professor de relações inter-religiosas na Universidade de Londres, declara: “Judeus, cristãos e muçulmanos geralmente definem a si mesmos com base nas diferenças em relação aos outros. Este livro ousa pensar de forma diferente e explorar as implicações de uma pergunta diferente: Como as três versões da tradição profética originada com Abraão podem ser pensadas em conjunto – em termos complementares em vez de competitivos? Este volume sensível, incisivo mas sempre acessível aborda um dos grandes problemas de nossa época, do qual o diálogo mais amplo de religiões e culturas só pode se beneficiar. Ao incluir o islã no que é muitas vezes referida como a ‘tradição judaico-cristã’, os autores propõem uma alternativa admiravelmente generosa para a rivalidade destrutiva que tão dolorosamente tem afastado os ‘filhos de Abraão’ uns dos outros”.

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Ecumenismo versus exclusivismo https://missaoposmoderna.biblecast.com.br/2014/07/ecumenismo-versus-exclusivismo/ https://missaoposmoderna.biblecast.com.br/2014/07/ecumenismo-versus-exclusivismo/#comments Sat, 19 Jul 2014 10:00:00 +0000 http://rabis.co/migramissaopos/2013/03/ecumenismo-versus-exclusivismo/ Permita-me falar sobre o que considero uma compreensão equivocada muitas vezes presente no pensamento adventista e evangélico. Existe grande preocupação e temor em relação ao ecumenismo, e com razão. O que geralmente os evangélicos chamam de ecumenismo é um processo de unificação religiosa com propósitos políticos. Quando religião e política …

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Permita-me falar sobre o que considero uma compreensão equivocada muitas vezes presente no pensamento adventista e evangélico. Existe grande preocupação e temor em relação ao ecumenismo, e com razão. O que geralmente os evangélicos chamam de ecumenismo é um processo de unificação religiosa com propósitos políticos. Quando religião e política se misturam, acontecem coisas ruins, especialmente aos crentes fiéis que alcançaram uma espiritualidade mais profunda e rejeitaram a pauta política de muitas instituições religiosas.

Mas existe outro tipo de “ecumenismo”, que consiste no chamado de Deus a muitos indivíduos de cada instituição religiosa do globo (Apocalipse 18:4). Entre católicos, muçulmanos, hindus, judeus, budistas e todos os demais grupos, há muitas pessoas que estão buscando a verdade e vivem um relacionamento com Deus. Por meio do Espírito Santo, Deus está presente em cada lugar antes mesmo que os missionários cheguem lá. Tenho encontrado a fé genuína em muitos lugares que jamais imaginei. […]

Corremos o risco de nos preocupar tanto com os riscos do ecumenismo que nos afastemos dos vizinhos, amigos e familiares que pensam e vivem de maneira diferente. O remanescente de Deus do tempo do fim será formado por pessoas de todas as nações, tribos, línguas, povos  e – sim – religiões (Apocalipse 14:6; 18:1-4). Temo que o pensamento de algumas pessoas nos leve a ver “demônios por trás de cada arbusto” e inspire em nós desconfiança em relação aos outros, de modo que nos afastemos deles. Deus, em vez disso, está tentando reunir as pessoas.

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No pensamento de muitos adventistas (e evangélicos), existe a crença de que nossa religião possui a verdade e os outros estão perdidos. No fim dos tempos, as pessoas abandonarão sua religião falha e se juntarão a nós, formando o remanescente do tempo do fim (ou algo equivalente). Os que apresentam esse raciocínio não percebem que todas as instituições religiosas são falhas, inclusive a nossa. Todas as instituições religiosas são tentativas humanas de testemunhar da atuação de Deus no mundo. Isso é muito bom; devemos apreciar as ações que Deus realiza em nosso meio e falar sobre elas ao mundo. Mas, com o passar do tempo, as instituições religiosas se tornam cada vez mais focadas na autopreservação e menos focadas na missão original. É por isso que reformas espirituais sempre são necessárias em cada fé.

No fim dos tempos, todas as instituições religiosas estarão divididas entre os que desejam preservar a “bolha” humana e os que mantiveram ou recapturaram o espírito e a missão original da fé. O remanescente fiel de cada religião demonstrará ter mais em comum uns com os outros do que com os parceiros de sua própria religião. […]

Estas minhas reflexões podem parecer confusas e menos satisfatórias do que uma explicação do tipo “preto no branco”. Mas geralmente a verdade é uma tensão entre dois polos (como a natureza divina e humana de Cristo, ou o papel da fé e das obras na experiência cristã). Não é fácil encontrar um equilíbrio entre o precipício do ecumenismo e o precipício do exclusivismo. O nosso desafio é estar abertos às pessoas e aceitá-las ao mesmo tempo em que discernimos a verdade e o erro.

Jon Paulien, Ph.D., é diretor da Faculdade de Teologia da Universidade de Loma Linda (EUA). Retirado de “Final Reflections on the Spiritual Formation Debate”.

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Verdadeiro e falso reavivamento https://missaoposmoderna.biblecast.com.br/2014/07/verdadeiro-e-falso-reavivamento/ https://missaoposmoderna.biblecast.com.br/2014/07/verdadeiro-e-falso-reavivamento/#comments Sat, 19 Jul 2014 10:00:00 +0000 http://rabis.co/migramissaopos/2013/02/verdadeiro-e-falso-reavivamento/ Para mim, a questão central do reavivamento é esta: o verdadeiro reavivamento nos leva a ter maior consciência de nossos defeitos de caráter, enquanto o falso reavivamento nos faz orgulhosos de nossas conquistas e de quem nos tornamos. Em todas as descrições de reavivamentos feitas por Ellen White, as pessoas …

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Para mim, a questão central do reavivamento é esta: o verdadeiro reavivamento nos leva a ter maior consciência de nossos defeitos de caráter, enquanto o falso reavivamento nos faz orgulhosos de nossas conquistas e de quem nos tornamos. Em todas as descrições de reavivamentos feitas por Ellen White, as pessoas estavam confessando seus pecados uns aos outros, em vez de criticando uns aos outros. – Jon Paulien, Ph.D., diretor da Faculdade de Teologia da Universidade de Loma Linda.

Vi que a mente de alguns na igreja não tem andado no devido rumo. Tem havido alguns temperamentos peculiares, que desenvolvem ideias próprias pelas quais julgam os irmãos. E se alguém não estava exatamente em harmonia com eles, havia imediatamente perturbação. Alguns têm coado um mosquito e engolido um camelo (Mateus 23:24).

Essas ideias têm sido nutridas e com elas alguns têm condescendido por longo tempo. Apegam-se a qualquer palha, por assim dizer. E quando não há dificuldades reais na igreja, fabricam-se provações. A mente da igreja e os servos do Senhor são desviados de Deus, da verdade e do Céu, para se fixarem nas trevas. Satanás se agrada em que essas coisas prossigam; isso é uma festa para ele. Contudo, não é isso que purificará a igreja e que, no fim, aumentará a resistência do povo de Deus.

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Vi que alguns estão definhando espiritualmente. Têm vivido por algum tempo a observar se seus irmãos andam retamente — observando cada falta, para então criar confusão. E enquanto fazem isso, a mente deles não está em Deus, nem no Céu ou na verdade; mas simplesmente onde Satanás quer que esteja — nos outros. A própria alma é negligenciada; raramente essas pessoas veem ou sentem as próprias faltas, pois têm muito a fazer em vigiar as faltas dos demais, sem sequer olhar para si mesmos ou examinar o próprio coração. O vestido, o chapéu ou o avental lhes prendem a atenção. Precisam falar a este e àquele, e isso basta para ocupá-los por semanas. Vi que toda a religião de algumas pobres almas consiste em observar a roupa e as ações dos outros, e em criticá-los. A menos que se reformem, não haverá no Céu lugar para elas, pois achariam defeitos no próprio Senhor. 

Disse o anjo: “É uma obra individual o ser íntegro para com Deus”. A obra é entre Deus e nós mesmos. Mas quando as pessoas têm tanto cuidado com as faltas dos outros, não cuidam de si mesmas. Essas pessoas imaginativas, críticas, muitas vezes se curariam desse hábito, se elas se dirigissem diretamente à pessoa que pensam estar errada. Isso seria tão desagradável que abandonariam suas ideias, em vez de se dirigirem a elas. Mas é mais fácil deixar a língua trabalhar livremente acerca deste e daquele, quando o acusado não está presente. – Ellen White, Testemunhos para a igreja, v. 1, p. 145-146 (grifo nosso).

O Senhor não confiou a meus irmãos a obra que me deu para fazer. Alguns têm reclamado que minha maneira de dar reprovação em público leva outros a serem críticos, cortantes e severos. Se esses assumem a responsabilidade que Deus não depôs sobre eles; se desrespeitam as instruções que Ele seguidamente lhes deu através do humilde instrumento de Sua escolha, a fim de torná-los bondosos, pacientes e tolerantes, somente eles responderão pelos resultados. – Ellen White, Testemunhos para a igreja, v. 5, p. 20 (grifo nosso).

Veja também o post Mais santo, mais imperfeito.

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Podemos ter uma Reforma hoje? https://missaoposmoderna.biblecast.com.br/2014/04/podemos-ter-uma-reforma-hoje/ https://missaoposmoderna.biblecast.com.br/2014/04/podemos-ter-uma-reforma-hoje/#comments Tue, 08 Apr 2014 14:45:17 +0000 http://rabis.co/migramissaopos/?p=1510 Hoje assisti a um vídeo extraordinário de Augustus Nicodemus Lopes, teólogo presbiteriano. Se você prefere ler, o conteúdo essencial está transcrito logo abaixo do vídeo. A igreja cristã está passando por uma crise no mundo todo, e não temos a menor ideia de como Deus vai lidar com isso. O …

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Hoje assisti a um vídeo extraordinário de Augustus Nicodemus Lopes, teólogo presbiteriano.

Se você prefere ler, o conteúdo essencial está transcrito logo abaixo do vídeo.

A igreja cristã está passando por uma crise no mundo todo, e não temos a menor ideia de como Deus vai lidar com isso. O modelo de denominações que se organizam em torno de determinados documentos [credos, votos, concílios] já perdeu a força e o poder de manter a boa ordem moral, espiritual e doutrinária dos seus pastores e membros. O que existe hoje são ‘tribos’. Por exemplo, dentro da Assembleia de Deus existe a tribo dos reformados. Quem são os ‘caciques’? John Piper, John MacArthur, Paul Washer. Onde está esse pessoal? Na mídia. Há muita gente da Assembleia de Deus, que frequenta a Assembleia de Deus, mas que encontra o seu cacique na internet. Dentro da Igreja Presbiteriana, existe a tribo dos pentecostais, que escuta Silas Malafaia; existe a tribo dos liberais, e assim por diante. Essas tribos transcendem as barreiras denominacionais. Você vai encontrar a tribo dos reformados dentro dos batistas, da Assembleia de Deus, da Igreja Universal. O sistema de denominações está se desgastando; todas as denominações históricas do mundo estão minguando. Hoje a lealdade não é mais a denominações; é a líderes, movimentos, ideias, conceitos que transcendem as denominações.

O que Augustus Nicudemus defende está bem alinhado ao que a compreensão adventista prevê para os últimos dias. Quero destacar quatro pontos:

1 – Uma reforma contínua

Desde o início do movimento, os adventistas enfatizam a necessidade de uma reforma contínua, muito além da Reforma Protestante do século 16. “A Reforma não terminou com Lutero, como muitos supõem. Ela continuará até o fim da história deste mundo” (O grande conflito, p. 148). Para expressar a mesma ideia, as igrejas reformadas têm usado a frase em latim Ecclesia Reformata et Semper Reformanda est, que significa: “Igreja reformada está sempre se reformando”.

Em visões da noite, passaram perante mim representações de um grande movimento de reforma entre o povo de Deus. […] Viu-se um espírito de intercessão tal como se manifestou antes do grande dia de Pentecostes. Viam-se centenas e milhares visitando famílias e abrindo perante elas a Palavra de Deus. Os corações eram convencidos pelo poder do Espírito Santo, e manifestava-se um espírito de genuína conversão. Portas se abriam por toda parte para a proclamação da verdade. O mundo parecia iluminado pela influência celestial (Testemunhos para a igreja, v. 9, p. 126).

2 – Um movimento interdenominacional

Assim como na década de 1840, haverá um grande movimento interdenominacional – dessa vez não mais limitado a alguns países, mas global. O teólogo adventista Jon Paulien, especialista no Apocalipse, explica:

Existe outro tipo de ‘ecumenismo’, que consiste no chamado de Deus a muitos indivíduos de cada instituição religiosa do globo. Entre católicos, muçulmanos, hindus, judeus, budistas e todos os demais grupos, há muitas pessoas que estão buscando a verdade e vivem um relacionamento com Deus. […] O remanescente de Deus do tempo do fim será formado por pessoas de todas as nações, tribos, línguas, povos e – sim – religiões (Ap 14:6; 18:1-4).

Augustus Nicodemus comenta que hoje a lealdade não é mais a denominações, mas a movimentos e ideias. Sobre isso, Paulien diz:

Com o passar do tempo, as instituições religiosas se tornam cada vez mais focadas na autopreservação e menos focadas na missão original. É por isso que reformas espirituais sempre são necessárias em cada fé. No fim dos tempos, todas as instituições religiosas estarão divididas entre os que desejam preservar a ‘bolha’ humana e os que mantiveram ou recapturaram o espírito e a missão original da fé. O remanescente fiel de cada religião demonstrará ter mais em comum uns com os outros do que com os parceiros de sua própria religião.

(Leia o artigo completo de Paulien aqui.)

3 – O fundamento das Escrituras

Qual deve ser a base, o fundamento, para que ocorra essa reforma? Embora Augustus Nicodemus não mencione, como reformado ele deve acreditar que seja o fundamento das Escrituras. Essa é a grande chave para que se alcance as reformas que muitos cristãos buscam e que prevemos para os últimos dias. “Há em nosso tempo um vasto afastamento das doutrinas e preceitos bíblicos, e há necessidade de uma volta ao grande princípio protestante — a Bíblia, e a Bíblia somente, como regra de fé e prática” (O grande conflito, p. 204).

Quando a Palavra de Deus for estudada, compreendida e obedecida, uma luz brilhante se refletirá sobre o mundo; novas verdades, recebidas e postas em prática, nos ligarão, em fortes laços, a Jesus. A Bíblia, e a Bíblia somente, deve ser nosso credo, o único laço de união; todos os que se submeterem a essa santa Palavra estarão em harmonia entre si (Mensagens escolhidas, v. 1, p. 416).

Falando especialmente aos adventistas, Ellen White diz:

Como examinaremos as Escrituras? Iremos de um a outro pilar das nossas doutrinas, tentando fazer com que toda a Bíblia se molde a nossas opiniões preconcebidas? Ou levaremos nossas ideias e visões às Escrituras e avaliaremos cada aspecto de nossas teorias em comparação com a verdade? […] Opiniões aceitas por muito tempo não devem ser consideradas infalíveis. […] Temos muitas lições a aprender, e muitas, muitas a desaprender. Unicamente Deus e o Céu são infalíveis (O outro poder: conselhos aos escritores e editores, p. 25).

Para que isso ocorra, precisamos estudar e pregar as Escrituras muito mais do que temos feito. Hernandes Dias Lopes, teólogo presbiteriano, diz:

Criamos técnicas e mecanismos para atrair as pessoas. Mas, se não crermos na suficiência das Escrituras, vamos ter que criar novidades a cada dia. E novidades logo se tornam ultrapassadas. Você tem que criar outra, e outra, e outra. Pregue a Palavra. Essa Palavra é viva, é atual, é poderosa, é relevante. […] Deus não tem compromisso com a palavra do pregador; Ele tem compromisso com a Sua Palavra. Não é a palavra do pregador que tem a promessa de não voltar vazia; é a própria Palavra de Deus que tem essa promessa (Is 55:11). […] Quando uma igreja se acostuma com a pregação expositiva, ela não quer mais mastigar palha. Depois que ela descobre a riqueza da Escritura, não tolera mais escutar sermão que não expõe a Escritura.

(Leia o texto completo de Hernandes aqui.)

4 – A centralidade de Cristo

Além de estar fundamentada na Bíblia somente, essa reforma deve estar centralizada em Cristo e no Evangelho da graça. “Um interesse predominará, um assunto absorverá todos os outros – Cristo, justiça nossa” (Filhos e filhas de Deus, p. 259). “De todos os professos cristãos, os adventistas do sétimo dia devem ser os primeiros a exaltar a Cristo perante o mundo” (Obreiros evangélicos, p. 156). “Vários me escreveram, perguntando se a mensagem da justificação pela fé é a mensagem do terceiro anjo [Ap 14:6-12], e tenho respondido: ‘É verdadeiramente a mensagem do terceiro anjo’” (Mensagens escolhidas, v. 1, p. 372).

Precisamos também de muito mais conhecimento; precisamos ser esclarecidos sobre o plano da salvação. Não existe um entre cem [na igreja] que compreenda por si mesmo a verdade bíblica sobre esse assunto, tão necessário ao nosso bem-estar presente e eterno. Quando começa a brilhar a luz, para tornar claro ao povo o plano da redenção, o inimigo opera com todo o empenho, para que a luz seja excluída do coração humano. […] Há grande necessidade de que Cristo seja pregado como a única esperança e salvação. Quando a doutrina da justificação pela fé foi apresentada na reunião de Roma [Nova York], ela foi para muitos como água ao viajante cansado (Mensagens escolhidas, v. 1, p. 360).

Os tempos em que vivemos são realmente fascinantes. Deus está chamando pessoas dos mais diversos grupos religiosos e levando-as a se reunirem em torno de Cristo e de Sua Palavra. Sem dúvida, Deus está preparando coisas grandiosas para um futuro próximo.

Veja também a série de 4 artigos intitulada “Perguntas sobre reavivamento”.

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Vida dupla https://missaoposmoderna.biblecast.com.br/2014/02/vida-dupla/ https://missaoposmoderna.biblecast.com.br/2014/02/vida-dupla/#comments Mon, 10 Feb 2014 19:51:32 +0000 http://rabis.co/migramissaopos/?p=1351 Nenhum de nós está completamente isolado da vida contemporânea [ou “secular”]. Ainda que desliguemos a televisão e o rádio, continuamos a ser influenciados. Quando ligamos para um banco, uma loja ou uma operadora de cartão de crédito, ouvimos alguma música popular enquanto esperamos ser atendidos. Quando vamos ao supermercado ou …

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Nenhum de nós está completamente isolado da vida contemporânea [ou “secular”]. Ainda que desliguemos a televisão e o rádio, continuamos a ser influenciados. Quando ligamos para um banco, uma loja ou uma operadora de cartão de crédito, ouvimos alguma música popular enquanto esperamos ser atendidos. Quando vamos ao supermercado ou ao shopping fazer compras, esse tipo de música está sendo tocado ao fundo. É impossível viver plenamente em um mundo diferente daquele no qual vivemos. Assim, quando o culto deixa de falar ao mundo no qual vivemos, é fácil viver uma vida dupla: uma é a vida que temos quando estamos na igreja ou nos relacionamos com outros membros da igreja; outra é a vida que temos enquanto trabalhamos, jogamos ou assistimos televisão. Esse tipo de vida compartimentalizada [separada em compartimentos ou categorias] não nos livrará da “correnteza secular” nem atrairá pessoas seculares à nossa fé [nem nos tornará mais consagrados]. […]

Um importante aprimoramento do culto no contexto secular pós-moderno consiste em garantir que tudo o que acontece na manhã de sábado seja relevante para fora da igreja. Em outras palavras, tenha muito uso prático fora das horas sabáticas. As pessoas precisam ouvir aquilo que pode ser aplicado, por exemplo, nas manhãs de segunda, terça e quarta-feira. Uma demonstração de cristianismo prático e vivo é uma força atrativa que convida as pessoas a se aprofundarem em nossa mensagem. No entanto, os cultos adventistas geralmente contêm muito pouco conteúdo que possa ser colocado em prática no mundo real em qualquer outro dia da semana. Esta declaração ainda é relevante: “É triste que o motivo por que muitos acentuam tanto a teoria e tão pouco a piedade [ou espiritualidade] prática é não terem Cristo no coração. Não possuem viva ligação com Deus” (Ellen G. White, Testemunhos para a igreja, v. 4, p. 395-396).

Seremos eficazes em mostrar como um cristão lida com a manhã de segunda-feira quando nós mesmos lutarmos com os problemas que as pessoas enfrentam em casa, na vizinhança e no trabalho. Quando nós próprios soubermos como andar com Deus a cada dia da semana, seremos capazes de ajudar outros a fazerem o mesmo. As igrejas que estão fazendo a diferença na sociedade dominante são as que enfatizam o cristianismo prático. Com isso, não estou de modo algum subestimando as doutrinas. Mas as doutrinas devem estar relacionadas com a vida como um todo, e não apenas com alguns momentos de estudo.

Jon Paulien, Everlasting Gospel, Ever-changing World: Introducing Jesus to a Skeptical Generation (Boise, ID: Pacific Press, 2008), p. 178-179. Paulien, Ph.D., é diretor da Faculdade de Teologia da Universidade de Loma Linda (EUA).

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Estamos fazendo a diferença? https://missaoposmoderna.biblecast.com.br/2013/04/estamos-fazendo-a-diferenca/ Thu, 01 Jan 1970 00:00:00 +0000 http://rabis.co/migramissaopos/2013/04/estamos-fazendo-a-diferenca/ Quando falamos em “missão”, geralmente pensamos em pessoas que moram em lugares distantes, cuja língua e cultura são radicalmente diferentes da nossa. […] Mas a maioria dos cristãos ocidentais acharia mais fácil compartilhar sua fé em Fiji, na Indonésia ou em Zimbábue do que em Nova York, Sydney ou Londres …

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Quando falamos em “missão”, geralmente pensamos em pessoas que moram em lugares distantes, cuja língua e cultura são radicalmente diferentes da nossa. […] Mas a maioria dos cristãos ocidentais acharia mais fácil compartilhar sua fé em Fiji, na Indonésia ou em Zimbábue do que em Nova York, Sydney ou Londres [ou São Paulo, Rio de Janeiro e Porto Alegre]. Portanto, é tempo de pensar seriamente sobre a missão no mundo ocidental. […]

Hoje, os adventistas estão empenhados como nunca antes no evangelismo público. Na maioria das igrejas, acontecem evangelismo por satélite, seminários proféticos e vários programas usados como pontos de contato (cursos sobre como deixar de fumar, saúde, relacionamento familiar). Pessoas continuam a ser alcançadas com a mensagem do evangelho. Existem testemunhos notáveis de conversão.

Mas precisamos ser honestos com nós mesmos. Uma típica igreja adventista não está transformando sua comunidade local, e muito menos o mundo, através de suas atividades. Não estamos afetando significativamente o coração da cultura ocidental. […]

Muitos preferem deixar a audiência [secular e pós-moderna] fora de seu alcance de consideração. Pensam que não devemos ir ao encontro das pessoas seculares nos próprios termos delas. Dizem o seguinte: “A verdade é a verdade, e ela não deve ser diluída para agradar aqueles que não seguem a Deus. Nosso trabalho é apresentar a mensagem como a conhecemos e amamos, e, se os outros não gostam dela, é problema deles”. […]

Deus vai ao encontro

Contudo, a Bíblia é clara sobre a importância de se dar cuidadosa atenção à cultura da audiência. “As lições deviam ser dadas à humanidade na linguagem da própria humanidade” (Ellen White, O desejado de todas as nações, p. 34). Quanto mais você se familiariza com a Bíblia, mais claro se torna que cada parte da Palavra de Deus foi dada no tempo, local, idioma e cultura de seres humanos específicos.

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Paulo, com seu título de “Ph.D.”, expressa a revelação de Deus de maneira diferente do pescador Pedro. João escreve num grego simples, claro, quase infantil. Por outro lado, o autor de Hebreus escreve num grego complexo e literário. Em Mateus, você vê alguém que compreende a mentalidade judaica e busca alcançá-la. Marcos, por outro lado, alcança a mentalidade gentílica. […]

A linguagem do Novo Testamento não era o grego erudito de Platão e Aristóteles, não era o grego das leis e dos discursos. Era a linguagem do dia a dia! Era a linguagem que as pessoas falavam nas ruas. O Novo Testamento não foi escrito numa linguagem celestial, nem na linguagem da elite cultural, mas na linguagem do dia a dia de pessoas do dia a dia. No Novo Testamento, Deus saiu de Seu caminho para ir ao encontro das pessoas onde elas estavam!

Ellen White afirma:

As Escrituras foram dadas aos seres humanos, não em uma cadeia contínua de ininterruptas declarações, mas parte por parte através de sucessivas gerações, à medida que Deus, em Sua providência, via oportunidade apropriada para impressionar as pessoas nos vários tempos e diversos lugares. […]

A Bíblia foi escrita por homens inspirados, mas não é a maneira de pensar e exprimir-se de Deus. Esta é da humanidade. Deus, como escritor, não Se acha representado. […]

O Senhor deu Sua Palavra justamente pela maneira que queria que ela viesse. Deu-a por meio de diferentes escritores, tendo cada um sua própria individualidade, embora repetindo a mesma história. […] Eles não dizem as coisas exatamente no mesmo estilo. Cada um tem uma experiência sua, própria, e essa diversidade amplia e aprofunda o conhecimento que vem satisfazer as necessidades das variadas mentes (Mensagens escolhidas, v. 1, p. 19, 21-22, grifo nosso).

Tudo para com todos

É esse princípio que motivou Paulo em suas atividades missionárias. A mais clara reflexão de Paulo sobre o assunto, 1 Coríntios 9:19-23, é uma ordem divina para se desenvolver o ministério com pessoas seculares. Paulo diz que alcançar pessoas que são diferentes de nós requer um sacrifício considerável. Se nós temos pouco sucesso em compartilhar o evangelho com pessoas secularizadas, é porque não escolhemos fazer esse sacrifício.

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Embora seja livre de todos, fiz-me escravo de todos, para ganhar o maior número possível de pessoas. Tornei-me judeu para os judeus, a fim de ganhar os judeus. Para os que estão debaixo da Lei, tornei-me como se estivesse sujeito à Lei (embora eu mesmo não esteja debaixo da Lei), a fim de ganhar os que estão debaixo da Lei. Para os que estão sem lei, tornei-me como sem lei (embora não esteja livre da lei de Deus, e sim sob a lei de Cristo), a fim de ganhar os que não têm a Lei. Para com os fracos tornei-me fraco, para ganhar os fracos. Tornei-me tudo para com todos, para de alguma forma salvar alguns. Faço tudo isso por causa do evangelho, para ser co-participante dele (1Co 9:19-23).

Essa é uma ordem para alcançarmos pessoas que são “diferentes” de nós. É uma ordem para aprendermos a falar às pessoas em uma linguagem que faça sentido a elas. […]

Deus nos convida a seguirmos Seu exemplo e irmos ao encontro das pessoas onde elas estão.

Jon Paulien, Ph.D., é diretor da Faculdade de Teologia da Universidade de Loma Linda (EUA). Retirado de Everlasting Gospel, Ever-changing World: Introducing Jesus to a Skeptical Generation (Boise, ID: Pacific Press, 2008), p. 13-18.

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Apocalipse 12:1 https://missaoposmoderna.biblecast.com.br/2013/04/apocalipse-121/ Thu, 01 Jan 1970 00:00:00 +0000 http://rabis.co/migramissaopos/2013/04/apocalipse-121/ Apareceu no céu um sinal extraordinário: uma mulher vestida do sol, com a lua debaixo dos seus pés e uma coroa de doze estrelas sobre a cabeça (Ap 12:1). Um sinal extraordinário Essa é a primeira vez que a palavra “sinal” aparece no Apocalipse. A palavra indica uma cena visual …

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Apareceu no céu um sinal extraordinário: uma mulher vestida do sol, com a lua debaixo dos seus pés e uma coroa de doze estrelas sobre a cabeça (Ap 12:1).

Um sinal extraordinário

Essa é a primeira vez que a palavra “sinal” aparece no Apocalipse. A palavra indica uma cena visual impressionante (Ap 12:3; 15:1), mas também se refere aos milagres demoníacos do fim dos tempos (Ap 13:13-14; 16:14; 19:20 ). No Novo Testamento, “sinais” também podem ser presságios dos últimos dias (Lc 21:11, 25; At 2:19). Portanto, o autor do Apocalipse pode estar usando a palavra para indicar que a segunda metade do livro irá focalizar os últimos dias da história da Terra.

Apareceu no céu

“Apareceu” traduz um verbo que está na forma passiva: “foi visto” (em grego, ôphthê). Essa palavra é usada apenas três vezes no livro, todas elas em um trecho de apenas quatro versículos (Ap 11:19-12:3). O surpreendente é que, em geral, as visões do Apocalipse são introduzidas com as palavras “e eu vi” (kai eidon, um aoristo ativo). Portanto, a expressão “foi visto” se destacaria para o leitor do texto original em grego.

Essa observação indica duas coisas. 1) Apocalipse 12 está intimamente ligado a 11:19, que funciona como uma “introdução do santuário” para a visão dos capítulos 12-14. 2) Apocalipse 12 provavelmente seja um ponto de virada do livro como um todo. Nos primeiros onze capítulos do livro, o foco está no movimento de toda a história do cristianismo. Mas, na segunda metade do livro (capítulos 12-22), a ênfase está nos eventos finais da história da Terra, até depois do retorno de Jesus.

Daniel 03

Uma mulher vestida do sol

Sempre que um novo personagem aparece no Apocalipse (neste caso, a mulher), o autor gasta tempo em fazer uma descrição visual dele. Além disso, apresenta um pouco do passado do personagem antes de descrever a relação dos atos dele com a visão do capítulo. Apocalipse 12:1-5 apresenta três novos personagens: a mulher, o dragão e o filho homem. A apresentação da mulher ocorre em Apocalipse 12:1-2. As ações dela em relação à visão de Apocalipse 12 ocorrem nos versículos 5-16.

Nesse texto, a mulher vestida do sol, da lua e das estrelas representa a continuidade do povo de Deus, começando com o Israel do Antigo Testamento e indo até o fim dos tempos. No Antigo Testamento, essas imagens são encontradas no sonho de José (Gn 37:9), no qual as estrelas se inclinavam para ele. Os símbolos também estão presentes na descrição da noiva de Salomão:

Quem é essa que aparece como o alvorecer, bela como a lua, brilhante como o sol, admirável como um exército e suas bandeiras? (Ct 6:10).

Pessoas apaixonadas muitas vezes fazem comparações exageradas como essa!

Essa linguagem romântica é usada para descrever o relacionamento de Deus com Israel:

Pois o seu Criador é o seu marido, o Senhor dos Exércitos é o Seu nome, o Santo de Israel é seu Redentor; Ele é chamado o Deus de toda a Terra. O Senhor chamará você de volta como se você fosse uma mulher abandonada e aflita de espírito, uma mulher que se casou nova apenas para ser rejeitada, diz o seu Deus (Is 54:5-6; veja também Ez 16:8; Os 2:14-20; 1Co 11:2; Ef 5:25-32; Ap 19:7-8).

Quando Israel era fiel, era usada a linguagem de um casamento feliz e bem-sucedido. Quando Israel era infiel, era usada a linguagem de adultério, divórcio e prostituição (Ez 16; 23; Os 2:1-13; Jr 3:6-10; Ap 17:1-5).

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Assim, a mulher representa todo o povo de Deus (as 12 estrelas remetem às 12 tribos de Israel e aos 12 apóstolos). Apocalipse 12 retrata uma continuidade entre o povo de Deus do Antigo Testamento e a igreja cristã. Embora Apocalipse 12-22 se concentre principalmente nos eventos finais da história da Terra, é dado o contexto mais amplo: uma breve história do povo de Deus desde a época do Antigo Testamento até o fim dos tempos.

Sete personagens no conflito

A mulher é a primeira das sete figuras marcantes de Apocalipse 12-14. As sete figuras são: a mulher, que representa o povo de Deus, tanto o Israel do Antigo Testamento como a igreja (Ap 12); três figuras representam Satanás: o dragão (Ap 12), a besta do mar e a besta da terra (Ap 13); e três figuras se referem a Cristo: Miguel (Ap 12), o Cordeiro (Ap 13) e o Filho do Homem (Ap 14). O conteúdo dessa seção é desenvolvido por sete figuras simbólicas.

Essa seção do livro deixa claro que a batalha entre o bem e o mal que se desenrola na Terra envolve uma luta cósmica que começou muito antes do nascimento de Cristo (Ap 12:3-5). Em outras palavras, o que acontece com a mulher (o povo de Deus) é determinado pelo que acontece na guerra cósmica entre Cristo e Satanás. Essa guerra alcançou a Terra, e o Apocalipse remove a cortina para que possamos compreender essa batalha cósmica. Quando alguém luta contra o mal em sua própria vida, está enfrentando as consequências de um conflito muito maior.

Jon Paulien, Ph.D., é diretor da Faculdade de Teologia da Universidade de Loma Linda (EUA). Retirado da sua página no Facebook.

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Apocalipse 12 https://missaoposmoderna.biblecast.com.br/2013/04/apocalipse-12/ Thu, 01 Jan 1970 00:00:00 +0000 http://rabis.co/migramissaopos/2013/04/apocalipse-12/ Deste capítulo em diante, o Apocalipse é diferente. Pela primeira vez, vemos a descrição detalhada de um estranho animal, diferente de tudo o que existe na natureza. Ele tem sete cabeças e dez chifres. Essa é uma história de animais, mas, na verdade, não fala realmente sobre animais. É uma parábola …

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Deste capítulo em diante, o Apocalipse é diferente. Pela primeira vez, vemos a descrição detalhada de um estranho animal, diferente de tudo o que existe na natureza. Ele tem sete cabeças e dez chifres. Essa é uma história de animais, mas, na verdade, não fala realmente sobre animais. É uma parábola semelhante a desenhos animados que usam animais para descrever a realidade humana.

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Isso me lembra o filme da Disney, O Rei Leão. Nele, um grupo de leões domina (em geral de maneira benevolente) os animais que vivem nas planícies da África. Essa é uma história de animais cujo tema não é realmente animais. Na verdade, ela trata das relações entre pessoas e entre grupos de pessoas.

O livro do Apocalipse era como um Rei Leão para o mundo antigo. Ele não fala sobre animais, mas sobre questões, poderes e relações entre grupos de pessoas. Em Apocalipse 12, há uma mulher, um menino e um dragão. No capítulo 13, há outros animais, cada um estranho o suficiente para percebermos que não devem ser entendidos ao pé da letra. Apocalipse 12 e 13 é como uma parábola ou desenho animado a respeito da nossa vida aqui na Terra.

Contexto do Novo Testamento

Apocalipse 12 nos revela sobre dois fatos muito importantes sobre o contexto em que o Novo Testamento foi escrito. Em primeiro lugar, os desafios enfrentados por Jesus enquanto esteve na Terra se originaram em uma guerra celestial. Tanto os acontecimentos normais como os inusitados da vida de Jesus tinha um significado cósmico, universal. Se Apocalipse 12 não estivesse na Bíblia, não saberíamos tanto sobre esses assuntos.

Em segundo lugar, após a ascensão de Jesus, o foco da guerra cósmica se moveu da pessoa de Jesus para a igreja. Em Apocalipse 12:6 e 12:14, há uma dupla referência a essa mudança. Em linguagem em forma de imagens, depois que a mulher dá à luz o filho e Ele é arrebatado para o Céu, a mulher é atacada pelo dragão. Ela é levada ao deserto e cuidada durante 1.260 dias. Sendo vez que o ministério de Jesus, desde o Seu batismo até a Sua crucificação, durou cerca de três anos e meio, a experiência da mulher neste capítulo se baseia no ministério terrestre de Cristo.

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Características do capítulo

Como vimos no artigo anterior, o cenário do capítulo 12 e seguintes se encontra em Apocalipse 11:19, que descreve a arca da aliança no templo celestial. Essa cena nos remete a pelo menos quatro temas: 1) a presença e a misericórdia de Deus; 2) os Dez Mandamentos, que estavam contidos na arca; 3) o Livro da Aliança, que ficava junto à arca; e 4) o Dia da Expiação e seus serviços. O segundo tema, os mandamentos de Deus, parece ser o foco principal dos capítulos 12-14.

No capítulo 12, há três seções principais, mas é difícil estabelecer uma divisão exata. O estudioso Ranko Stefanovic apresenta uma divisão que se baseia na narrativa literária. Nesse caso, a organização dos versículos seria a seguinte: 1) 1-6, 2) 7-13 e 3) 14-17. Mas, se queremos estabelecer uma divisão com base na cronologia dos eventos históricos,  então o paralelo entre os versículos 6 e 14 precisa ser levado a sério. Nesse caso, a divisão do capítulo seria: 1) 1-5, 2) 7-12 e 3) 6, 13-17.

Jon Paulien, Ph.D., é diretor da Faculdade de Teologia da Universidade de Loma Linda (EUA). Retirado da sua página no Facebook.

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Apocalipse 11:19 https://missaoposmoderna.biblecast.com.br/2013/04/apocalipse-1119/ https://missaoposmoderna.biblecast.com.br/2013/04/apocalipse-1119/#comments Thu, 01 Jan 1970 00:00:00 +0000 http://rabis.co/migramissaopos/2013/04/apocalipse-1119/ Então foi aberto o santuário de Deus nos Céus, e ali foi vista a arca da Sua aliança. Houve relâmpagos, vozes, trovões, um terremoto e um grande temporal de granizo (Ap 11:19). Esse versículo introduz uma nova cena a respeito do santuário. Cenas como essa introduzem cada nova visão no …

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Então foi aberto o santuário de Deus nos Céus, e ali foi vista a arca da Sua aliança. Houve relâmpagos, vozes, trovões, um terremoto e um grande temporal de granizo (Ap 11:19).

Esse versículo introduz uma nova cena a respeito do santuário. Cenas como essa introduzem cada nova visão no livro (Ap 1:12-20; 4-5; 8:2-6). A palavra grega traduzida como “santuário” nesse versículo é naós, que se refere à parte mais interna do templo, o Lugar Santíssimo. Nesse contexto, encontramos a arca da aliança pela primeira e única vez no Apocalipse. A arca era o objeto central do Lugar Santíssimo no santuário do Antigo Testamento. Por isso, o fato de que ela é mencionada nesse versículo, e apenas nele, indica um profundo significado para esse texto e os capítulos seguintes (Ap 12-14).

A arca da aliança

Qual é o significado da arca da aliança nessa passagem? Existem várias possibilidades:

1) O “propiciatório” (a tampa da arca) era o lugar em que o próprio Deus morava no santuário hebraico. Portanto, a arca representava a presença real e a habitação de Deus com o Seu povo. Se esse tema estiver em vista em Apocalipse 11:19, então todos os eventos de Apocalipse 12-14 precisam ser compreendidos à luz da presença e da misericórdia de Deus.

2) A arca da aliança continha as tábuas de pedra dos Dez Mandamentos. Se esse tema estiver em vista aqui, os eventos seguintes estariam centralizados de alguma forma na lei de Deus.

3) O Livro da Aliança (provavelmente o Deuteronômio) foi armazenado no Lugar Santíssimo (Dt 31:24-26), perto da arca. Esse livro era um lembrete do firme compromisso de Deus em estar com o Seu povo ao longo de toda a história.

4) O Dia da Expiação era o único dia do ano em que a arca e o Lugar Santíssimo estavam diretamente envolvidos nos serviços do santuário. O fato de que, em Apocalipse 11:19, a arca foi vista pode apontar para o Dia da Expiação. Se esse tema estiver em vista aqui, Apocalipse 12-14 estaria relacionado com o juízo final.

Em realidade, não precisamos escolher apenas uma dessas possibilidades. Todos os quatro elementos parecem estar presentes no texto e ser relevantes para os eventos de Apocalipse 12-14.

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Acredito que a principal razão para a arca da aliança ser mencionada nesta parte do Apocalipse é destacar a sua ligação com os Dez Mandamentos. Os mandamentos de Deus são mencionados explicitamente em dois textos-chave da mesma visão (Ap 12:17; 14:12). Conforme veremos, a primeira tábua da lei desempenha um papel importante no capítulo 13, e existe uma alusão ao sábado em 14:7. Além disso, Apocalipse 15:5-8 contém uma forte alusão a Êxodo 34, que faz referência aos Dez Mandamentos. Portanto, Apocalipse 11:19 e o capítulo 15 servem como um suporte ou moldura para os capítulos 12-14, enfatizando os Dez Mandamentos como um tema central dessa seção do Apocalipse.

Manifestação divina

Relâmpagos, vozes, trovões, terremoto e grande temporal de granizo trazem à lembrança como esses eventos marcantes são repetidos em vários pontos decisivos no Apocalipse (Ap 4:5; 8:5; 11:19; 16:18). No Antigo Testamento, esses fenômenos muitas vezes acompanham uma teofania (a manifestação da presença de Deus; veja Êx 19:11, 16-20; 20:18-21; Dt 5:22-23; cf. Hb 12:18-21). Eles certamente destacam a importância desse versículo para o fluxo da visão.

Ligação com o capítulo 12

Há várias evidências de que Apocalipse 11:19 está naturalmente ligado ao capítulo 12. Uma delas é a provável alusão a Isaías 66:6-7. Nesse texto, lemos:

Ouçam o estrondo que vem da cidade, o som que vem do templo! É o Senhor que está dando a devida retribuição aos Seus inimigos. Antes de entrar em trabalho de parto, ela dá à luz; antes de lhe sobrevirem as dores, ela ganha um menino.

Em Isaías 66, é mencionada uma voz que vem do templo. Em seguida, há a descrição de uma mulher que dá à luz um filho antes de entrar em trabalho de parto. Assim como a mulher de Apocalipse 12, a mulher de Isaías representa o povo de Deus: Jerusalém e Sião (Is 66:7-13).

Jon Paulien, Ph.D., é diretor da Faculdade de Teologia da Universidade de Loma Linda (EUA). Retirado da sua página no Facebook.

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O Deus acessível https://missaoposmoderna.biblecast.com.br/2013/04/o-deus-acessivel/ Thu, 01 Jan 1970 00:00:00 +0000 http://rabis.co/migramissaopos/2013/04/o-deus-acessivel/ Quero lhe apresentar meu amigo João. João acredita que Deus existe. Ele só não acha que conhecer a Deus seja tão complicado quanto lhe disseram. Ele ouviu que a “igreja” é o lugar no qual podemos encontrar Deus. Mas João não está muito interessado em ir à igreja. Lá você tem …

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Quero lhe apresentar meu amigo João. João acredita que Deus existe. Ele só não acha que conhecer a Deus seja tão complicado quanto lhe disseram. Ele ouviu que a “igreja” é o lugar no qual podemos encontrar Deus. Mas João não está muito interessado em ir à igreja. Lá você tem que ficar parado. Cantar. Ouvir um sermão. Vestir-se bem. Tem que se comportar de determinada maneira. Você não tem a chance de interagir, fazer perguntas ou contribuir com suas próprias ideias. Você não pode ser você mesmo.

Mas pense comigo. Jesus foi a manifestação visível do Deus invisível. Ele era o Deus acessível. Jesus não se escondeu em um edifício, atrás de um diploma ou dentro de um ritual. Ele veio para onde estávamos. Viveu uma vida humana. Interagiu com todo tipo de pessoa, de todas as origens. Ele se encontrava com as pessoas face a face. Ele as envolvia em diálogos pessoais. Claro, às vezes Ele pregou para grandes multidões, mas esta não era a sua principal estratégia.

Em Jesus, Deus se fez completamente acessível. Ele rasgou a cortina do templo. Ele se fez sacrifício para acabar com todos os sacrifícios. Removeu todos os obstáculos entre si e a humanidade.

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Seria impossível ser mais acessível do que isso.

Será que estamos apenas levando o evangelho a pessoas que gostam de cantar hinos e de ouvir sermões? Não podemos tornar mais fácil para as pessoas conhecerem a Deus – esse Deus profundamente relacional – em nossas igrejas? Talvez pudéssemos começar a ter encontros mais pessoais. Permitir a interação e o diálogo. Incentivar as pessoas a fazer perguntas, contribuir com suas ideias e ouvir um ao outro. Deixar as pessoas serem elas mesmas.

Isso pode não se parecer muito com a ideia comum de “igreja”, mas assim talvez João (e muitos outros) pudesse finalmente encontrar o Deus acessível.

Kathleen Ward, Church in a Circle.

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Os exemplos bíblicos, bem como as realidades da pós-modernidade, mostram que devemos nos mover de uma missão centralizada na igreja para uma igreja centralizada na missão. A igreja não é o alvo da missão, mas o instrumento por meio do qual a missão pode ser cumprida. – Jon Paulien, Everlasting Gospel, Ever-changing World: Introducing Jesus to a Skeptical Generation (Boise, ID: Pacific Press, 2008), p. 126.

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Apocalipse 11:18 https://missaoposmoderna.biblecast.com.br/2013/04/apocalipse-1118/ Thu, 01 Jan 1970 00:00:00 +0000 http://rabis.co/migramissaopos/2013/04/apocalipse-1118/ As nações se iraram; e chegou a Tua ira. Chegou o tempo de julgares os mortos e de recompensares os Teus servos, os profetas, os Teus santos e os que temem o Teu nome, tanto pequenos como grandes, e de destruir os que destroem a Terra (Ap 11:18). A chave …

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As nações se iraram; e chegou a Tua ira. Chegou o tempo de julgares os mortos e de recompensares os Teus servos, os profetas, os Teus santos e os que temem o Teu nome, tanto pequenos como grandes, e de destruir os que destroem a Terra (Ap 11:18).

A chave de Apocalipse 12-22

Apocalipse 11:18 contém cinco afirmações básicas. A sétima trombeta é o momento em que (1) as nações se iram, (2) chega a ira de Deus, (3) os mortos são julgados, (4) os santos são recompensados e (5) os que destroem a Terra são destruídos. Essas cinco afirmações formam um clímax apropriado para os juízos das sete trombetas.

Como já vimos, Apocalipse 11:18 é um texto duodirecional. Isto é, os cinco elementos principais desse versículo não apenas concluem os juízos das sete trombetas, mas também são um resumo prévio da segunda metade do Apocalipse (capítulos 12-22). A linguagem desse versículo é repetida nos pontos de virada da segunda metade do livro e dão pistas sobre como João teria estruturado essa parte do livro.

Portanto, temos o seguinte:

  • Apocalipse 12-14 – a ira das nações; especialmente o capítulo 13, mas também a atuação do dragão no capítulo 12.
  • Apocalipse 15-18 – a ira de Deus; a resposta de Deus ao ataque das nações no tempo do fim.
  • Apocalipse 19-20 – a destruição das nações e o julgamento dos mortos.
  • Apocalipse 21-22 – a recompensa dos santos.

Os cinco elementos principais de Apocalipse 11:18 estão organizados em dois grupos. O primeiro grupo é formado por duas frases que mencionam ira. A primeira frase usa um verbo (ôrgisthêsan) e expressa a ira das nações. A segunda expressa a resposta de Deus à ira das nações por meio de um substantivo (orge): “chegou a Tua ira”.

O segundo grupo no versículo envolve três verbos no infinitivo (“julgar”, “dar” [a recompensa] e “destruir”) que estão ligados a uma só frase: “chegou o tempo”. Essa frase une os três últimos elementos principais do versículo. O julgamento expresso no terceiro elemento claramente possui elementos positivos e negativos: é tempo de recompensar e de destruir.

Analisemos em mais detalhes cada parte do versículo.

A ira das nações

Vamos comparar as cinco declarações-chave desse versículo com os principais pontos de virada da segunda metade do livro. A primeira declaração é que “as nações se iraram”. Elas se iram porque tentam se opor ao fato de que Deus toma posse dos reinos do mundo (Ap 11:15-17).

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Nesse texto, o verbo para “irar-se” (ôrgisthêsan) é ecoado de maneira enfática mais adiante, em Apocalipse 12:17 (“O dragão irou-se”). Apocalipse 12:17 é simplesmente o versículo decisivo dos capítulos 12-14. É o clímax dos eventos históricos do capítulo 12, que, do começo ao fim, apresenta as ações do dragão.

Além disso, a ira do dragão contra a mulher em 12:17 resume o capítulo 13. A guerra furiosa contra os descendentes da mulher é levada avante pela besta do mar (13:1-10) e pela besta da terra (13:11-18). Por outro lado, o caráter e a mensagem dos descendentes da mulher (Ap 12:17) está no coração do capítulo 14 (v. 1-12). Então, na simples frase “as nações se iraram”, o autor do Apocalipse resumiu a essência dos capítulos 12-14.

A ira de Deus

O segundo anúncio neste versículo é que chegou a ira de Deus. Essa frase é ecoada em Apocalipse 15:1 (cf. 14:10), que apresenta as sete pragas como o meio pelo qual “se completa a ira de Deus”. Embora a sétima trombeta seja o “terceiro ai” (Ap 11:14), ela não é tão terrível como os dois primeiros ais (Ap 8:13-9:21). Isso porque a descrição completa do terceiro ai é deixada para as sete pragas de Apocalipse 16.

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Essa simples frase em Apocalipse 11:18 prepara o leitor para uma seção importante da segunda metade do livro. Apocalipse 17:1 e 17:18 relacionam os capítulos 17 e 18 aos eventos das pragas (capítulos 15-16); portanto, toda a seção de Apocalipse 15-18 é resumida na breve descrição de 11:18: “Chegou a Tua ira”. Apocalipse 15-18 descreve a resposta de Deus à ira das nações, simbolizada pela atividade do dragão e de seus aliados em Apocalipse 13 (cf. 16:13-14).

Essa explicação nos ajuda a compreender melhor a segunda metade do livro. É difícil posicionar os capítulos 17 e 18 na estrutura do Apocalipse. Alguns estudiosos os conectam ao capítulo 19, outros ao capítulo 16 e ainda outros os situam em uma unidade separada. Apocalipse 11:18 fornece a chave para uni-los à “ira de Deus”, tal como é expressa nas sete pragas.

Podemos perguntar: Com base nas duas primeiras frases deste versículo e de seus paralelos em Apocalipse 12:17 e 15:1, qual é a questão central discutida em Apocalipse 12-18? A resposta é esta: Na crise final da história da Terra, as grandes potências do mundo se opõem a Deus (“as nações se iraram” contra Deus) e O atacam ao atacar o Seu povo (capítulos 12-14). Deus responde decisivamente nos capítulos 15-18, oferecendo um poderoso contra-ataque aos poderes que estão oprimindo o Seu povo. Portanto, o tema central de Apocalipse 12-18 é a última batalha espiritual entre Deus e os poderes malignos e opressores do mundo.

O julgamento dos mortos

O “tempo de [julgar] os mortos” nos leva aos mil anos de Apocalipse 20. A linguagem aponta especificamente para o versículo 12, que fala sobre o julgamento dos mortos diante do grande trono branco, no final do milênio. Se adotamos uma posição pré-milenarista (isto é, a segunda vinda de Cristo ocorre antes dos mil anos), a sétima trombeta não cobre apenas o curto período entre o fim do tempo de graça e a Segunda Vinda, mas se estende muito além: envolve todo o cenário de Apocalipse 20, incluindo os eventos do fim dos mil anos.

A recompensa dos santos

A Bíblia de Jerusalém reflete com precisão o texto original: “dar a recompensa”. A combinação das palavras “dar” (dounai) e “recompensa” (misthon) antecipa especificamente Apocalipse 22:12, em que Jesus promete trazer Sua recompensa consigo quando voltar.

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A palavra “recompensa” é usada muitas vezes no Novo Testamento para descrever o pagamento do salário (Mt 20:8; Lc 10:7; Jo 4:36; 1Tm 5:18; 2Pd 2:13, 15). Contudo, em Apocalipse 11:18 e 22:12, trata-se de uma metáfora, porque a recompensa da vida eterna não é adquirida por nós, mas a recebemos “de graça” (22:17).

Apocalipse 22:12 é um versículo-chave que nos leva a toda seção sobre a Nova Jerusalém (Ap 21-22). Então, mais uma vez, 11:18 resume com antecedência o que vem a seguir.

A destruição dos que destroem a Terra 

A frase “destruir os que destroem a Terra” não se refere à ecologia, mas provavelmente remete à história do Dilúvio. Gênesis 6:11-14 usa linguagem semelhante para mostrar que a Terra estava cheia de iniquidade, o que levou à sua destruição por um dilúvio. Jeremias usa palavras semelhantes para falar a respeito dos pecados da antiga Babilônia (Jr 51:25).

A destruição dos que “destroem a Terra” também aparece no texto grego de Apocalipse 19:2. Em português, Apocalipse 19:2 afirma que Babilônia “corrompia a Terra”, mas, em grego, é usado o mesmo verbo que em 11:18 (Ap 11:18 – diaphtheirai; 19:2 – ephtheiren). Essa é uma interessante explicação adicional sobre 11:18, já que o capítulo 19 é a única parte de Apocalipse 12-22 que não está relacionada aos quatro primeiros elementos-chave de Apocalipse 11:18. Portanto, essa frase completa as referências a Apocalipse 12-22 presentes nesse versículo.

Conclusão

Quando comparamos Apocalipse 11:18 com passagens-chave dos capítulos 12-22, concluímos que esse texto não é apenas o clímax das sete trombetas, mas oferece um resumo do que ocorrerá no restante do livro. Ele é como uma articulação que une as duas metades do Apocalipse. Em apenas uma frase, o autor apresenta o esboço dos eventos que serão narrados na segunda metade do livro.

Podemos resumir da seguinte forma o estudo que fizemos acima:

  • Apocalipse 12-14 – A ira das nações inclui a ira do dragão (Ap 13) e a resposta do remanescente (Ap 14). Apocalipse 12-14 apresenta a essência da batalha a partir da perspectiva terrestre do dragão e do remanescente.
  • Apocalipse 15-18 – A ira de Deus mostra a batalha final a partir da perspectiva de Deus, incluindo a Sua resposta à ira das nações. Ele dá início às pragas e derrota a prostituta Babilônia e a cidade de Babilônia.
  • Apocalipse 19 – Deus destrói os que destroem a Terra.
  • Apocalipse 20 – O milênio. Ele é mais bem situado após os eventos dos capítulos 12-19. Estudaremos a respeito dessa questão no comentário de Apocalipse 20.
  • Apocalipse 21-22 – A nova Terra.

Jon Paulien, Ph.D., é diretor da Faculdade de Teologia da Universidade de Loma Linda (EUA). Retirado da sua página no Facebook.

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