Entremos agora no capítulo 4, onde se continua falando contra desunião e contendas, até o verso 4, onde é dito:
Infiéis, não compreendeis que a amizade do mundo é inimiga de Deus? Aquele, pois, que quiser ser amigo do mundo constitui-se inimigo de Deus (Tg 4:4, ARA).
Esse é um texto muito tirado do contexto. Aqui, novamente, as pessoas tendem a imaginar como “mundo” tudo aquilo que elas não gostam ou foram adestradas a dizer que não gostam se não quiserem ser consideradas mundanas. Inclui-se aí moda, diversão e outros comportamentos que muitos crentes crescem escutando que são nocivos. Porém, como estudantes honestos da Bíblia, devemos resistir à tentação de atribuir aos termos e expressões bíblicas aquilo que queremos ou que sempre nos disseram que é assim. Um dos maiores erros que podemos cometer é ler a Bíblia conforme as lentes de nosso tempo, cultura, educação e sociedade. A Bíblia é sua própria intérprete e deve falar por si só. Devemos recorrer a ela mesma para saber a significação dos termos que ela emprega. Ao quê Tiago se referiu ao falar em “amizade do mundo”? Recorramos ao próprio autor e leiamos com atenção o restante da passagem:
Ou vocês acham que é sem razão que a Escritura diz que o Espírito que Ele fez habitar em nós tem fortes ciúmes? Mas Ele nos concede graça maior. Por isso diz a Escritura: “Deus se opõe aos orgulhosos, mas concede graça aos humildes”. Portanto, submetam-se a Deus. Resistam ao Diabo, e ele fugirá de vocês. Aproximem-se de Deus, e Ele Se aproximará de vocês! Pecadores, limpem as mãos, e vocês, que têm a mente dividida, purifiquem o coração. Entristeçam-se, lamentem-se e chorem. Troquem o riso por lamento e a alegria por tristeza. Humilhem-se diante do Senhor, e Ele os exaltará. Irmãos, não falem mal uns dos outros. Quem fala contra o seu irmão ou julga o seu irmão, fala contra a Lei e a julga. Quando você julga a Lei, não a está cumprindo, mas está se colocando como juiz. Há apenas um Legislador e Juiz, Aquele que pode salvar e destruir. Mas quem é você para julgar o seu próximo? Ouçam agora, vocês que dizem: “Hoje ou amanhã iremos para esta ou aquela cidade, passaremos um ano ali, faremos negócios e ganharemos dinheiro”. Vocês nem sabem o que lhes acontecerá amanhã! Que é a sua vida? Vocês são como a neblina que aparece por um pouco de tempo e depois se dissipa. Ao invés disso, deveriam dizer: “Se o Senhor quiser, viveremos e faremos isto ou aquilo”. Agora, porém, vocês se vangloriam das suas pretensões. Toda vanglória como essa é maligna. Pensem nisto, pois: Quem sabe que deve fazer o bem e não o faz, comete pecado (Tg 4:5-17).
Assim, temos que mundano aí significa alguém sem misericórdia, sem mansidão, cheio de ira e contendas, que não refreia a língua, inconstante, condenador, soberbo (lembra-se que João 2:16 também identificou a soberba como mundanismo?).
Podemos, então, concluir que o se costuma chamar de mundanismo, não é exatamente o mesmo que a Bíblia chama. Quantos não são maledicentes em relação ao suposto mundanismo alheio, esquecendo que a própria maledicência é, como vimos, um sinal de mundanismo? Quantos não fazem intrigas porque supostamente “o mundo está entrando na igreja”, esquecendo que as intrigas são mundanas?
Satanás realmente conseguiu cegar o entendimento não só dos incrédulos, mas também dos próprios cristãos, fazendo com que estes dêem importância a uma série de coisas que muitas vezes a Bíblia não dá e esqueçam o essencial: “a justiça, a misericórdia e a fé” (Mt 23:23). Não permitamos que isso aconteça conosco.
(Vanedja Cândido)
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