Ed René Kivitz Archives - Missão Pós-Moderna https://missaoposmoderna.biblecast.com.br/tag/ed-rene-kivitz/ cristianismo no mundo contemporâneo Sun, 18 Feb 2018 01:53:17 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=6.0.1 https://missaoposmoderna.biblecast.com.br/wp-content/uploads/2018/02/missaopm-alpha-ico-150x150.png Ed René Kivitz Archives - Missão Pós-Moderna https://missaoposmoderna.biblecast.com.br/tag/ed-rene-kivitz/ 32 32 Mais alguma pergunta? https://missaoposmoderna.biblecast.com.br/2014/08/mais-alguma-pergunta/ https://missaoposmoderna.biblecast.com.br/2014/08/mais-alguma-pergunta/#comments Mon, 04 Aug 2014 16:40:49 +0000 http://rabis.co/migramissaopos/?p=2087 – Quem são vocês?– Somos seguidores de Jesus Cristo. – Então vocês são cristãos, como dizem por aí?– Isso.– Onde estão seus sacerdotes? – Não temos sacerdotes. – Mas todas as religiões têm seus homens sagrados. – Isso nós temos. – “Isso” o quê? – Homens sagrados. – Quantos são?– Não fazemos a menor ideia.– Como assim? …

The post Mais alguma pergunta? appeared first on Missão Pós-Moderna.

]]>

– Quem são vocês?
– Somos seguidores de Jesus Cristo. 
– Então vocês são cristãos, como dizem por aí?
– Isso.
– Onde estão seus sacerdotes? 
– Não temos sacerdotes. 
– Mas todas as religiões têm seus homens sagrados. 
– Isso nós temos. 
– “Isso” o quê? 
– Homens sagrados. 
– Quantos são?
– Não fazemos a menor ideia.
– Como assim? Onde eles estão? 
– Espalhados pelo mundo. 
– Onde, por exemplo?
– Aqui. 
– “Aqui” onde? 
– Nós.
– “Nós” quem? Vocês?
– Isso.
– Ah, tá bom!
– …
– Quer dizer que vocês são os homens sagrados da religião de vocês.
– Não, não somos os homens sagrados da nossa religião. Somos apenas homens sagrados.
– Então vocês são sacerdotes? 
– Mais ou menos.
– Mais ou menos como?
– Somos sacerdotes, mas não como você está pensando. 
– E como eu estou pensando? 
– Você está pensando que somos autoridades religiosas. 
– E não são? 
– Não.
– Por quê? Vocês são contra as autoridades?
– Não.
– Mas acabaram de dizer que não têm autoridades religiosas. 
– Não, não foi isso o que dissemos. Você entendeu errado. 
– Então o que é que vocês estão dizendo?
– Estamos dizendo que não somos autoridades religiosas. 
– Mas são sacerdotes.
– Sim.
– Não estou entendendo.
– Não, não está.
– Então expliquem.
– Todos os seguidores de Jesus Cristo são sacerdotes. 
– E quem é o maior entre vocês? 
– Jesus Cristo.
– Mas ele está morto. 
– Não, está vivo.
– “Vivo” como?
– Vivo, oras.
– Como “vivo, oras”?
– Vivo em nós, no meio de nós, sobre nós, exatamente aqui e agora.
– Aqui?
– Também.
– Em todo lugar?
– Isso. 
– Somente Deus está em todo lugar. 
– Então… 
– Como assim? Vocês pensam que ele é Deus? 
– Sim.
– Então vocês não são apenas seguidores de Jesus Cristo. Na verdade, são adoradores de Jesus Cristo.
– Isso.
– E onde fica o templo de vocês?
– Não temos templo.
– Como não têm templo?
– Não precisamos de templo.
– Por que não?
– Precisávamos de templo quando oferecíamos sacrifícios a Deus. 
– E vocês não prestam mais culto ao seu deus? 
– Daquele jeito, não.
– Que jeito?
– Sacrificando animais.
– E por que vocês não sacrificam mais ao seu deus?
– Nós sacrificamos.
– Mas acabaram de dizer que não oferecem mais sacrifícios de animais.
– Isso.
– “Isso” o quê?
– Não sacrificamos mais animais.
– E por que não?
– Porque não é mais necessário.
– E por que não é mais necessário?
– Porque Jesus Cristo é o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo.
– Então vocês não precisam mais prestar culto ao seu deus?
– Você ainda não entendeu.
– Então expliquem!
– Não precisamos mais ir ao templo oferecer sacrifícios de animais. Mas isso não significa que não prestamos culto ao nosso Deus. 
– E que tipo de sacrifício vocês oferecem ao deus de vocês?
– Nós mesmos.
– Como assim?
– A nossa vida toda é um sacrifício a Deus.
– Como assim?
– Tudo o que fazemos, fazemos para a glória do nosso Deus.
– “Tudo” o quê?
– Tudo. A vida toda é um culto a Deus.
– Tudo, tudo?
– Pelo menos é o que tentamos.
– Mas há uma coisa especial que vocês fazem como um ato de adoração ao seu deus? 
– Sim e não.
– Como assim?
– Não, porque, como dissemos, tudo o que fazemos é ato de adoração. Porque na verdade não é o que fazemos ou deixamos de fazer que é o ato de adoração, mas nós mesmos, isto é, a nossa vida em si. 
– Como assim?
– Você não ouviu a gente dizer que somos seguidores de Jesus Cristo?
– Sim. E daí?
– Daí que seguimos os passos dele. E se ele morreu, também morremos. E se ele ressuscitou pelo poder de Deus, nós também ressuscitamos. E agora não vivemos mais para nós mesmos, mas para o nosso Deus, que nos deu vida.
– Acho que estou entendendo.
– Mesmo?
– Sim. Vocês não têm sacerdotes, não têm templo, não oferecem sacrifícios de animais.
– Isso.
– Mas vocês têm uma coisa especial que fazem como ato de adoração ao seu deus?
– Sim e não.
– Já entendi a parte do “não”. Vocês não têm uma coisa especial porque tudo o que fazem é adoração. Na verdade, vocês mesmos são o ato de adoração, porque agora vivem para o deus de vocês.
– Isso.
– Mas e a parte do “sim”?
– A parte do “sim” é que temos, sim, uma coisa especial que fazemos para o nosso Deus.
– O quê? 
– Cuidamos das pessoas.
– Quais pessoas?
– Aquelas de quem somos próximos.
– Como assim? Quem são elas?
– Todas as que cruzam o nosso caminho.
– Eu, por exemplo?
– Sim, você.
– Mas, como assim, cuidam das pessoas como ato de adoração? Então vocês adoram as pessoas?
– Não, não é isso. É que vemos Jesus Cristo nas pessoas, especialmente naquelas que estão sofrendo, nas que têm fome, sede, estão presas, doentes, por exemplo. 
– Acho que está ficando mais claro…
– Que bom que está entendendo.
– Deixa eu ver se entendi.
– Fala.
– Vocês não têm templo porque não precisam mais fazer sacrifícios, e por isso não precisam mais ir ao templo. 
– Isso.
– Pelo mesmo motivo não têm sacerdotes, pois não precisam mais de pessoas que façam os sacrifícios por vocês, já que vocês, isto é, a vida de vocês é que é o sacrifício. 
– Muito bem.
– De fato, tudo o que vocês fazem é para o deus de vocês, especialmente cuidar das pessoas que precisam.
– Isso.
– Tenho mais uma pergunta.
– Pois não.
– Qual é o dia sagrado de vocês?
– Também não temos.
– Vai dizer que vocês vivem desse jeito todos os dias?
– Nossos antepassados tinham um dia sagrado: o sábado. Mas isso era no tempo quando precisávamos ir ao templo levar os animais para que os nossos sacerdotes fizessem os sacrifícios. [Nesse ponto discordo em parte, mas há muita verdade até mesmo aqui. Esse assunto precisa ser discutido em outro momento.] Agora que nos entregamos ao nosso Deus como sacrifício vivo, o verdadeiro ato de adoração é viver para ele.
– E como é que vocês vivem para Deus? 
– Vivendo para o próximo. 
– Então todos os dias são sagrados para vocês?
– Isso.
– Essas coisas que vocês disseram têm um nome? 
– Explique melhor.
– Isso aí é o que chamam de Cristianismo?
– Não. 
– Mas o Cristianismo não é a religião de Jesus Cristo?
– Não.
– Como não?
– Cristianismo é a religião de Constantino.
– O imperador romano?
– Isso.
– Por quê?
– Porque foi Constantino quem começou a montar de novo tudo o que Jesus Cristo havia desmontado.
– Como assim?
– Jesus ensinou que não precisamos mais de templos, sacerdotes, sacrifícios e dias sagrados. Ensinou que Deus é espírito e importa que os que o adoram, o adorem em espírito e em verdade.
– Isso é o que vocês dizem que é fazer da própria vida um ato de adoração? 
– Isso mesmo.
– E o tal do Constantino?
– Então: foi ele quem começou a construir templos dedicados a Deus, oficializou um dia da semana para os cultos, inventou que prestar culto a Deus é uma coisa que se faz nos templos, nomeou sacerdotes, e começou essa confusão que você está vendo. 
– Então isso que vocês explicaram não tem nome?
– Tem.
– E qual é?
– Evangelho. 
– Ah, já ouvi falar, mas pensava que era a mesma coisa que Cristianismo.
– Mas não é.
– Sei.
– …
– Mas tem mais uma coisa que não estou entendendo.
– O que é?
– Só mais uma pergunta.
– Pode fazer.
– Por que é que inauguraram um Templo de Salomão em São Paulo? 
– Não sabemos.
– Mas eles também não são seguidores de Jesus Cristo?
– Também não sabemos, pergunte para eles.

Ed René Kivitz é pastor da Igreja Batista de Água Branca, em São Paulo. É mestre em ciências da religião e autor de, entre outros, “O Livro Mais Mal-Humorado da Bíblia”.

The post Mais alguma pergunta? appeared first on Missão Pós-Moderna.

]]>
https://missaoposmoderna.biblecast.com.br/2014/08/mais-alguma-pergunta/feed/ 1
Pós-modernidade: inimiga ou amiga? https://missaoposmoderna.biblecast.com.br/2014/07/pos-modernidade-inimiga-ou-amiga/ Mon, 28 Jul 2014 10:00:00 +0000 http://rabis.co/migramissaopos/2013/02/pos-modernidade-amiga-ou-inimiga/ A pós-modernidade é o momento em que a modernidade está sendo questionada, as proposições da modernidade são questionadas. E este é o nosso grande momento. Na minha opinião e de muitos outros, a pós-modernidade não é nossa inimiga. É nossa grande amiga. Os cristãos costumam dizer que a pós-modernidade questiona …

The post Pós-modernidade: inimiga ou amiga? appeared first on Missão Pós-Moderna.

]]>

A pós-modernidade é o momento em que a modernidade está sendo questionada, as proposições da modernidade são questionadas. E este é o nosso grande momento. Na minha opinião e de muitos outros, a pós-modernidade não é nossa inimiga. É nossa grande amiga.

Os cristãos costumam dizer que a pós-modernidade questiona a verdade, confronta a modernidade. Então eles argumentam que isso é ruim para nós, cristãos, porque nós temos a verdade da Palavra de Deus; temos Jesus, que é a verdade; temos a Palavra do Deus que não pode mentir; dizemos que alguém conhece a verdade, e a verdade o libertará.

Quando o pessoal da pós-modernidade vem questionar a verdade – e a gente acusa a pós-modernidade de ser relativista –, a gente se assusta e fala: “Esses caras são do diabo. É mais um movimento do demônio para acabar com a igreja, acabar com a verdade do evangelho”.

Negação da verdade?

Mas eu acho que há a possibilidade de se fazer uma outra leitura. A modernidade afirmava a verdade racional. Não é que a pós-modernidade negue a existência da verdade; ela só diz que a razão humana não dá conta de conhecer a toda verdade. A verdade não é objeto de método científico.

A pós-modernidade diz que há necessidade de uma outra concepção epistemológica. Isto é: Como eu conheço a verdade? A modernidade dizia: “Pela razão e pela racionalidade”. A pós-modernidade diz: “Não dá. A verdade é muito maior do que a ciência dá conta e do que a razão humana dá conta”. Quando a pós-modernidade diz isso, o que ela faz? Ela coloca em suspeição toda a afirmação racional de verdade.

E aí ela vai gerar discursos muito interessantes. Como, por exemplo: na pré-modernidade, quando eu dizia o seguinte: “Isto aqui é a verdade”, a pessoa ia falar o seguinte: “Quem disse?”. E eu respondia: “Deus!”. “Então tá bom, é a verdade.” E se a pessoa não concordasse que foi Deus quem falou que isto aqui é a verdade, fogueira nela.

Na modernidade, quando eu dizia: “Isto aqui é a verdade”, a pessoa dizia: “Prove! Prove racionalmente que isso aí é a verdade”.

Na pós-modernidade, quando eu digo: “Isto aqui é a verdade”, a pessoa diz: “E daí? Essa é a sua verdade”. Ou diz assim: “Quem é você para ficar dizendo que isso aí é a verdade? Eu também tenho a minha verdade”.

Então, na pré-modernidade, Deus estava no centro. Na modernidade, o homem estava no centro. E, na pós-modernidade, não é que não tem centro. É a subjetividade humana que está no centro. É a famosa frase: “Cada cabeça, uma sentença”. Cada um tem a sua verdade. A pós-modernidade é o tempo em que não há espaço para a afirmação categórica da verdade, porque toda afirmação categórica da verdade estará posta em suspeição.

Novas oportunidades

Agora, quando alguém diz assim: “A pós-modernidade acabou com a verdade. Ela tornou a verdade subjetiva, colocou a verdade em suspeição, relativizou a verdade”, eu digo: “Que bom! Isso para nós é ótimo!”. Porque nós estamos dizendo assim: “Pessoal, todo mundo tá de acordo que a razão humana não dá conta da verdade?”. “Todo mundo!” Então: a verdade é uma questão de revelação.

Os pós-modernos vão dizer que a verdade é uma questão de experiência. Então nós entramos e dizemos: “Sim, a verdade é uma questão de experiência, mas também é uma questão de revelação”. Por quê? Porque não é a razão humana que se apropria da verdade. É a verdade que se apropria da razão humana. Isso é cristianismo.

Nós não andamos por certeza racional. Andamos por confiança. É diferente. Porque a verdade, para nós, não é um objeto a ser analisado pelo método científico e descrito racionalmente. A verdade é uma Pessoa com quem nos relacionamos pela fé, ou seja, pela confiança pessoal.

Relação de confiança

Então, quando a gente descreve a verdade como objeto, eu digo: “Isto aqui [um copo de água] é um copo de Coca-Cola. Verdade ou mentira?” “Mentira.” Mas essa descrição de verdade não cabe para a próxima afirmação: “Eu amo você. Verdade ou mentira?” “Sei lá.” Agora não é questão de verdade ou mentira porque você vê e, racionalmente, você codifica, decodifica, interpreta, analisa, compara fato com fato.

Agora é uma questão relacional e de confiança. Não é uma questão de descrição objetiva de objetos. É uma questão de relacionamento entre pessoas. E a nossa fala, como cristãos, é que Jesus é uma pessoa. A verdade cristã é uma Pessoa; não é um conceito.

Por isso acredito que a pós-modernidade é muito nossa amiga. A modernidade afirmava a hegemonia da razão, o mito do progresso, a supremacia do homem e essa ideia toda. Então, junto com a pós-modernidade, a gente diz: “Bobagem! O homem não tá com essa bola toda!”.

Ed René Kivitz, mestre em Ciências da Religião, é pastor da Igreja Batista de Água Branca, São Paulo. Possui um blog e desenvolveu a série Talmidim, formada por vídeos curtos com reflexões bíblicas. 

O texto acima foi retirado da palestra “Lutando pela igreja” (a partir de 24min03s), que pode ser assistida neste vídeo:

The post Pós-modernidade: inimiga ou amiga? appeared first on Missão Pós-Moderna.

]]>
As Escrituras, a tradição e a teologia https://missaoposmoderna.biblecast.com.br/2014/07/as-escrituras-a-tradicao-e-a-teologia/ Sat, 26 Jul 2014 16:38:10 +0000 http://rabis.co/migramissaopos/?p=1975 “Quem não conhece sua própria história não sabe por que é como é, e portanto não tem a liberdade de ser de outro modo. Quem, por outro lado, começa a compreender por que é de certo modo, começa também a descobrir a possibilidade de ser diferente” — afirma Justo Gonzáles …

The post As Escrituras, a tradição e a teologia appeared first on Missão Pós-Moderna.

]]>
“Quem não conhece sua própria história não sabe por que é como é, e portanto não tem a liberdade de ser de outro modo. Quem, por outro lado, começa a compreender por que é de certo modo, começa também a descobrir a possibilidade de ser diferente” — afirma Justo Gonzáles em sua obra Retorno a la Historia del Pensamiento Cristiano — tres tipos de teologia, lançada originalmente em inglês e publicada em espanhol (Ediciones Kairos, 2009) com adaptação feita para o contexto da América Latina.

Afirmando a importância da busca das origens, Gonzáles adverte, entretanto, que não é a palavra dos teólogos que dura para sempre, mas a Palavra que os teólogos estudaram. Por mais que respeitemos nossos antepassados, considerar seus escritos como teologia definitiva equivale a trair exatamente seu mais precioso legado e um dos pontos essenciais da Reforma: a primazia das Escrituras sobre a tradição. Devemos ouvir a tradição, mas também envidar todos os esforços para que as Escrituras ganhem voz contemporânea. Cada geração deve buscar nas Escrituras a voz de Deus para hoje.

Desafiado nessas duas direções — conhecer a tradição e atualizar as Escrituras –, Gonzáles faz o resgate histórico do que chama de “três tipos de teologia” presentes na igreja ao fim do século segundo e início do século terceiro da era cristã. Para efeitos didáticos e buscando aspectos gerais que determinavam suas ênfases fundamentais, Gonzáles escolhe três protagonistas para identificar as três teologias: Tertuliano, Orígenes e Irineu.

A obra de Gonzáles analisa como as diferentes tradições compreendiam “Deus, a criação e o pecado original”, “o caminho e a meta da salvação”, e como faziam uso das Escrituras, isto é, seus pressupostos hermenêuticos. A respeito da salvação, por exemplo, Tertuliano (160–220 d.C.) acreditava que o problema do ser humano consistia na quebra da Lei de Deus, e portanto havia adquirido uma dívida legal, e nesse caso a salvação implicaria a satisfação da justiça de Deus.

Orígenes (185–253), por sua vez, compreendia que o problema humano não era a dívida contraída pela quebra da lei, mas sua incapacidade de contemplar a Deus, isto é, sua ignorância. A salvação, nesse caso, não seria resultado de alguém que pagasse a dívida humana, mas o favor de alguém que lhe trouxesse iluminação para que o mundo da matéria, resultado do pecado, fosse deixado para trás e todos os seres voltassem ao estado original, puramente intelectual, quando poderiam regressar à contemplação de Deus na dimensão absolutamente espiritual, cumprindo assim o propósito para o qual haviam sido criados.

Particularmente, mais me impressiona a compreensão de Irineu (130–202), para quem o problema humano é que estamos sujeitos ao mal e ao Maligno, e necessitamos, portanto, de libertação. Irineu descreve a obra de Jesus Cristo como vitória sobre todos os poderes que oprimem os seres humanos e a criação de Deus. Gonzáles faz um resumo dizendo que Jesus, por sua paixão e ressurreição, “levou cativo o cativeiro e deu dons aos homens”, destruiu a morte, pôs fim à corruptibilidade e manifestou a vida. Como descendente de Adão, e justamente por isso, Jesus, em sua carne, triunfou sobre todos os poderes do mal e despojou o Maligno, tomou para si as chaves da morte e do inferno, obtendo para sempre a vitória por meio de sua ressurreição. Por meio de sua encarnação, vida, morte e ressurreição, Jesus veio a ser o novo Adão, cabeça de uma nova humanidade — “quem está em Cristo é nova criação”. Em Adão, a velha criação se tornou sujeita a Satanás e, em consequência, cativa do pecado e da morte. Em Jesus Cristo, o novo Adão, a nova criação se torna vencedora sobre todos os poderes do mal e recebe a promessa da ressurreição. A consumação da salvação implica não apenas a restauração de toda a criação, que finalmente estará livre da corrupção, como também a perfeita comunhão entre Deus e os seres humanos, isto é, o privilégio de nos tornarmos “participantes da natureza divina”. Por isso, Irineu compreendeu a “adoção como filhos de Deus” como a possibilidade de “nos tornarmos, pela graça, aquilo que Deus é por natureza”: “Deus se fez Homem, para que os homens possam ser feitos deuses”; ou então: “Deus-Filho se fez aquilo que somos, para que viéssemos a ser aquilo que ele é”.

Toda vez que você ouvir alguém afirmando a superioridade de seu conjunto de crenças, pergunte a respeito das raízes de sua teologia, seus principais protagonistas e a evolução histórica de seu pensamento. Esses três exemplos apontam para o fato de que a verdade teológica e a heresia são questões de pontos de vistas, e que a história do pensamento cristão é uma referência imprescindível para quem deseja caminhar à luz das Escrituras Sagradas.

Ed René Kivitz é pastor da Igreja Batista de Água Branca, em São Paulo. É mestre em ciências da religião e autor de, entre outros, “O Livro Mais Mal-Humorado da Bíblia”.

Este artigo foi retirado da versão on-line de Ultimato, julho-agosto de 2014, que, neste momento, está disponível apenas a assinantes. Clique aqui e receba gratuitamente o número atual da revista.

The post As Escrituras, a tradição e a teologia appeared first on Missão Pós-Moderna.

]]>
Cristianismo abstrato https://missaoposmoderna.biblecast.com.br/2014/07/cristianismo-abstrato/ Tue, 22 Jul 2014 10:00:43 +0000 http://rabis.co/migramissaopos/?p=982 Abstrato: adjetivo; que não se prende à representação da realidade tangível. Em outras palavras: abstrato é aquilo que não se pega, não se vê, e não tem cheiro nem gosto. 1. Cristianismo abstrato é aquele de quem acredita nas realidades espirituais mas não interage com elas. Por exemplo, acreditar em …

The post Cristianismo abstrato appeared first on Missão Pós-Moderna.

]]>

Abstrato: adjetivo; que não se prende à representação da realidade tangível. Em outras palavras: abstrato é aquilo que não se pega, não se vê, e não tem cheiro nem gosto.

1. Cristianismo abstrato é aquele de quem acredita nas realidades espirituais mas não interage com elas. Por exemplo, acreditar em Deus pode ser o mesmo que acreditar na existência de Barak Obama sem nunca ter apertado sua mão, ou na existência da Austrália e no Amazonas sem nunca ter visitado o país ou navegado as águas do rio. Isto é, “acreditar na existência de” é diferente de “se relacionar com”. Quem acredita na existência de Deus, mas não se deixa afetar por Ele, não tem vantagem alguma sobre o diabo, que também acredita que Deus existe (Tiago 2.19).

2. Cristianismo abstrato é aquele baseado em ritualismo litúrgico, sem afeto: “Esse povo faz um grande show, dizendo as coisas certas, mas o coração deles não está nem aí para o que dizem. Fazem de conta que me adoram, mas é tudo encenação”, reclama Deus pela boca do profeta Isaías (29.13, A Mensagem) – espiritualidade sem lágrimas, culto sem paixão, devoção mecânica, rituais automatizados e bailado de bonecos.

3. Cristianismo abstrato é aquele onde as convicções doutrinais têm primazia sobre a prática da generosidade. A experiência de fé dogmática arrebata o fiel para o mundo das ideias, onde não existe corpo, carne e sangue, não existem pessoas, apenas grandes cérebros sem qualquer capacidade de amar. Gasta-se muito tempo discutindo se o teísmo é aberto ou fechado, e, conclusões feitas, surgem os julgamentos e as agressões pessoais que negligenciam a generosidade, a fraternidade, e a mínima educação e o respeito que devemos uns aos outros, todos esquecidos de que “o conhecimento traz orgulho, mas o amor edifica”, ou que “o coração humilde pode nos ajudar muito mais do que a mente orgulhosa” (1 Coríntios 8.1, A Mensagem).

4. Cristianismo abstrato é aquele que supervaloriza o moralismo em detrimento do engajamento social. O conceito de vida piedosa fica restrito aos pecados íntimos, notadamente relacionados com sexo, considerando os pecados estruturais e sociais, como a pobreza, a injustiça e a corrupção, coisa de menor importância. Os moralistas se escandalizam mais facilmente com homossexuais andando de mãos dadas na Avenida Paulista do que com mendigos embriagados estirados nas calçadas.

5. Cristianismo abstrato é aquele que proclama a expectativa do céu sem a consequente convocação para a responsabilidade histórica. A utopia do reino de Deus, que deveria ser inspiração para o cuidado da criação de Deus, é transformada em argumento de fuga escatológica: “Já que o mundo vai acabar mesmo, e vamos para o novo céu e a nova terra, que se dane o leontopithecus rosalia [mico-leão-dourado]”.

6. Cristianismo abstrato é aquele que se relaciona com o mundo dos espíritos sem a contrapartida da participação no mundo dos homens. Meu amigo tinha uma carranca do folclore peruano em seu gabinete pastoral. Alguém entrou na sala e disse que aquilo era coisa do diabo e deveria ser destruída. O pastor perguntou: “Em quem você votou na última eleição?”. Após a resposta, meu amigo concluiu: “Não adianta nada amarrar o diabo nas religiões celestiais e deixá-lo solto aqui em baixo”. Risos.

7. Cristianismo abstrato é aquele onde a religião está separada da vida. O mundo é dividido entre religioso e secular: de um lado ficam os santos redimidos pelo sangue do Cordeiro e do outro os pagãos que marcham céleres para o inferno. A igreja deixa de ser sal da terra e passa a ser “sal no saleiro”.

8. Cristianismo abstrato é aquele que se sustenta em clichês a respeito de como a vida deve ser sem a coragem para encarar a vida como ela é. O elevado padrão ético do evangelho não pode desconsiderar a realidade concreta das pessoas e das comunidades cristãs, que convivem com pedófilos, corruptos, abusadores, gente dissimulada e mal caráter de todo tipo e práticas imorais de toda sorte. Quem proclama o evangelho não pode brincar de “tapar o sol com a peneira”.

9. Cristianismo abstrato é aquele fundamentado no “eu” sem “nós”. Tem gente que confunde pessoalidade (“O Senhor é o meu pastor”) com individualismo (“O pão é nosso, não apenas meu”). O privatismo egocêntrico prevalece sobre a comunhão solidária, e todo mundo tenta se relacionar com Deus enquanto olha apenas para o próprio umbigo.

10. Cristianismo abstrato é aquele onde a religião é à la carte, sem sujeição à autoridade da revelação de Deus, que conhecemos como Bíblia. Quando cada um escolhe o que crer, de acordo com sua própria lógica e suposto bom senso, a mensagem cristã acaba sendo transformada num mix barato de folclore popular, filosofia em gotas, misticismo pagão e autoajuda espiritualista.

11. Cristianismo abstrato é aquele onde prevalecem as questões de foro íntimo sem satisfações comunitárias. Uma fé sem dimensões públicas, com ênfase exagerada em privacidade e preservação da intimidade, negligencia o fato de que “somos membros uns dos outros, e quando um membro do corpo sofre, todos os outros sofrem com ele; quando um membro é honrado, todos os outros se alegram com ele” (1 Coríntios 12.26).

12. Cristianismo abstrato é aquele onde existe carisma sem caráter. Muita profecia, muito exorcismo em nome de Jesus, sem submissão à vontade de Deus. Muita língua estranha que nem mesmo o Espírito Santo entende. No dia do juízo, muita gente cheia de carismas vai se espantar quando ouvir Jesus dizer: “Tudo o que vocês fizeram foi me usar para virar celebridades. Fora daqui” (Mateus 7.23, A Mensagem).

13. Cristianismo abstrato é aquele que tem um Deus de invocação e outros muitos de devoção. Tem muita gente que invoca o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo em suas orações, mas toma decisões no dia a dia e organiza a vida ao redor do dinheiro, da família, de um romance, da carreira profissional ou de qualquer outra pseudo sutil divindade idolátrica.

14. Cristianismo abstrato é aquele de quem ora: “Vem nós tudo, ao vosso reino nada” (ser servido versus servir). As pessoas ouviram que “Jesus Cristo é o Senhor” e acreditaram que nesse caso Ele pode fazer tudo por elas, em vez de concluírem o óbvio, a saber, que elas devem fazer tudo por Jesus.

15. Cristianismo abstrato é aquele que se contenta com “amor” a Deus sem amor ao próximo, esquecido de que “ver a face do irmão é como contemplar a face de Deus” (Gênesis 33.10), ou quem sabe, que a única maneira de contemplar a face de Deus é contemplando a face do irmão, pois para enxergar o Deus que não se vê, é preciso enxergar o irmão que está bem diante dos olhos (1 João 4.20).

Ed René Kivitz, mestre em Ciências da Religião, é pastor da Igreja Batista de Água Branca, São Paulo. Ele desenvolveu a série Talmidim, formada por vídeos curtos com reflexões bíblicas. Retirado da sua página no Facebook.

Assista à pregação desse tema no YouTube.

The post Cristianismo abstrato appeared first on Missão Pós-Moderna.

]]>
O evangelho todo para o homem todo https://missaoposmoderna.biblecast.com.br/2014/07/o-evangelho-todo-para-o-homem-todo/ https://missaoposmoderna.biblecast.com.br/2014/07/o-evangelho-todo-para-o-homem-todo/#comments Sun, 20 Jul 2014 10:00:02 +0000 http://rabis.co/migramissaopos/?p=1221 “A antropologia bíblica […] apresenta o ser humano como uma unidade corpo/espírito, que atende pelo nome de alma vivente. A alma não é um terceiro elemento, como café (corpo), leite (espírito) e canela (alma). A alma é o nome do conjunto corpo (café) e espírito (leite). A alma é o …

The post O evangelho todo para o homem todo appeared first on Missão Pós-Moderna.

]]>

“A antropologia bíblica […] apresenta o ser humano como uma unidade corpo/espírito, que atende pelo nome de alma vivente. A alma não é um terceiro elemento, como café (corpo), leite (espírito) e canela (alma). A alma é o nome do conjunto corpo (café) e espírito (leite). A alma é o café com leite, misturados originalmente com intenções definitivas. […]

“[A partir disso,] podemos concluir que não pode haver separação entre cuidar do corpo ou do espírito, pois cuidamos mesmo é da pessoa, que chamamos de ‘homem todo’. A ação que se destina apenas ao cuidado do espírito de um ser humano, na verdade, é uma ação voltada ao não-homem, pois não existe ‘só o espírito’. […]

“O conceito antropológico nos remete ao conceito bíblico de salvação. O que está sendo salvo? Será que a salvação é apenas para o espírito? Evidentemente que não. A salvação oferecida por Deus em Jesus Cristo é para seres humanos, e seres humanos são a unidade corpo-espírito.

“É por esta razão que o Novo Testamento chama de salvação tanto a cura do corpo quanto o perdão para os pecados (Mt 9:1-8); tanto a ressurreição do corpo (Jo 11) quanto a superação do poder do dinheiro (Lc 19:1-10); tanto a libertação do cativeiro dos espíritos diabólicos quanto a reintegração social (Mc 5:1-20).

“A salvação, portanto, não se resume à experiência do céu após a morte. Jesus não convocava pessoas para que se credenciassem para o céu após a morte, mas para que se comprometessem com o Reino de Deus de imediato, antes mesmo da morte (Mt 6:33; 13; Mc 1:14-15). A salvação é a experiência da rendição da vida toda à autoridade de Jesus Cristo, o Senhor (Rm 10:9-10). A vida sob a autoridade e senhorio de Jesus Cristo implica a transformação de todas as dimensões da existência humana a partir de agora e aqui na terra” (Ed René Kivitz, “O evangelho todo para o homem todo”).

Por essa razão, os adventistas acreditam que a missão cristã inclui toda a vida – por exemplo, a educação, a saúde e a justiça social. Do ponto de vista bíblico, Ellen White está correta ao falar sobre esses temas:

Educação – “Restaurar no ser humano a imagem de seu Criador, levá-lo de novo à perfeição em que fora criado, promover o desenvolvimento do corpo, espírito e alma para que se pudesse realizar o propósito divino da sua criação – tal deveria ser a obra da redenção. Esse é o objetivo da educação, o grande objetivo da vida” (Educação, p. 15).

Saúde – “Tenha-se sempre em mente que o grande objetivo da reforma de saúde é garantir o desenvolvimento mais elevado possível da mente, da alma e do corpo. Todas as leis da natureza – que são leis de Deus – foram destinadas para o nosso bem. A obediência a elas promoverá nossa felicidade nesta vida e nos ajudará a preparar-nos para a vida futura” (Conselhos sobre o regime alimentar, p. 23).

Justiça social – “Somente pela manifestação de interesse altruísta pelos que estão em necessidade é que podemos dar uma demonstração prática das verdades do evangelho. […] Na pregação do evangelho está incluído muito mais do que meramente fazer sermões. Deve esclarecer-se o ignorante, erguer-se o desanimado, os enfermos devem ser curados. A voz humana deve desempenhar sua parte na obra de Deus. […] A união da obra semelhante à de Cristo para o corpo e da obra semelhante à de Cristo para a alma é a verdadeira interpretação do evangelho” (Beneficência social, p. 32).

The post O evangelho todo para o homem todo appeared first on Missão Pós-Moderna.

]]>
https://missaoposmoderna.biblecast.com.br/2014/07/o-evangelho-todo-para-o-homem-todo/feed/ 3
O ateu, o crente e o bicho-papão https://missaoposmoderna.biblecast.com.br/2014/01/o-ateu-o-crente-e-o-bicho-papao/ Thu, 16 Jan 2014 19:46:37 +0000 http://rabis.co/migramissaopos/?p=1245 Outro dia alguém me enviou pelo Twitter a seguinte pergunta: “Quando vc era criança também acreditava em bicho-papão, por que deixou de acreditar?”. Minha primeira reação foi ignorar a pergunta, formulada em tom de crítica a um tweet que postei testemunhando minha fé em Deus. Imaginei que o autor da …

The post O ateu, o crente e o bicho-papão appeared first on Missão Pós-Moderna.

]]>

Outro dia alguém me enviou pelo Twitter a seguinte pergunta: “Quando vc era criança também acreditava em bicho-papão, por que deixou de acreditar?”.

Minha primeira reação foi ignorar a pergunta, formulada em tom de crítica a um tweet que postei testemunhando minha fé em Deus. Imaginei que o autor da pergunta não esperava resposta, apenas pretendia sugerir a estupidez da minha fé. Tive a mesma sensação que experimentei quando comecei a ler um texto sobre “razões por que deixei de ser crente” e o autor logo na primeira página comparou a crença em Deus à crença no Saci-Pererê. Mas, passado o ímpeto de deixar pra lá, resolvi responder, pelo menos para mim mesmo.

Minha resposta começaria afirmando que jamais acreditei em bicho-papão. O que me aterrorizava na infância eram os ciganos e o “velho do saco”. Devo isso às minhas avós, que diziam que esses homens malvados gostavam de raptar meninos desobedientes. Registro que acredito em ciganos e velhos do saco, não necessariamente como raptores de crianças, embora seja em parte verdadeiro. Mas resolvi responder como se meu imaginário infantil tivesse sido ocupado por esse tal de bicho-papão.

Eis, portanto, algumas razões por que, embora continue acreditando em Deus, deixei de acreditar em bicho-papão.

. Não conheço nenhum adulto que acredita em bicho-papão.

. Não conheço nenhuma civilização baseada em bicho-papão.

. Não conheço nenhuma religião que considere o bicho-papão um ser divino.

. Nunca ouvi uma pessoa dizer que foi transformada pelo bicho-papão.

. O bicho-papão não constitui o dilema existencial humano desde sempre.

. Nenhuma tradição de pensamento humano se ocupa com o bicho-papão.

. Nenhum gênio da humanidade viveu atormentado por causa do bicho-papão.

. O bicho-papão não se sustenta num texto considerado sagrado por mais da metade da população mundial, escrito ao longo de 2 mil anos, por 40 autores diferentes.

. Não existe quem atribua a existência do universo ao bicho-papão.

. Jamais alguém defendeu sua fé no bicho-papão com a própria vida.

. Nenhuma das virtudes humanas é associada ao bicho-papão.

. O bicho-papão não é uma crença universal e atemporal.

. O bicho-papão não ajuda a explicar o mundo em que vivo.

. O bicho-papão não ajuda a explicar a complexidade da raça humana.

. O bicho-papão não ajuda a explicar o homem que sou.

Cansei. Já passa da meia-noite.

Ed René Kivitz, mestre em Ciências da Religião, é pastor da Igreja Batista de Água Branca, São Paulo. Ele desenvolveu a série Talmidim, formada por vídeos curtos com reflexões bíblicas. Retirado do seu blog.

The post O ateu, o crente e o bicho-papão appeared first on Missão Pós-Moderna.

]]>
Dar dinheiro na igreja https://missaoposmoderna.biblecast.com.br/2013/07/dar-dinheiro-na-igreja/ Thu, 11 Jul 2013 15:05:58 +0000 http://rabis.co/migramissaopos/?p=900 Dar dinheiro na igreja tem sido uma prática cada vez mais questionada. Certamente em virtude dos abusos de lideranças religiosas de caráter duvidoso, e a suspeita de que os recursos destinados à causa acabam no bolso dos apóstolos, bispos e pastores, não são poucas as pessoas que se sentem desestimuladas …

The post Dar dinheiro na igreja appeared first on Missão Pós-Moderna.

]]>

Dar dinheiro na igreja tem sido uma prática cada vez mais questionada. Certamente em virtude dos abusos de lideranças religiosas de caráter duvidoso, e a suspeita de que os recursos destinados à causa acabam no bolso dos apóstolos, bispos e pastores, não são poucas as pessoas que se sentem desestimuladas à contribuição financeira. Outras tantas se sentem enganadas, e algumas o foram de fato. Há ainda os que preferem fazer o bem sem a intermediação institucional. Mas o fato é que as igrejas e suas respectivas ações de solidariedade vivem das ofertas financeiras de seus frequentadores e fiéis. Entre as instituições que mais recebem doações, as igrejas ocupam de longe o primeiro lugar na lista de valores arrecadados. Por que, então, as pessoas contribuem financeiramente nas igrejas?

Não são poucas as pessoas que tratam suas contribuições financeiras como investimento. Contribuem na perspectiva da negociação: dou 10% da minha renda e sou abençoado com 100% de retorno.  Tentar fazer negócios com Deus é um contrassenso, pois quem negocia sua doação está preocupado com o benefício próprio, doa por motivação egoísta, imaginando levar vantagem na transação. É fato que quem muito semeia, muito colhe. Mas essa não é a melhor motivação para a contribuição financeira na igreja.

Há quem contribua por obrigação. É verdade que a Bíblia ensina que a contribuição financeira é um dever de todo cristão.  A prática do dízimo, instituída no Antigo Testamento na relação de Deus com seu povo Israel, foi referida por Jesus aos seus discípulos, que deveriam não apenas dar o dízimo, mas ir além, doando medida maior, excedendo em justiça. A medida maior era na verdade muito maior. Os religiosos doam 10%, os cristãos abrem mão de tudo, pois creem que não apenas o dízimo pertence a Deus, mas todos os recursos e riquezas que têm em mãos pertencem a Deus e estão apenas sob seus cuidados.

Alguns mais nobres doam por gratidão. Pensam: “Estou recebendo tanto de Deus que devo retribuir contribuindo de alguma maneira”. Nesse caso, correm o risco de doar apenas enquanto têm, ou apenas enquanto estão sendo abençoados. A gratidão é uma motivação legítima, mas ainda não é a melhor motivação para a contribuição financeira.

Existem também os que contribuem em razão de seu compromisso com a causa, com a visão, acreditam em uma instituição e querem por seu dinheiro em algo significativo. Muito bom. Devem continuar fazendo isso. Quem diz que acredita em alguma coisa, mas não mete a mão no bolso, no fundo, não acredita. Mas essa motivação está ainda aquém do espírito cristão. Aliás, não são apenas os cristãos que patrocinam o que acreditam.

Muitos são os que doam por compaixão. Não conseguem não se identificar com o sofrimento alheio, não conseguem viver de modo indiferente ao sofrimento alheio, sentem as dores do próximo como se fossem dores próprias. Seu coração se comove e suas mãos se apressam em serviço. A compaixão mobiliza, exige ação prática. Isso é cristão. Mas ainda não é suficiente.

Poucos contribuem por generosidade. Fazem o bem sem ver a quem. Doam porque não vivem para acumular ou entesourar para si mesmos. Não precisam ter muito. Não precisam ver alguém sofrendo, não perguntam se a causa é digna, não querem saber se o destinatário da doação é merecedor de ajuda. Eles doam porque doar faz parte do seu caráter. Simplesmente são generosos. Gente rara, mas existe. O relacionamento com Jesus gera esse tipo de gente.

Finalmente, há os que contribuem por piedade. Piedade, não no sentido de pena ou dó. Piedade como devoção, gesto de adoração, ato que visa apenas e tão somente a manifestar a graça de Deus no mundo. Financiam causas, mantém instituições, ajudam pessoas, tratam suas posses como dádivas de Deus, e por isso são gratos, e são generosos. Mas o dinheiro que doam aos outros, na verdade entregam nas mãos de Deus. Para essas pessoas, contribuir é adorar.

Ed René Kivitz, mestre em Ciências da Religião, é pastor da Igreja Batista de Água Branca, São Paulo. Ele desenvolveu a série Talmidim, formada por vídeos curtos com reflexões bíblicas. Retirado do blog da Igreja Batista de Água Branca.

The post Dar dinheiro na igreja appeared first on Missão Pós-Moderna.

]]>
O evangelho como superação da religião https://missaoposmoderna.biblecast.com.br/2013/04/o-evangelho-como-superacao-da-religiao/ Thu, 01 Jan 1970 00:00:00 +0000 http://rabis.co/migramissaopos/2013/04/o-evangelho-como-superacao-da-religiao/ O evangelho é a superação da religião. O cristianismo é uma religião. O evangelho é, portanto, a superação do cristianismo. O silogismo proposto carece de esclarecimentos. Não pode ser compreendido sem uma adequada noção dos conceitos de evangelho e religião. O sociólogo venezuelano Otto Maduro, em seu livro Religião e …

The post O evangelho como superação da religião appeared first on Missão Pós-Moderna.

]]>
cruz

O evangelho é a superação da religião. O cristianismo é uma religião. O evangelho é, portanto, a superação do cristianismo. O silogismo proposto carece de esclarecimentos. Não pode ser compreendido sem uma adequada noção dos conceitos de evangelho e religião.

O sociólogo venezuelano Otto Maduro, em seu livro Religião e Luta de Classes, define religião como “conjunto de discursos e práticas, referente a seres anteriores ou superiores ao ambiente natural e social, em relação aos quais os fiéis desenvolvem uma relação de dependência e obrigação”.

A definição de Otto Maduro permite identificar dois importantes aspectos do fenômeno religioso: seus fundamentos e sua lógica. Quanto aos fundamentos, a expressão “conjunto de discursos e práticas” aponta para as bases da religião: discursos, ou dogmas – corpo doutrinário; rito, ou práticas litúrgicas; e tabu, ou códigos morais. Considerados esses fundamentos, o evangelho não pode ser classificado como religião.

Embora tenha suas doutrinas e afirmações dogmáticas, a essência do evangelho é o relacionamento com uma pessoa – Jesus Cristo –, e não com um “conjunto de crenças” racional e cartesianamente organizado: “Esta é a vida eterna: que te conheçam, o único Deus verdadeiro, e a Jesus Cristo, a quem enviaste” (Jo 17.3). Em relação aos ritos e práticas litúrgicas, sabemos que o evangelho extrapola absolutamente o cerimonialismo religioso e torna obsoleto o debate a respeito de onde e como adorar a Deus, pois “Deus é espírito, e é necessário que os seus adoradores o adorem em espírito e em verdade” (Jo 4.24). A adoração legítima e autêntica é a consagração da vida como “sacrifício vivo, santo e agradável a Deus” (Rm 12.1), em detrimento do que se faz nos templos, até porque “Deus não habita em templos feitos por mãos humanas” (At 7.48), tendo como morada (Ef 2.20-22) uma casa espiritual construída com pedras vivas (1Pe 2.5).

Finalmente, o evangelho, cujo novo mandamento é amar com o amor do Cristo (Jo 13.34), jamais poderá se classificar como tabu, ou régua reguladora de comportamento moral, pois “no amor não há Lei” (Gl 5.22-23), o que estabelece a proposta cristã como uma nova consciência, baseada na mente (1Co 2.16) e na atitude do Cristo (Fp 2.5-11), que extrapolam qualquer enquadramento moral ou legal.

Considerando as categorias das ciências da religião que encaixam o fenômeno religioso na moldura dos dogmas, ritos e tabus, é surpreendente que o evangelho seja considerado religião. O evangelho é a superação da religião. Não é adesão a dogmas, mas relação mística com o Deus revelado em Jesus de Nazaré; não é celebrado em ritos, mas na dinâmica do Espírito que faz da vida toda uma festa para a glória de Deus; não se restringe à observação de regras comportamentais, mas se estabelece a partir de uma profunda transformação do ser humano, que é arrancado de si mesmo na direção de seu próximo em amor.

A definição de Otto Maduro permite também perceber a lógica inerente ao fenômeno religioso: a “relação de obrigações e benefícios” com os “seres superiores”. A religião se sustenta na lógica da justiça retributiva: o fiel cumpre suas obrigações e recebe a bênção; falha no cumprimento do que lhe compete no contrato com a divindade e em troca recebe o castigo e a maldição. A impossibilidade humana de atingir quaisquer que sejam os padrões definidos pelos deuses, ou mesmo Deus, faz surgir necessariamente o sistema sacrificial. Por definição, o divino está na categoria da perfeição, enquanto o humano, da finitude e da imperfectibilidade moral. Para escapar dos castigos e maldições, a religião oferece os sacrifícios compensatórios, necessários para afastar a ira dos deuses e conquistar seus favores.

O evangelho é a superação das relações de mérito (justiça retributiva) e dos sistemas sacrificiais. Jesus é “o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo” (Jo 1.29), e inaugura uma nova dimensão de relação entre Deus e os homens, não mais baseada no mérito, mas na graça, a elegante opção autodeterminada de Deus de abençoar “bons e maus, justos e injustos”, pois “Deus é amor” (1Jo 4.8). Aquele que se apropria do evangelho sabe que “Aquele que não poupou a seu próprio Filho, mas o entregou por todos nós”, também “nos dará juntamente com ele, pela graça, todas as coisas” (Rm 8.32), e desfruta a liberdade e a paz com Deus e a paz de Deus (Rm 5.1; 8.1), pois “o amor lança fora todo o medo” (1Jo 4.18).

À sombra da cruz do Calvário, onde o escandaloso amor de Deus é revelado (Jo 3.16; 1Co 1.23), é surpreendente que o evangelho seja encaixotado nas categorias da religião, que tem como fundamento as “relações de obrigações e benefícios”, e sobrevive de enclausurar corações e consciências nos limites estreitos do medo e da culpa.

É urgente a melhor compreensão dos termos que estabelecem a distinção entre o evangelho de Jesus Cristo e o cristianismo compreendido nos termos das ciências da religião. O cristianismo, como sistema religioso organizado e institucionalizado, é culpado do pecado de quebra do terceiro mandamento. O cristianismo, em qualquer período da história e contexto sociocultural, se assemelha muito mais a todos os demais fenômenos religiosos que ao evangelho que pretendeu superar. É uma pena que os cristãos estejam, ainda hoje, exageradamente apegados às discussões e aos debates dogmáticos, aprisionados a cerimoniais ritualísticos templocêntricos e clericais, quixotesca e desnecessariamente ocupados na tentativa de subjugar e controlar moralmente o comportamento social, e tristemente, escravizados pelos sistemas sacrificiais e meritórios, que não fazem mais do que multiplicar as fileiras dos “decepcionados com Deus”.

Chegou o tempo quando homens e mulheres que serão tomados por loucos devem, em plena manhã, acender uma lanterna, correr aos templos cristãos e gritar incessantemente: “Onde estão aqueles que não se envergonham do evangelho?”.

Ed René Kivitz, mestre em Ciências da Religião, é pastor da Igreja Batista de Água Branca, São Paulo. Possui um blog e desenvolveu a série Talmidim, formada por vídeos curtos com reflexões bíblicas. Retirado de Ultimato, janeiro-fevereiro de 2013, p. 50-51.

The post O evangelho como superação da religião appeared first on Missão Pós-Moderna.

]]>
O que é a igreja? https://missaoposmoderna.biblecast.com.br/2013/02/o-que-e-a-igreja/ Thu, 01 Jan 1970 00:00:00 +0000 http://rabis.co/migramissaopos/2013/02/o-que-e-a-igreja/ 1. Comunidade da cruz A convocação de Jesus Cristo para o discipulado encerra o mais fascinante projeto de vida, pois se inicia na história, dando sentido à peregrinação existencial, e se consuma na eternidade, na plena realização de todo o universo criado, finalmente devolvido às justas e amorosas mãos de …

The post O que é a igreja? appeared first on Missão Pós-Moderna.

]]>
cross-silhouette1

1. Comunidade da cruz

A convocação de Jesus Cristo para o discipulado encerra o mais fascinante projeto de vida, pois se inicia na história, dando sentido à peregrinação existencial, e se consuma na eternidade, na plena realização de todo o universo criado, finalmente devolvido às justas e amorosas mãos de seu Criador. No coração deste propósito eterno do Reino de Deus está a Igreja, e mais precisamente a comunidade cristã local. A resposta cristã para a necessidade de um projeto existencial é a vida em comunidade – a comunidade cristã que o Novo Testamento apresenta como “comunidade da cruz”, pois é em resposta à obra da cruz, aos benefícios da cruz e aos imperativos da cruz que a igreja existe.

A salvação não pode ser anunciada somente em termos de eternidade, mas deve confrontar o homem contemporâneo com a cruz de Cristo e convocá-lo a tomar a sua cruz. Para uma sociedade humanista e hedonista, que colhe os frutos amargos do egoísmo e da vida preocupada com o horizonte do umbigo, a Igreja deve se mostrar como lugar onde o viver para si mesmo foi substituído pelo viver para Deus, que, em termos práticos, implica viver para o próximo. Lugar dos egos mortos, mortos na cruz de Cristo, e ressuscitado para uma nova vida, uma nova raça, uma nova humanidade.

2. Comunidade da vida

O Novo Testamento também apresenta a Igreja como “comunidade da vida”, pois aqueles que respondem à cruz de Cristo experimentam o novo nascimento, que dá origem ao novo homem, que experimenta a nova vida. O encontro com Cristo se expressa em categorias éticas, se explica em bases doutrinais, mas é essencialmente uma questão de transformação: quem está em Cristo transcende a natureza humana e se torna participante da natureza divina (2Pe 1:4). Para uma sociedade perdida em neuroses e psicoses, embalada nas drogas e frustrada de dieta em dieta, a Igreja deve se apresentar como ambiente onde a vida de Deus flui, lugar de ajuda do alto, muito além da autoajuda.

Members

3. Comunidade do amor

A Igreja é também a “comunidade do amor”, pois todos que nasceram de novo em Cristo são desafiados a expressar o amor de Cristo, testemunhando, assim, que são, de fato, discípulos de Cristo (Jo 13:34, 35; 1Jo 3:16; 4:7-21). O relacionamento com Deus é pessoal, a peregrinação cristã é comunitária e, no Evangelho de Cristo, nada, absolutamente nada, é individual. O Reino de Deus existe sob o “Pai nosso”, no qual se partilha o pão nosso. Para uma sociedade chafurdada no egoísmo e trancafiada atrás de grades, guardas e sistemas eletrônicos de segurança, a Igreja deve se apresentar como ambiente fraterno, de acolhimento e reconciliação, lugar de restauração e solidariedade, onde Deus é visto na face do irmão e do próximo. Num tempo em que a solidariedade perde para a poupança e a proposta para acumular bate de goleada no apelo para compartilhar, a Igreja deve ser a mesa da comunhão, “comum-pão”, no qual quem colhe muito não tem sobra e quem colhe pouco não tem falta.

4. Comunidade do carisma

A comunidade cristã é o ambiente prioritário para a manifestação e a experiência da presença de Deus. É o Corpo de Cristo, templo de pedras vivas, habitação do Espírito Santo (1Co 12:12-31; Ef 2:19-22; 1Pe 2:1-9). A Igreja é, portanto, a “comunidade do carisma”, pois é capacitada, através do batismo no Espírito, a experimentar o fruto do Espírito, na dinâmica dos dons do Espírito, sob constantes visitações do Espírito. Toda igreja cristã é carismática, isto é, uma comunidade que convive com fenômenos espirituais – do Espírito-espírito. Ou, conforme John Wimber, a Igreja de Cristo é “naturalmente sobrenatural”. Para uma sociedade mística, cheia de médiuns, gurus, pais-de-santo, magos, duendes e demônios, a Igreja deve se apresentar sem medo de transitar pelas regiões do invisível, e mostrar que não apenas conhece, mas tem ainda nas mãos a autoridade delegada pelo Senhor das Luzes, que determinou que, a partir dela, a Igreja, não haveria mais escuridão definitiva (Mt 16:18, 19; 29:19-20).

o-reino-de-deus

5. Comunidade do Reino

Finalmente, o Novo Testamento ensina que a Igreja é a “comunidade do Reino”, pois a comunidade cristã é responsável por manifestar, aqui e agora, a maior densidade possível do novo céu e da nova Terra, que serão consumados ali e além. A Igreja de Cristo é portadora da promessa do Reino, protagonista dos sinais históricos do Reino e vive na esperança da consumação do Reino. Para uma sociedade que perdeu a esperança e vive “o fim da história e o último homem”, como profetizou Francis Fukuyama, a Igreja deve apresentar o Reino de Deus como utopia. Deve marchar pelas ruas com a canção dos jovens e idealistas cristãos portugueses durante a Revolução dos Cravos: “Oh, vinde vós, os povos de todas as nações, erguei-vos e cantai com alegria, sabei que em breve vem um novo dia; um dia de justiça, um dia de verdade, um dia em que haverá paz na Terra; um dia em que será vencida a morte pela vida e a escravidão enfim acabará”.

Ed René Kivitz, mestre em Ciências da Religião, é pastor da Igreja Batista de Água Branca, São Paulo. Possui um blog e desenvolveu a série Talmidim, formada por vídeos curtos com reflexões bíblicas. Retirado de Outra espiritualidade: fé, graça e resistência (São Paulo: Mundo Cristão, 2006), p. 36-38.

The post O que é a igreja? appeared first on Missão Pós-Moderna.

]]>
Cristo, somente Cristo https://missaoposmoderna.biblecast.com.br/2013/02/cristo-somente-cristo/ Thu, 01 Jan 1970 00:00:00 +0000 http://rabis.co/migramissaopos/2013/02/cristo-somente-cristo/ Mas o que para mim era lucro, passei a considerar como perda, por causa de Cristo. Mais do que isso, considero tudo como perda, comparado com a suprema grandeza do conhecimento de Cristo Jesus, meu Senhor, por quem perdi todas as coisas. Eu as considero como esterco para poder ganhar …

The post Cristo, somente Cristo appeared first on Missão Pós-Moderna.

]]>
pic-of-jesus-13

Mas o que para mim era lucro, passei a considerar como perda, por causa de Cristo. Mais do que isso, considero tudo como perda, comparado com a suprema grandeza do conhecimento de Cristo Jesus, meu Senhor, por quem perdi todas as coisas. Eu as considero como esterco para poder ganhar Cristo (Filipenses 3:7-8).

Eu quero conhecer a Cristo. Mas o “Eu quero conhecer a Cristo” é uma gaveta da nossa vida que ocupa cinco minutos por dia, e olhe lá. Não está o “Eu quero conhecer a Cristo” entranhado no nosso dia a dia, nas nossas relações e nos nossos debates públicos. Nós achamos que “Eu quero conhecer a Cristo” tem a ver com hora silenciosa, momento devocional, leitura bíblica diária, período de oração, culto na igreja. Mas vamos imaginar que isso aqui [o cristianismo] é todo um conjunto de afirmações que tem que fazer sentido o tempo todo, todo dia, em todo lugar, em todas as nossas relações. Eu quero o progresso de Cristo, eu quero as atitudes de Cristo, eu busco os interesses de Cristo. E, enquanto eu faço isso, eu vou conhecendo a Cristo. […]

Esforço-me para que eles sejam fortalecidos em seu coração, estejam unidos em amor e alcancem toda a riqueza do pleno entendimento, a fim de conhecerem plenamente o mistério de Deus, a saber, Cristo. NEle estão escondidos todos os tesouros da sabedoria e do conhecimento (Colossenses 2:2-3).

Cristo não é apenas o nosso Mestre a respeito de questões eternas e espirituais. Cristo é o nosso Mestre de vida. Ele entende de economia, Ele entende de psicologia. […] Entende de pedagogia. Cristo entende de política. Quer discutir neoimperialismo com Cristo, Ele discute. Aquilo que diz respeito à realidade que afeta o humano, na contingência da vida. […] Quem diz: “O viver, para mim, é Cristo” (Filipenses 1:21), quer conhecer a Cristo, quer desenvolver o máximo possível do que Paulo fala aos coríntios, a “mente de Cristo” (1 Coríntios 2:16).

Ed René Kivitz, mestre em Ciências da Religião, é pastor da Igreja Batista de Água Branca, São Paulo. Possui um blog e desenvolveu a série Talmidim, formada por vídeos curtos com reflexões bíblicas. 

O texto acima foi retirado da mensagem “Cristo, somente Cristo”, que pode ser assistida neste site. Os trechos citados estão nestas posições: 26min05s–27min32s e 32min03s–33min35s.

The post Cristo, somente Cristo appeared first on Missão Pós-Moderna.

]]>
Comunidade do amor https://missaoposmoderna.biblecast.com.br/2013/02/comunidade-do-amor/ Thu, 01 Jan 1970 00:00:00 +0000 http://rabis.co/migramissaopos/2013/02/comunidade-do-amor/ Os pós-modernos estão profundamente interessados em fé e espiritualidade, mas a maioria não possui absolutamente nenhum interesse em “religião”. Por religião eu me refiro a formas, estruturas, instituições e rituais através dos quais os que creem em Deus organizaram o que acreditam ser a obra de Deus na Terra. […] …

The post Comunidade do amor appeared first on Missão Pós-Moderna.

]]>
prayercircle1

Os pós-modernos estão profundamente interessados em fé e espiritualidade, mas a maioria não possui absolutamente nenhum interesse em “religião”. Por religião eu me refiro a formas, estruturas, instituições e rituais através dos quais os que creem em Deus organizaram o que acreditam ser a obra de Deus na Terra. […] A igreja é um dos últimos lugares nos quais os pós-modernos esperariam encontrar espiritualidade. […]

Para eles, a atmosfera de comunidade é muito mais importante do que os ensinos e os costumes de uma igreja. […] Eles esperam pertencer antes que estejam dispostos a explorar em que podem acreditar. – Jon Paulien, Everlasting Gospel, Ever-changing World: Introducing Jesus to a Skeptical Generation (Boise, ID: Pacific Press, 2008), p. 70-71, 130.

O relacionamento com Deus é pessoal, a peregrinação cristã é comunitária e, no Evangelho de Cristo, nada, absolutamente nada, é individual. O Reino de Deus existe sob o “Pai nosso”, no qual se partilha o pão nosso. Para uma sociedade chafurdada no egoísmo e trancafiada atrás de grades, guardas e sistemas eletrônicos de segurança, a Igreja deve se apresentar como ambiente fraterno, de acolhimento e reconciliação, lugar de restauração e solidariedade, onde Deus é visto na face do irmão e do próximo. – Ed René Kivitz, Outra espiritualidade: fé, graça e resistência (São Paulo: Mundo Cristão, 2006), p. 37.

The post Comunidade do amor appeared first on Missão Pós-Moderna.

]]>