Jacques Doukhan Archives - Missão Pós-Moderna https://missaoposmoderna.biblecast.com.br/tag/jacques-doukhan/ cristianismo no mundo contemporâneo Sun, 18 Feb 2018 01:53:12 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=6.0.1 https://missaoposmoderna.biblecast.com.br/wp-content/uploads/2018/02/missaopm-alpha-ico-150x150.png Jacques Doukhan Archives - Missão Pós-Moderna https://missaoposmoderna.biblecast.com.br/tag/jacques-doukhan/ 32 32 Os três filhos de Abraão https://missaoposmoderna.biblecast.com.br/2014/07/os-tres-filhos-de-abraao/ https://missaoposmoderna.biblecast.com.br/2014/07/os-tres-filhos-de-abraao/#comments Mon, 21 Jul 2014 10:00:53 +0000 http://rabis.co/migramissaopos/?p=1026 Desde 11 de setembro de 2001, a tensão entre judaísmo, islã e cristianismo tem crescido. Cada religião afirma adorar o único Deus verdadeiro e enfatiza alguns aspectos do caráter de Deus. Mas, sempre que as pessoas estão em desacordo, elas tendem a se afastar das coisas que os seus oponentes …

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Desde 11 de setembro de 2001, a tensão entre judaísmo, islã e cristianismo tem crescido. Cada religião afirma adorar o único Deus verdadeiro e enfatiza alguns aspectos do caráter de Deus.

Mas, sempre que as pessoas estão em desacordo, elas tendem a se afastar das coisas que os seus oponentes enfatizam porque não querem se parecer com o “adversário”. Nesse processo, deixam de lado ideias que Deus deseja que preservassem.

Quando os judeus e os cristãos se separaram, a partir do fim do primeiro século, foi como se tomassem a verdade de Deus que compartilhavam e a dividissem. Cada grupo perdeu alguns elementos importantes nesse processo. Então surgiu Maomé e tentou, creio eu, fazê-los retornar ao que haviam perdido. Mas essa tentativa falhou, e as três religiões se tornaram ainda mais hostis uma à outra.

Sempre que alguém sustenta crenças diferentes das nossas, é fácil dizer: “Se eu estou certo, então você sem dúvida está errado”. Essa é uma conclusão perigosa, porque, quando apontamos o dedo para acusar alguém, é provável que deixemos de aprender o que Deus deseja nos ensinar através dessas pessoas – até em meio a crenças defeituosas.

É fácil comparar o melhor de nossa religião com o pior da religião do outro e ter a sensação de que estamos muito bem. Mas isso não é justo nem construtivo. O que aconteceria se víssemos o melhor na fé dos outros? Poderíamos ter muitas surpresas. Quais são as melhores e mais positivas contribuições de cada fé monoteísta existente no mundo? E quais aspectos singulares e centrais de cada fé as outras duas têm desprezado ou subestimado?

Outro tipo de “ecumenismo”

Os princípios centrais do cristianismo são o evangelho, a graça e Jesus. O judaísmo e o islã têm elementos de graça, mas não a plenitude apresentada pelo evangelho. Os valores centrais do judaísmo em grande parte desprezados pelas outras religiões são a lei, a obediência e o sábado. E o islã, por sua vez, enfatiza a submissão, o juízo final e a escatologia. O cristianismo e o judaísmo têm se esquivado desses últimos temas em parte porque os muçulmanos os proclamam e praticam.

Os valores centrais dessas três religiões se tornaram símbolos de divisão. Mas, quando analisamos cuidadosamente essas crenças, começamos a descobrir que o remanescente do Apocalipse expressa todas elas. Evidentemente, é propósito de Deus que, no tempo do fim, exista um grupo de pessoas fiéis à plenitude da sua Palavra. E, dessa fidelidade, surgirá um conjunto de crenças e de prática que será igualmente atraente aos fiéis de todas as grandes religiões do mundo.

Quase 2 mil anos atrás, Deus designou uma mensagem que seria especialmente apropriada à época em que vivemos. Assim, o remanescente de Deus terá uma mensagem não apenas para os cristãos, mas para os judeus, os muçulmanos, os budistas, os hindus – para todas as pessoas. O remanescente final será formado por todos aqueles que forem fiéis a Deus para encontrarem Jesus quando Ele vier.  O cristianismo – com sua mensagem sobre o evangelho, a graça e Jesus –, o judaísmo – com a lei, a obediência e o sábado – e o islã – com a submissão, o juízo final e a escatologia – reunirão o povo de Deus.

Estes são apenas vislumbres do que pode ocorrer. Mas o Apocalipse me diz que os melhores dias para o povo de Deus ainda estão por vir. – Jon Paulien, Seven Keys: Unlocking the Secrets of Revelation (Nampa, ID: Pacific Press, 2009), p. 114-117.

Existe outro tipo de “ecumenismo”, que consiste no chamado de Deus a muitos indivíduos de cada instituição religiosa do globo. Entre católicos, muçulmanos, hindus, judeus, budistas e todos os demais grupos, há muitas pessoas que estão buscando a verdade e vivem um relacionamento com Deus. Por meio do Espírito Santo, Deus está presente em cada lugar antes mesmo que os missionários cheguem lá. Tenho encontrado a fé genuína em muitos lugares que jamais imaginei. […] O remanescente de Deus do tempo do fim será formado por pessoas de todas as nações, tribos, línguas, povos e – sim – religiões. – Jon Paulien, “Ecumenismo versus exclusivismo”.

Simpósio “Nosso pai Abraão”

Embora o cristianismo, o islã e o judaísmo compartilhem da herança comum de Abraão, essas três importantes religiões têm vivido em conflito e incompreensão durante séculos. Um grupo interconfessional de estudiosos se reuniu [em 28 de março de 2006] no campus da Andrews University (EUA) para analisar e compartilhar soluções para as atitudes distorcidas e equívocos entre as três religiões. […]

Participantes do simpósio

As apresentações exploraram as dimensões sociológicas, éticas e filosóficas de cada religião, bem como os fundamentos teológicos da atitude de cada crença em relação às outras duas, buscando substituir a estreiteza mental e o antagonismo pelo terreno comum. O simpósio “Our Father Abraham” (Nosso pai Abraão) foi patrocinado pela Associação Internacional de Liberdade Religiosa, pelo Seminário Teológico Adventista do Sétimo Dia (Andrews University) e por Shabbat Shalom, uma revista que aborda as relações entre judeus e cristãos. – “Symposium Addresses Shared Jewish-Christian-Muslim Heritage”.

As apresentações do simpósio estarão disponíveis na obra The Three Sons of Abraham: Interfaith Encounters Between Judaism, Christianity and Islam (Nova York: I. B. Tauris, 2014), organizada por Jacques Doukhan, professor de teologia na Andrews University.

A respeito desse livro, Michael Barnes, professor de relações inter-religiosas na Universidade de Londres, declara: “Judeus, cristãos e muçulmanos geralmente definem a si mesmos com base nas diferenças em relação aos outros. Este livro ousa pensar de forma diferente e explorar as implicações de uma pergunta diferente: Como as três versões da tradição profética originada com Abraão podem ser pensadas em conjunto – em termos complementares em vez de competitivos? Este volume sensível, incisivo mas sempre acessível aborda um dos grandes problemas de nossa época, do qual o diálogo mais amplo de religiões e culturas só pode se beneficiar. Ao incluir o islã no que é muitas vezes referida como a ‘tradição judaico-cristã’, os autores propõem uma alternativa admiravelmente generosa para a rivalidade destrutiva que tão dolorosamente tem afastado os ‘filhos de Abraão’ uns dos outros”.

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Compartilhando a fé com os judeus https://missaoposmoderna.biblecast.com.br/2014/06/compartilhando-a-fe-com-os-judeus/ https://missaoposmoderna.biblecast.com.br/2014/06/compartilhando-a-fe-com-os-judeus/#comments Mon, 23 Jun 2014 15:21:23 +0000 http://rabis.co/migramissaopos/?p=1783 Jacques Doukhan nasceu na Argélia (norte da África), em uma família judia. Frequentou a Sinagoga e estudou hebraico. Fez todos os estudos judaicos da Bíblia e do Talmude. Quando aceitou Jesus como o Messias, estudou Filosofia na França, por dois anos, desistindo, depois, para estudar Teologia. Obteve doutorado em literatura …

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Jacques Doukhan nasceu na Argélia (norte da África), em uma família judia. Frequentou a Sinagoga e estudou hebraico. Fez todos os estudos judaicos da Bíblia e do Talmude. Quando aceitou Jesus como o Messias, estudou Filosofia na França, por dois anos, desistindo, depois, para estudar Teologia. Obteve doutorado em literatura hebraica, pela Universidade de Estrasburgo, um segundo doutorado em Bíblia Hebraica, pela Universidade Andrews (EUA), e fez pós-doutorado na Universidade Hebraica de Jerusalém. Trabalhou como pastor e foi diretor, por quatro anos, do seminário adventista das Ilhas Maurício.

Hoje é diretor do Instituto de Estudos Judaico-Cristãos do Seminário Teológico Adventista da Universidade Andrews, em Berrien Springs, Michigan, e tem realizado palestras em muitos países ao redor do mundo, a judeus e cristãos. Casado com a doutora em música Liliane, tem uma filha formada em Filosofia.

Nesta entrevista, concedida a Michelson Borges, o Dr. Doukhan conta um pouco de sua experiência e fala sobre o relacionamento dos cristãos com os judeus. Embora ele traga na carne as tensões judaico-cristãs, considera-se “um judeu que sabe ser cristão e um cristão que sabe ser judeu”. 


Como o senhor aceitou a Jesus como o Messias?

O que mais me convenceu acerca do Messias foi o capítulo nove de Daniel. [Confira o recente livro do Dr. Doukhan sobre as profecias messiânicas da Bíblia Hebraica, intitulado On the Way to Emmaus: Five Major Messianic Prophecies Explained (Clarksville, MD: Messianic Jewish, 2012). Sobre Daniel 9, veja p. 149-194.] Houve outras experiências particulares, inclusive uma bastante violenta que quase me “empurrou” ao Messias, aos 18 anos. Há pessoas que necessitam de um empurrão para poder responder; para outros, basta um murmúrio. 

No que a guerra de libertação da Argélia influenciou seus planos?

Fui preso e tive muitos problemas em relação ao sábado e ao uso de armas. Havia um capitão, assassino, anti-semita e que bebia muito, que muitas vezes me chamava de judeu imundo. Ele me fazia ir até ele e me dava ordens nas sextas-feiras à noite, tentando me obrigar a trabalhar. Cada vez que eu recusava, era torturado. 

Cinco meses depois de tanto apanhar, eu disse a Deus que não suportaria mais. No sábado pela manhã, aquele capitão mandou que eu pegasse minhas coisas e que o seguisse. Subimos num caminhão cheio de legionários. Achava que ia morrer, pois várias vezes o militar encostou a arma em minha cabeça dizendo que poderia me matar. Naquele momento, pensei: “É, Senhor, eu pedi para que Tu resolvesses meus problemas em relação ao sábado, e agora vejo que eles serão resolvidos… definitivamente.” 

Algum tempo depois, o caminhão parou e o capitão mandou que eu descesse. Tudo parecia um sonho. Eu tremia o tempo todo. O veículo se afastou e eu percebi que estava só, num outro campo militar. Fiquei ali parado por alguns instantes, até que outro capitão se aproximou: “Você é o Doukhan?” Eu disse que sim e ele respondeu: “Fique tranqüilo que aqui você não terá problemas.” 

Fiquei 15 dias naquele local onde me davam o sábado livre. Logo depois, transferiram-me para o Saara, onde vivi como um “rei”: era responsável por um hospital e meu chefe era médico. Além disso, tinha um quarto com geladeira só para mim e os sábados livres. Naquela ocasião, resolvi desistir de Filosofia e estudar Teologia.

Qual a melhor maneira de se provar que Jesus foi e é o Messias?

Não é através de argumentos intelectuais. Os milagres, nesse caso, também não provam nada, porque há vários operadores de “milagres” por aí. A prova mais convincente de que Jesus é o Messias, é o caráter, a vida e a influência daquele que crê. Não apenas o testemunho falado, mas o testemunho de uma vida transformada.

Outra forte evidência é a obra de Cristo. Jesus é o único Messias judaico que foi muito além do Seu tempo e espaço. Houve muitos “messias” na história de Israel, mas esses acabaram tendo uma influência limitada a poucas pessoas e a uma pequena área geográfica. Nunca a crença nesses messias foi além do contexto de Israel, e jamais durou mais do que uma geração. 

Jesus, na verdade, foi o único que fez com que o Deus de Israel fosse conhecido no mundo inteiro. 

Como os judeus veem a Jesus?

Se considerarmos a tradição judaica ortodoxa e clássica, perceberemos que a descrição do Messias que existe nos textos clássicos como o Talmude, o Midrash e outros, apresenta-nos um retrato do Messias que é muito próximo ao Messias apresentado no Novo Testamento. Por exemplo, a idéia do Messias que sofre e que tem uma origem sobrenatural é encontrada tanto no Talmude quanto no Midrash. 

No entanto, considera-se que o Messias vem trazer a paz. Por isso, para o judeu, Jesus não era o Messias porque não trouxe a paz ao mundo.

Por isso essa resistência quanto ao Messias Jesus Cristo?

É claro que isso não é razão para se rejeitar a Jesus, mas é um dos argumentos usados. O judeu pensa no texto de Isaías, por exemplo, que diz que o Messias vai trazer a paz, de tal modo que o leão e o cordeiro vão comer juntos e conclui que essa paz nunca existiu. 

De certa forma, eles têm razão: Jesus não trouxe a paz. Além disso, para eles o Messias deve vir no final dos tempos. Mas, por outro lado, se o Messias não tivesse jamais vindo à Terra e viesse somente no final dos tempos, Ele não seria reconhecido pelos judeus nem por ninguém. Por isso, Ele precisava vir antes. Graças a Jesus, agora o mundo inteiro conhece Sua mensagem, de tal modo que a esperança de Israel se tornou uma esperança universal. 

Portanto, era necessário que o Messias viesse antes, para que a paz de que os textos bíblicos falam pudesse ser universal. É necessário que todos saibam sobre a vinda do Messias, não somente um pequeno grupo limitado à Palestina. Assim, o Messias pode cumprir Sua vocação de Salvador e Redentor do mundo. 

Por que a barreira entre cristãos e judeus ainda existe hoje?

Alguém disse que foi porque a igreja cristã rejeitou suas raízes judaicas (como o sábado, por exemplo), o que acabou levando ao Holocausto. Infelizmente, o nome de Jesus ainda tem sido associado, na mente do judeu, com massacre, discriminação e rejeição.

Hoje, depois do Holocausto e de tantas perseguições aos judeus, qualquer tentativa de convertê-los gera fortes reações. Os cristãos que desejam partilhar com os judeus a mensagem de Jesus, devem primeiro se perguntar sobre os seus reais motivos. Por que desejam converter os judeus? Querem, com isso, eliminar sua identidade? Os cristãos devem partilhar sua esperança com os judeus sem, contudo, ameaçar sua identidade judaica. 

Por isso, creio que a conversão dos judeus depende da conversão dos cristãos. É isso que nós devemos fazer: converter-nos como cristãos, para podermos falar melhor com eles, e eles poderem nos escutar melhor; assim, o milagre vai acontecer. Às vezes vejo cumprir-se este milagre. De vez em quando, aqui e acolá, há pequenas faiscas, mas ainda não é o fogo. As faíscas estão aí para nos dar a idéia do fogo.

Como você vê o Estado de Israel?

É algo interessante. O judeu viveu muito tempo numa situação de etnia minoritária, oprimida e menosprezada. Por isso, desenvolveu uma atitude de desconfiança para com os não-judeus que o cercavam. Já em Israel, ele não se sente mais ameaçado pelo cristianismo, pois não tem mais cristãos em sua volta. Logo, não está mais em atitude de reação contra o cristianismo e acabou perdendo o complexo de anti-semitismo. Agora, o judeu pode abrir o Novo Testamento sem problema algum, colocando-se diante de algo que ele nunca imaginara estar tão próximo. 

É assim que Israel está contribuindo na descoberta de Jesus, hoje em dia. Do ponto de vista cristão, podemos dizer que o Estado de Israel é muito bom; é uma bênção, até. Se podemos ver que essa redescoberta de Jesus pelos judeus é algo desejado e abençoado por Deus, podemos dizer também que o Estado de Israel é algo desejado e abençoado por Deus. O Estado de Israel não é o cumprimento das promessas divinas; no entanto, ele torna possível o cumprimento dessas promessas.

Qual o papel dos judeus na escatologia e nos escritos de Ellen White?

Antes de tudo, quando falamos de escatologia, falamos do futuro, de algo ainda desconhecido. Sempre desconfiamos daqueles pretensos profetas que já sabem de tudo exatamente como vai acontecer. 

Na verdade, temos indicações na História que nos mostram o que poderá ocorrer no futuro. No entanto, para aquele que tem fé nas Escrituras, nas promessas proféticas e também nos testemunhos da Sra. White, o futuro é seguramente conhecido. 

As Escrituras e os escritos da Sra. White dizem claramente que haverá muitos judeus, no final dos tempos, que vão descobrir a mensagem do messianismo de Jesus. E quando analisamos o que se passa em Israel atualmente, podemos ver que, de fato, o povo judeu está mais aberto para Jesus hoje do que no passado.

Então o senhor crê que o cenário para a aceitação do Messias por parte de muitos judeus já está montado?

Eu creio que ele está sendo preparado. Só para se ter uma idéia, houve mais escritos sobre Jesus em Israel nesses últimos 20/30 anos do que nos 18 séculos precedentes. Tudo isso são indicações interessantes. Agora, como esse reconhecimento do Messias vai acontecer, como vai se manifestar, isso eu não sei. Mas o fato de essa abertura estar acontecendo em Israel é algo extraordinário, fazendo-nos pensar que essa profecia realmente está correta.

Retirado do blog Criacionismo (com algumas adaptações).

 

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Yeshua, Hayehudi (Jesus, o judeu) https://missaoposmoderna.biblecast.com.br/2014/04/yeshua-hayehudi-jesus-o-judeu/ https://missaoposmoderna.biblecast.com.br/2014/04/yeshua-hayehudi-jesus-o-judeu/#comments Sun, 06 Apr 2014 20:15:49 +0000 http://rabis.co/migramissaopos/?p=1499 Geralmente é uma grande surpresa para a maioria dos cristãos e judeus perceber que Jesus, a figura central da fé cristã, nunca foi cristão e nunca pertenceu a uma igreja cristã. Pelo contrário, durante toda a sua vida, Jesus (cujo nome hebraico era Yeshua) não foi outra coisa senão um …

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Geralmente é uma grande surpresa para a maioria dos cristãos e judeus perceber que Jesus, a figura central da fé cristã, nunca foi cristão e nunca pertenceu a uma igreja cristã. Pelo contrário, durante toda a sua vida, Jesus (cujo nome hebraico era Yeshua) não foi outra coisa senão um judeu. Ele nasceu como judeu e viveu e morreu como tal. Todos os eventos de sua vida, morte e ressurreição, narrados nos evangelhos e no primeiro capítulo do livro de Atos, ocorreram bem antes do início da igreja institucionalizada e, portanto, dentro do judaísmo de sua época.

Hoje, o reconhecimento da natureza judaica de Yeshua, sua vida e ensinamentos tem produzido um profundo impacto sobre as perspectivas judaica e cristã sobre ele e sobre a mensagem do Novo Testamento. As últimas décadas têm visto um número crescente de estudos e obras que desafiam as compreensões tradicionais cristã e judaica sobre o assunto. Surge um movimento crescente, em ambos os lados, que busca revisar os pontos de vista tradicionais, defendendo que nossa compreensão sobre Yeshua, sua pessoa e sua mensagem deve ser reformulada.

Um judeu praticante

Mesmo através de uma pesquisa superficial da vida e da mensagem de Yeshua, percebe-se a profundidade de seu judaísmo. Nascido de uma mãe judia, ele era judeu segundo os padrões mais ortodoxos. Como qualquer menino judeu, ele foi circuncidado aos oito dias de idade (Lucas 1:21; cf. B’reshit [Gênesis] 17:12). Ele recebeu seu nome em sua cerimônia de brit milá (circuncisão), segundo o costume judaico que se mantém até hoje. Como filho primogênito judeu, ele foi levado a Jerusalém por seus pais para ser resgatado por meio da cerimônia de pidyon-haben, “como está escrito na Torah de Adonai: ‘Todo primogênito do sexo masculino deve ser consagrado a Adonai’” (Lucas 2:23; cf. B’midbar [Números] 3:12-13, 45-51; 18:16). [1]

No relato da vida de Yeshua, encontramos também a mais antiga referência histórica à cerimônia judaica de Bar Mitzvá (a celebração da maioridade religiosa de um menino judeu). Aos 12 anos de idade, ele foi a Jerusalém para participar da celebração religiosa de Pessach (“Páscoa”) como membro adulto da comunidade, e se engajou na discussão sobre a Torá com alguns líderes religiosos de Jerusalém (Lucas 2:41-52). O registro reflete uma prática muito antiga dessa cerimônia porque, embora a idade para Bar Mitzvá geralmente seja 13 anos, em algumas comunidades orientais antigas, como a comunidade sírio-judaica de Alepo e Damasco, se um menino fosse considerado muito religioso e avançado em seus estudos da Torá, ele realizava seu Bar Mitzvá com a idade de 12 anos em vez de 13.

Como judeu praticante, Yeshua usava tzitzit (“borlas”) nos cantos da sua roupa como lembrete de que havia tomado sobre si o dever de honrar a Lei de Deus (veja Mattityahu [Mateus] 9:20; Marcos 27; Lucas 8:44; cf. B’midbar [Números] 15:37-41). No dia de Shabbath era seu costume ir à sinagoga, e ele tomava parte ativa nas cerimônias, lendo os rolos bíblicos e apresentando a derashá (“sermão”, Lucas 4:16-21). Durante as festividades religiosas judaicas, ele costumava ir a Jerusalém e participar das celebrações do Templo. [2]

Um rabino judeu

Os evangelhos descrevem seu ministério de três anos e meio como rabino itinerante (Mattityahu [Mateus] 4:23-25​​). Ele foi reconhecido como rabino por seus contemporâneos: Nicodemos, um importante membro do Sinédrio (o conselho governante judaico da época), que o chamou para conversar (Yochanan [João] 3:2); e da mesma forma muitos dos seus discípulos (Yochanan [João] 2:38; 11:28, 20:16). Seus ensinamentos eram destinadas a ajudar as pessoas a cumprir a Torá e viver uma vida de dedicação a Deus e à Sua Palavra. No início de seu ministério, ele ensinou: “Não pensem que vim abolir a Torah ou os Profetas. Não vim abolir, mas completar. Sim, é verdade! Digo a vocês: até que os céus e a terra passem, nem mesmo um yud ou um traço da Torah passará […]. Portanto, quem desobedecer à menor dessas mitzvot e ensinar outras pessoas a agirem da mesma forma será chamado ‘menor’ no Reino do Céu. Mas quem obedecer a elas e ensinar dessa forma será chamado ‘maior’ no Reino do Céu” (Mattityahu [Mateus] 5:17-19).

A maneira de Yeshua orar era judaica, como pode ser visto em sua oração modelo (Mattityahu [Mateus] 6:9-13). As palavras de abertura: “Pai nosso que estás no céu” (em hebraico, Avinu she-ba-shamayim), são parte de muitas orações judaicas. Outros elementos dessa oração têm muitos paralelos próximos com duas das principais orações judaicas que sobreviveram aos séculos: o Kadish e a Amidá. Assim como no Kaddish e na Amidá, na oração de Yeshua, por exemplo, o nome de Deus é santificado e louvado, há um pedido para a vinda do Seu reino e para que Sua vontade seja feita. Na verdade, a mesma forma verbal aparece no início do Kaddish e na oração do Pai-nosso: Itqaddash Shemeh/Shimcha (“santificado seja o Seu/Teu Nome”).

A morte de Yeshua também aconteceu dentro do contexto judaico da turbulência política presente na terra de Israel em seus dias. Como um grande número de seus irmãos judeus, ele sofreu a morte violenta por crucificação nas mãos do poder romano ocupante. Sua crescente popularidade entre o povo da terra, sua entrada triunfal em Jerusalém, quando as multidões de peregrinos judeus o saudaram com os títulos messiânicos de “Filho de Davi” e “Bendito o que vem em nome de Adonai”, e sua atitude severa em relação à liderança corrupta do Templo de Jerusalém (Mattityahu [Mateus] 21:1-17) selaram a oposição daqueles que estavam envolvidos com o poder romano e não tinham nenhuma simpatia por ele. Eles precisavam detê-lo antes que esse movimento messiânico popular saísse de controle e se tornasse uma ameaça à situação política (veja Yochanan [João] 11:45-56). Assim, ele foi acusado de crime contra a Lex Julia Laesae Majestatis, a lei romana que proibia qualquer pessoa de pretender qualquer título real ou posição dentro do território do Império Romano. O único rei da Judeia, por lei, era Tibério César. A pena para tal crime era a morte. E assim Yeshua foi crucificado, com a acusação de seu crime afixada sobre a sua cruz: “Yeshua de Natzeret, o rei dos judeus”.

Um movimento judaico

O crescente movimento de reconhecimento messiânico de Yeshua foi um importante fenômeno da fé judaica na época. Desde o seu nascimento, judeus muito piedosos e religiosos reconheceram nele o Messias judeu. Para Zecharyá HaKohen, o nascimento de Yeshua foi o cumprimento das promessas de Deus aos pais e a prova de que Ele havia Se lembrado da Sua santa aliança (Lucas 1:68-73). Shimon, o Ancião, provavelmente um dos primeiros rabinos que aparecem no tratado de sabedoria judaica Pirkei Avot (“Ditos dos pais”), orou sobre ele dizendo: “[…] Tua yeshu‘ah [salvação/Jesus], que preparaste na presença de todos os povos – uma luz que levará para revelação aos goyim e glória a Teu povo Yisra’el” (Lucas 2:30-32). [3]

Durante sua vida multidões de judeus o seguiram (Mattityahu [Mateus] 4:25; 8:1; 9:35-38). Muitos judeus influentes e membros do Sinédrio o admiravam e alguns eram seus discípulos secretamente (Yochanan [João] 3:1-21; 7:50-52; 19:38-39). Em sua entrada triunfal em Jerusalém, ele foi recebido por multidões como profeta e até como o “Filho de Davi” (Mattityahu [Mateus] 21:1-11). Sua prisão, julgamento e condenação precisaram ser realizados à noite por medo de que provocassem uma revolta entre o povo, que o admirava e seguia (Mattityahu [Mateus] 26:3-5; Lucas 22:1-6). Nos anos que se seguiram, o número de judeus que o reconhecerem como o Messias aumentou mais e mais (Atos 4:4; 5:14; 6:7; 9:35) até que, em meados do primeiro século da Era Comum havia, apenas na área de Jerusalém e arredores, “dezenas de milhares” de judeus que acreditavam em Yeshua como o Messias (Atos 21:17-20). De fato, antes da destruição de Jerusalém em 70 E.C., esse movimento messiânico se tornou o maior grupo religioso dentro do judaísmo. Seus membros viveram e proclamaram, tanto a judeus como a gentios (Atos 1:8; Romanos 1:17), sua crença em Yeshua como o Messias ressuscitado.

Se Yeshua viveu como judeu e foi tão popular entre os judeus, por que esse movimento messiânico perdeu a ligação com suas raízes e contexto religiosos? Por que Yeshua, o judeu, tornou-se um estrangeiro para seu próprio povo? A história desse desenvolvimento trágico começou no século II E.C. e é muito longa e complexa para ser abordada aqui. No entanto, o que estamos vendo atualmente é a volta de Yeshua para casa. E, com ele, ressurge a esperança de que está sendo preparado o caminho para que nós também, judeus e cristãos, nos voltemos um para o outro e vivamos como irmãos de uma fé comum no Deus de Israel. [4]

Referências:

1. As citações do Novo Testamento foram retiradas da Bíblia Judaica Completa (São Paulo: Editora Vida, 2010).

2. Sobre a participação de Yeshua na Pessach (“Páscoa”), veja Yochanan [João] 2:13-35; 6:4-71; 11:55-20:29. Para Sucot (“Tabernáculos”), 7:2-8:20. Em 5:1-47, há referência a um festival de peregrinação religiosa, mas ele não é identificado. Em 10:22-42, é feita referência a eventos que ocorreram durante Hanucá, a festa que celebra a “Dedicação” do Templo na época de Judas Macabeu, em 165 A.E.C.

3. O rabino Shimon, o Ancião, era neto do famoso Hillel e pai do grande Gamaliel II. Em Pirkei Avot 1:17-18, é relatado sobre ele: “Shimon, seu filho, disse: ‘Todos os dias da minha vida fui criado entre os sábios e não encontrei nada que fosse melhor para a pessoa que o silêncio. Não é o estudo que é o principal, e sim a prática; e todo aquele que fala demais traz [favorece] o pecado’. Rabban Shimon ben Gamliel disse: ‘O mundo perdura em virtude de três coisas – justiça, verdade e paz, como foi dito: Verdade e julgamento de paz você deve administrar em seus portais (Zecharyá 8:16)’”.

4. Para saber mais sobre o tema desse artigo, veja Jacques B. Doukhan, Israel and the Church: Two Voices for the Same God (Peabody, MA: Hendrickson, 2002), p. 1-32. Sobre a posterior separação entre judeus e cristãos, veja idem, p. 33-72. Sobre o diálogo e a reaproximação atual, veja idem, p. 73-99.

Reinaldo W. Siqueira possui doutorado em Bíblia Hebraica (Andrews University) e pós-doutorado em Estudos Judaicos (Universidade de São Paulo). Ele é reitor do Seminário Adventista Latino-Americano de Teologia, professor visitante em várias universidades e coordenador da Beth Bnei Tsion, formada por centros de diálogo entre judeus e cristãos na América do Sul. Retirado de Shabbath Shalom, outono de 2003, p. 28-30.

 

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O mito dos discípulos iletrados https://missaoposmoderna.biblecast.com.br/2014/01/o-mito-dos-discipulos-iletrados/ https://missaoposmoderna.biblecast.com.br/2014/01/o-mito-dos-discipulos-iletrados/#comments Mon, 27 Jan 2014 16:12:25 +0000 http://rabis.co/migramissaopos/?p=1277 “[Jesus] recebeu uma educação judaica tradicional. Aos 12 anos, seguindo a prescrição da Mishná (Yoma 8:4), Ele visitou os sábios de Jerusalém. […] A educação judaica de Jesus é evidente no fato de que o povo costumava dirigir-se a Ele como rabino (‘meu mestre’; Mt 26:49; Jo 1:38; 20:16) […]. …

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“[Jesus] recebeu uma educação judaica tradicional. Aos 12 anos, seguindo a prescrição da Mishná (Yoma 8:4), Ele visitou os sábios de Jerusalém. […] A educação judaica de Jesus é evidente no fato de que o povo costumava dirigir-se a Ele como rabino (‘meu mestre’; Mt 26:49; Jo 1:38; 20:16) […]. É interessante notar que Sua profissão de carpinteiro é outra prova de Seu saber. Carpinteiros eram considerados especialmente instruídos, tanto que a palavra ‘carpinteiro’ veio a ser usada como sinônimo de ‘homem instruído’ [t. Avot 1:10]. […]

“[Os seguidores de Jesus] eram sacerdotes (At 6:7) e fariseus (Jo 3:1 [; 3:1; 19:39; At 15:5], mas também zelotes (Lc 6:15), coletores de impostos (Mt 9:9) e pescadores (Mt 4:18). [Sobre pescadores, veja a última citação.] A ideia de que a maioria deles tinha pouca educação é um clichê que ignora a realidade da vida judaica. Nem todas as crianças judias iam à escola rabínica (beyt hamiddrash), mas todas recebiam boa educação religiosa e teológica. Na sociedade judaica, a educação era sobretudo um dever dos pais. Além disso, no final do período do Primeiro Templo, há evidências de que os levitas já ofereciam instrução religiosa formal (2Cr 17:8-9).

“Shimeon ben Shetah, um líder judeu do primeiro século da Era Cristã, decretou que todos os jovens de 17 anos deveriam receber uma educação formal (y. Ketubbot 50b). A Mishná especifica os vários estágios dessa instrução (m. Avot 5:21): aos 5 anos, a criança deveria começar a estudar a Torá; aos 10, a Mishná; e, aos 15, a Guemará. Sem dúvida os discípulos de Jesus haviam recebido essa educação e eram, portanto, muito bem versados nas Escrituras e na instrução teológica. A imagem muitas vezes apresentada dos discípulos de Jesus como ignorantes – seja para desqualificar a mensagem cristã ou para justificar a indolência espiritual e intelectual – está longe da realidade. E, caso ainda reste alguma dúvida sobre a questão, basta examinar os escritos desses discípulos [contidos no Novo Testamento], uma clara evidência de seu pensamento maduro e educação teológica avançada” (Jacques B. Doukhan, Israel and the Church: Two Voices for the Same God [Peabody, MA: Hendrickson, 2002], p. 3-4, 9-10; com referências bibliográficas).

“No relato do evangelho, encontramos a primeira referência histórica a uma cerimônia de Bar Mitzvá (a celebração da maioridade de um menino judeu). Aos 12 anos, Jesus foi a Jerusalém participar da celebração religiosa de Pessach (a ‘Páscoa’) como um membro adulto da comunidade, e envolveu-Se na discussão sobre a Torá com alguns líderes religiosos (Lc 2:41-52). Esse relato reflete uma prática muito antiga dessa cerimônia porque, embora a idade normal para o Bar Mitzvá seja 13 anos, em algumas comunidades orientais, como as comunidades siríacas de Alepo e Damasco, se um menino era considerado muito religioso e adiantado nos estudos da Torá, realizava seu Bar Bitzvá aos 12 anos, em vez de 13” (Reinaldo W. Siqueira, “Yeshuah, Hayehudi (‘Jesus, the Jew’)”, Shabbat Shalom, outono de 2003, p. 28-29).

“A arrogância pode ter prevalecido entre os escribas, mas eles não eram acadêmicos improdutivos. Exigiam que todos ensinassem um ofício a seus filhos e muitos deles mesmos eram artesãos. Os carpinteiros eram considerados particularmente instruídos. Se um problema difícil estava em discussão, perguntariam: ‘Há entre nós um carpinteiro ou filho de carpinteiro que possa solucionar o problema para nós?’ (t. Avot 1:10). Jesus era ambos: carpinteiro e  filho de carpinteiro. Esse fato por si só não constitui uma prova de que ele ou seu pai fossem instruídos, mas vem alegar contra a noção idílica de Jesus como um trabalhador manual ingênuo, afável e simples” (David Flusser, Jesus [Jerusalém: Magnet Press, The Hebrew University, 1998] p. 14-15).

“Uma vez que Pedro e João são chamados ‘homens comuns e sem instrução’ (At 4.13), muitos acham improvável que Pedro tenha sido capaz de escrever essas epístolas [as que levam o seu nome]. Entretanto, a palavra grega usada em Atos 4.13 (agrammatos) significa mais propriamente algo como ‘sem uma educação avançada’, não ‘iletrado’. Os judeus orgulhavam-se da educação dos filhos (cf. Josefo, Contra Ápion, 1.12; 2.26). Pedro, evidentemente, não tinha familiaridade com o Talmude [uma compilação das tradições judaicas e ensinos rabínicos] nem chegara à ‘faculdade’. Entretanto, como negociante da indústria pesqueira, teria de ser alfabetizado e provavelmente era fluente no grego, a língua comum na época [além do aramaico, o idioma falado em Israel. Pedro posteriormente adquiriu formação teológica avançada, pois foi aluno do melhor Rabino que já existiu]. A imagem de Pedro apresentada nas exposições populares das Escrituras – a ideia de que ele tinha algo de grosseiro – é sem dúvida equivocada” (Bíblia de estudo arqueológica NVI [São Paulo: Editora Vida, 2013], p. 2.011).

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Ultimato para Israel? https://missaoposmoderna.biblecast.com.br/2013/05/ultimato-para-israel/ Sat, 25 May 2013 17:55:25 +0000 http://rabis.co/migramissaopos/?p=638 A profecia das 70 semanas (Dn 9:24-27) é uma das mais extraordinárias da Bíblia. Ela mostra que há um Deus que revela o futuro e que Jesus de Nazaré é o Messias prometido (veja Jacques Doukhan, On the Way to Emmaus: Five Major Messianic Prophecies Explained [Clarksville, MD: Messianic Jewish, …

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A profecia das 70 semanas (Dn 9:24-27) é uma das mais extraordinárias da Bíblia. Ela mostra que há um Deus que revela o futuro e que Jesus de Nazaré é o Messias prometido (veja Jacques Doukhan, On the Way to Emmaus: Five Major Messianic Prophecies Explained [Clarksville, MD: Messianic Jewish, 2012], p. 149-194).

Em resumo, a profecia diz que o Messias apareceria 483 anos depois de ser emitido o decreto para a reconstrução de Jerusalém (o que aconteceu em 457 a.C.). Portanto, o Messias deveria aparecer em 27 d.C. Jesus é o único personagem que cumpriu essa especificação.

Mas, neste momento, não pretendo falar sobre como essa profecia pode ser usada para levar Deus aos céticos nem sobre como demonstrar pelo Antigo Testamento que Jesus é o Messias. Quero comentar sobre uma interpretação comum, mas que não está livre de críticas.

Teoria da rejeição

A profecia das 70 semanas começa com estas palavras:

Setenta semanas estão determinadas sobre o teu povo e sobre a tua santa cidade (Dn 9:24).

“O teu povo”, evidentemente, é o povo de Daniel, o povo judeu. E a “santa cidade” é Jerusalém.

Com base nesse texto, muitos acreditam que a profecia das 70 semanas apresenta uma espécie de ultimato para Israel, a última chance para os judeus se arrependerem e aceitarem Jesus. Como as 70 semanas terminaram em 34 d.C. (três anos e meio após a morte de Jesus), nesse ano Israel teria sido rejeitado por não haver aceitado Jesus.

Um excelente livro sobre Daniel explica que as 70 semanas “foram estabelecidas especialmente em relação ao povo judeu”. Até o fim desse período, Jesus “pretendia manter Sua promessa para com os judeus”. “Portanto, nos anos que se sucederam imediatamente a cruz, milhares de judeus” creram em Jesus. Mas

a rejeição de Cristo por parte dos judeus – a qual foi simbolizada pelo apedrejamento de Estêvão – conduziu diretamente à proclamação do evangelho ao mundo não judeu. […] A vinha deveria ser tomada de Israel e oferecida a uma “nação” diferente [ou seja, os gentios] (C. Mervyn Maxwell, Uma nova era segundo as profecias de Daniel [Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira, 2004], p. 235-236, 242, 241).

Outra interpretação

Geralmente os judeus messiânicos (isto é, os judeus que creem em Jesus) não seguem essa interpretação. Veja, por exemplo, os livros do Dr. Jacques Doukhan sobre Daniel (Daniel: Vision of the End [Berrien Springs, MI: Andrews University Press, 1987]; Secrets of Daniel: Wisdom and Dreams of a Jewish Prince in Exile [Hagerstown, MD: Review and Herald, 2000]). Doukhan é um judeu adventista que possui dois doutorados em Antigo Testamento, além de formação rabínica, e é professor na Universidade Andrews, Estados Unidos.

Recentemente descobri que um importante estudioso não judeu discorda da interpretação do “ultimato” de Israel. Trata-se do Dr. Roy Gane, professor de Antigo Testamento na Universidade Andrews, considerado o maior especialista do mundo no livro de Levítico e uma notável autoridade no livro de Daniel. Ele apresenta sua compreensão naquele que provavelmente seja o melhor livro não acadêmico sobre as profecias de Daniel 8 e 9, intitulado Who’s Afraid of the Judgment? The Good News About Christ’s Work in the Heavenly Sanctuary (Boise, ID: Pacific Press, 2006).

Nesse livro, Gane cita (com aprovação) este texto de Jacques Doukhan:

As 70 semanas não foram “determinadas” contra os judeus, de modo a assinalar o destino deles ou significar a rejeição de Israel. Em vez disso, o propósito das 70 semanas é mostrar as boas-novas da salvação dos judeus e do mundo através da obra do novo Sumo Sacerdote [Jesus Cristo]. Nesse evento, que aconteceu em 31 d.C., Jesus Se assentou à direita do Pai depois da ascensão (1Pe 3:22). Além disso, o evento foi confirmado em 34 d.C., precisamente no fim das 70 semanas, quando Estêvão viu “os céus abertos e o Filho do Homem, em pé à destra de Deus” (At 7:56) (Who’s Afraid of the Judgment?, p. 55, citando Jacques Doukhan, Mystery of Israel [Hagerstown, MD: Review and Herald, 2004], p. 36, grifo no original).

Então, qual é o assunto da profecia?

A interpretação defendida por Doukhan e Gane parece fazer sentido. É verdade que a profecia começa com as palavras “setenta semanas estão determinadas sobre o teu povo”. Mas o fato é que “em nenhum lugar o texto da profecia sugere o conceito” de rejeição (Doukhan, Secrets of Daniel, p. 151).

Veja a frase completa:

Setenta semanas estão determinadas sobre o teu povo e sobre a tua santa cidade, para fazer cessar a transgressão, para dar fim aos pecados, para expiar a iniquidade, para trazer a justiça eterna, para selar a visão e a profecia e para ungir o Santo dos Santos (Dn 9:24).

O texto não fala sobre rejeição, mas sobre salvação!

No livro citado por Gane, Doukhan diz ainda que Daniel 9:24-27 “transmite a ideia de esperança e salvação, porque o Messias viria deste povo e para este povo. Portanto, essas são boas-novas para o povo [de Israel], notícias de libertação e redenção, em vez de triste fim e rejeição”. O mesmo capítulo “descreve Daniel esperando e orando a Deus pela salvação de seu povo. Em resultado disso, veio essa profecia como resposta de Deus ao pedido de Daniel (Dn 9:21)” (Mystery of Israel, p. 34, grifo no original).

Como já vimos, “o propósito das 70 semanas é mostrar as boas-novas da salvação dos judeus e do mundo através da obra do novo Sumo Sacerdote [Jesus Cristo]” (idem, p. 36). No fim das 70 semanas, em 34 d.C., ocorreu “um importante evento para a civilização e a salvação humana”. Nesse ano,

a mensagem do Deus de Israel explodiu para além das fronteiras da Palestina e alcançou os gentios (At 8). Esse é não somente o ano da conversão e do chamado apostólico de Paulo (At 9), mas é o ano em que Deus derramou Seu Espírito sobre os “muitos” gentios (At 10:44-45). […] Essa profecia não fala sobre a rejeição dos judeus, mas sobre a adoção dos gentios, que não substituíram os judeus, mas se uniram a eles (foram “enxertados” neles, como diz Romanos 11:17-24)” (idem, p. 38).

Na passagem mais importante do Novo Testamento sobre Israel e a igreja (Rm 9–11), o apóstolo Paulo declara:

Pergunto, pois: Acaso Deus rejeitou o Seu povo? De maneira nenhuma! Eu mesmo sou israelita, descendente de Abraão, da tribo de Benjamim. Deus não rejeitou o Seu povo, o qual de antemão conheceu. […] Quanto à eleição, [os israelitas] são amados por causa dos patriarcas, pois os dons e o chamado de Deus são irrevogáveis (Rm 11:1-2, 28-29).

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