Missão Archives - Missão Pós-Moderna https://missaoposmoderna.biblecast.com.br/categorias/missao/ cristianismo no mundo contemporâneo Sun, 18 Feb 2018 01:53:07 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=6.0.1 https://missaoposmoderna.biblecast.com.br/wp-content/uploads/2018/02/missaopm-alpha-ico-150x150.png Missão Archives - Missão Pós-Moderna https://missaoposmoderna.biblecast.com.br/categorias/missao/ 32 32 22 livros adventistas para ler antes da volta de Jesus https://missaoposmoderna.biblecast.com.br/2016/04/22-livros-adventistas-para-ler-antes-da-volta-de-jesus/ Sat, 23 Apr 2016 22:36:39 +0000 https://missaoposmoderna.biblecast.com.br/?p=2225 Com a ajuda de alguns amigos, preparei estas sugestões de livros publicados em português que considero extremamente relevantes para adventistas (não só pastores). Obviamente, não pretendemos fazer algo definitivo. Nem todos poderão concordar, principalmente com os materiais que ficaram de fora. Mas, com esta lista, queremos incentivá-lo a pensar em …

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Com a ajuda de alguns amigos, preparei estas sugestões de livros publicados em português que considero extremamente relevantes para adventistas (não só pastores). Obviamente, não pretendemos fazer algo definitivo. Nem todos poderão concordar, principalmente com os materiais que ficaram de fora. Mas, com esta lista, queremos incentivá-lo a pensar em obras que foram importantes em sua jornada cristã. Nada mais importante do que começar essa troca de materiais entre nós.

• Espiritualidade e vida devocional

DE BENEDICTO, Marcos. O Brilho da Vida: Experimente o poder de Deus em seu dia a dia. Tatuí: Casa Publicadora Brasileira, 2008. 184 páginas.

MAXWELL, Randy. Se Meu Povo Orar. Tatuí: Casa Publicadora Brasileira, 2004. 176 páginas.

RICHARDS JR., H. M. S.; GUILD, Daniel R. Boas-novas Para Você – Meditações Diárias 2004. Tatuí: Casa Publicadora Brasileira, 2004. 377 páginas.

• Igreja e missão

BULLÓN, Alejandro. A Alegria de Testemunhar: Como falar de Jesus de maneira eficaz. Tatuí: Casa Publicadora Brasileira, 2013. 104 páginas.

BURRILL, Russell. Como Reavivar a Igreja do Século 21: O poder transformador dos pequenos grupos. Tatuí: Casa Publicadora Brasileira, 2005. 176 páginas.

_______. Discípulos Modernos: O desafio de Cristo para cada membro da igreja. Tatuí: Casa Publicadora Brasileira, 2006. 144 páginas.

GANE, Barry. O Caminho de Volta: Como reconquistar os jovens que abandonaram a igreja. Tatuí: Casa Publicadora Brasileira, 2013. 112 páginas.

• Doutrinas bíblicas

GIBSON, L. James; RASI, Humberto M. (Orgs.). Mistérios da Criação. Tatuí: Casa Publicadora Brasileira, 2013. 190 páginas.

HOLBROOK, Frank B. O Sacerdócio Expiatório de Jesus Cristo. Tatuí: Casa Publicadora Brasileira, 2002. 272 páginas.

Nisto Cremos: As 28 Crenças Fundamentais da Igreja Adventista do Sétimo Dia. Tatuí: Casa Publicadora Brasileira, 2008. 480 páginas.

• História e identidade adventista

KNIGHT, George R. Uma Igreja Mundial: Breve história dos adventistas do sétimo dia. Tatuí: Casa Publicadora Brasileira, 2000. 158 páginas.

_______. Em Busca de Identidade: O desenvolvimento das doutrinas adventistas do sétimo dia. Tatuí: Casa Publicadora Brasileira, 2005. 224 páginas.

_______. A Visão Apocalíptica e a Neutralização do Adventismo: Estamos apagando nossa relevância? Tatuí: Casa Publicadora Brasileira, 2010. 112 páginas.

• Estudo e exposição da Bíblia

KNIGHT, George R. Caminhando com Jesus no Monte das Bem-aventuranças – Meditações Diárias 2001. Tatuí: Casa Publicadora Brasileira, 2001. 376 páginas.

PFANDL, Gerhard (Org.). Interpretando as Escrituras: Descubra o sentido dos textos mais difíceis da Bíblia. Tatuí: Casa Publicadora Brasileira, 2015. 384 páginas.

REID, George W. (Ed.). Compreendendo as Escrituras: Uma abordagem adventista. Engenheiro Coelho: Unaspress, 2007. 363 páginas.

REIS, Emilson dos. Introdução Geral à Bíblia: Da revelação até os dias de hoje. Engenheiro Coelho: Unaspress, 2016. 176 páginas.

• Evangelho e salvação

KNIGHT, George R. A Mensagem de 1888. Tatuí: Casa Publicadora Brasileira, 2003. 203 páginas.

_______. Pecado e Salvação: O que é ser perfeito aos olhos de Deus. Tatuí: Casa Publicadora Brasileira, 2016. 232 páginas.

LARONDELLE, Hans K. O que é Salvação. Tatuí: Casa Publicadora Brasileira, 1998. 114 páginas (formato de bolso).

PAROSCHI, Wilson. Só Jesus: Porque em nenhum outro há salvação. Tatuí: Casa Publicadora Brasileira, 1997. 128 páginas.

VENDEN, Morris. 95 Teses Sobre Justificação Pela Fé. Tatuí: Casa Publicadora Brasileira, 1990. 290 páginas (formato de bolso).

Bônus: 4 livros em inglês

KNIGHT, George R. Reading Ellen White: How to Understand and Apply Her Writings. Hagerstown, MD: Review and Herald, 1997. 140 páginas.

PAULIEN, Jon. Meet God Again for the First Time. Hagerstown, MD: Review and Herald, 2003. 159 páginas.

_______. Everlasting Gospel, Ever-changing World: Introducing Jesus to a Skeptical Generation. Boise, ID: Pacific Press, 2008. 190 páginas.

RODRÍGUEZ, Ángel Manuel. Future Glory: The Eight Greatest End-Time Prophecies in the Bible. Hagerstown, MD: Review and Herald, 2002. 152 páginas.

3 obras de referência (para pesquisar e consultar)

Bíblia de Estudo Andrews. Tatuí: Casa Publicadora Brasileira, 2015.

DEDEREN, Raoul (Ed.). Tratado de Teologia Adventista do Sétimo Dia. Tatuí: Casa Publicadora Brasileira, 2011.

FORTIN, Denis; MOON, Jerry (Orgs.). Enciclopédia de Ellen G. White. Tatuí: Casa Publicadora Brasileira, a ser publicado.

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Novos métodos https://missaoposmoderna.biblecast.com.br/2014/08/novos-metodos-2/ Mon, 04 Aug 2014 12:52:45 +0000 http://rabis.co/migramissaopos/?p=2080 (Textos selecionados de Ellen White) Novos métodos precisam ser introduzidos. O povo de Deus tem que despertar para as necessidades da época em que vive. Deus tem pessoas que Ele chamará para o Seu serviço – pessoas que não farão o trabalho na maneira destituída de vida com que foi conduzido …

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The One Project, organizado pela Associação Geral da IASD

(Textos selecionados de Ellen White)

Novos métodos precisam ser introduzidos. O povo de Deus tem que despertar para as necessidades da época em que vive. Deus tem pessoas que Ele chamará para o Seu serviço – pessoas que não farão o trabalho na maneira destituída de vida com que foi conduzido no passado. […] Em nossas grandes cidades, a mensagem deve avançar como uma lâmpada ardente. Deus levantará trabalhadores para a Sua obra, e Seus anjos irão à frente deles. Que ninguém impeça essas pessoas de cumprirem a missão que Deus lhes deu. Não as impeçam. Deus lhes deu uma tarefa. Que a mensagem seja proclamada com tanto poder que os ouvintes se convençam. – Evangelismo, p. 70

Não deve haver regras fixas; nossa obra é progressiva, e deve haver oportunidade para os métodos serem melhorados. Porém, sob a direção do Espírito Santo, a unidade deve ser preservada e o será. – p. 105.

Há necessidade de pessoas que orem a Deus pedindo sabedoria e que, sob a orientação divina, possam pôr nova vida nos antigos métodos de trabalho e inventar novos planos e métodos modernos de despertar o interesse dos membros da igreja, alcançando os homens e as mulheres do mundo. – p. 105.

Nas cidades de hoje, onde existem tantas coisas destinadas a atrair e agradar, as pessoas não podem se interessar por esforços medíocres. Os ministros designados por Deus acharão necessário realizar esforços extraordinários para atrair a atenção das multidões. E quando conseguem reunir grande número de pessoas, precisam apresentar mensagens tão fora do comum que o povo fique desperto e esclarecido. Precisam usar todos os meios que possam ser planejados para fazer com que a verdade seja apresentada. – p. 122.

Cada um que trabalha na vinha do Senhor deve estudar, planejar, idealizar métodos a fim de alcançar as pessoas onde elas estão. Devemos fazer algo fora do curso comum das coisas. Temos que prender a atenção. – p. 122.

Aqueles que estudarem os métodos de ensino de Cristo, e se educarem em seguir os Seus passos, irão atrair grande número de pessoas, mantendo a atenção delas, como Cristo fazia. – p. 124.

Seja qual for que tenha sido a sua prática anterior, não é necessário repeti-la sempre e sempre, da mesma maneira. Deus deseja que sigamos métodos novos e ainda não experimentados. […] Surpreenda as pessoas. – p. 125.

A tarefa de levar pessoas a Cristo exige cuidadoso preparo. Não se deve começar o serviço do Senhor sem a necessária instrução e, ainda assim, esperar o maior êxito. […] Perguntem ao arquiteto, e eles lhes dirá quanto tempo levou para compreender a maneira de planejar uma construção elegante e cômoda. E a mesma coisa é feita em todas as profissões. Deveriam os servos de Cristo ser menos dedicados em se preparar para uma tarefa infinitamente mais importante? Deveriam ser ignorantes a respeito dos meios e maneiras a ser usados para alcançar as pessoas? Saber como se aproximar de homens e mulheres para tratar dos grandes temas que dizem respeito ao bem-estar eterno delas requer conhecimento da natureza humana, profundo estudo, meditação e fervorosa oração. – p. 128.

Na providência de Deus, os que levam a responsabilidade de Sua obra têm se esforçado para dar nova vida aos antigos métodos de trabalho, e também delinear novos planos e novos métodos de despertar o interesse dos membros da igreja num esforço unido para alcançar o mundo. – p. 252.

A prevalecente monotonia da rotina religiosa em nossas igrejas precisa ser modificada. A influência da atividade necessita ser introduzido, para que os membros da igreja possam trabalhar em novos ramos e planejar novos métodos. O poder do Espírito Santo moverá corações à medida que for quebrada essa monotonia morta, sem vida, e muitos que nunca antes haviam pensado em ser além de espectadores ociosos começarão a trabalhar com vigor. […] Devem ser feitos esforços para fazer algo enquanto é dia, e a graça de Deus se manifestará, a fim de que pessoas possam ser alcançadas para Cristo. – Testemunhos para ministros, p. 204.

Tenho uma mensagem aos cristãos que vivem em nossas grandes cidades: Deus lhes mostrou a verdade, não para que vocês a retenham, mas para que a comuniquem aos outros. […] Enquanto trabalham e elaboram planos, novos métodos surgirão na mente de vocês a todo o momento, e, pelo uso, as habilidades intelectuais de vocês aumentarão. – Beneficência social, p. 204.

Deus chamará pessoas ao Seu serviço, pessoas que não promoverão o trabalho da maneira desanimada como tem sido promovido no passado. […] Que ninguém desanime a esses fervorosos trabalhadores. Eles cometerão erros em algumas coisas, e precisarão ser corrigidos e instruídos. Mas, vocês que estão há mais tempo na igreja, também não têm cometido enganos e necessitado de correção e instrução? Quando cometeram erros, o Senhor não os expulsou, mas os curou e fortaleceu. […]

Deus escolhe os Seus mensageiros, e lhes dá a Sua mensagem; e Ele diz: “Não [os] impeçam” (Lc 18:16, NVI). Novos métodos precisam ser introduzidos. O povo de Deus precisa despertar para a necessidade do tempo em que está vivendo. – Refletindo a Cristo, p. 234.

Nas igrejas [adventistas do sétimo dia], haverá admirável manifestação do poder de Deus, mas ele não influirá sobre os que não têm se humilhado diante do Senhor, abrindo a porta do coração pela confissão e arrependimento. Na manifestação desse poder que ilumina a Terra com a glória de Deus, eles só verão alguma coisa que, em sua cegueira, consideram perigosa, alguma coisa que despertará os seus receios, e se disporão a resistir-lhe. Visto que o Senhor não age de acordo com suas ideias e expectativas, eles combaterão a obra. “Por que”, dizem eles, “não reconheceríamos o Espírito de Deus, se temos estado na obra por tantos anos?” – Eventos finais, p. 209.

Para estudo adicional, veja: Jon Paulien, Everlasting Gospel, Ever-changing World: Introducing Jesus to a Skeptical Generation (Boise, ID: Pacific Press, 2008); Kleber Gonçalves, “A Critique of the Urban Mission of the Church in the Light of an Emerging Postmodern Condition” (tese de Ph.D., Andrews University, 2005); Journal of Adventist Mission Studies (2005 –); Bruce L. Bauer e Kleber O. Gonçalves, eds., Revisiting Postmodernism: An Old Debate on a New Era (Berrien Springs, MI: Andrews University, 2013) e materiais produzidos pelo Center for Secular and Postmodern Studies (Associação Geral da IASD).

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Cristianismo abstrato https://missaoposmoderna.biblecast.com.br/2014/07/cristianismo-abstrato/ Tue, 22 Jul 2014 10:00:43 +0000 http://rabis.co/migramissaopos/?p=982 Abstrato: adjetivo; que não se prende à representação da realidade tangível. Em outras palavras: abstrato é aquilo que não se pega, não se vê, e não tem cheiro nem gosto. 1. Cristianismo abstrato é aquele de quem acredita nas realidades espirituais mas não interage com elas. Por exemplo, acreditar em …

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Abstrato: adjetivo; que não se prende à representação da realidade tangível. Em outras palavras: abstrato é aquilo que não se pega, não se vê, e não tem cheiro nem gosto.

1. Cristianismo abstrato é aquele de quem acredita nas realidades espirituais mas não interage com elas. Por exemplo, acreditar em Deus pode ser o mesmo que acreditar na existência de Barak Obama sem nunca ter apertado sua mão, ou na existência da Austrália e no Amazonas sem nunca ter visitado o país ou navegado as águas do rio. Isto é, “acreditar na existência de” é diferente de “se relacionar com”. Quem acredita na existência de Deus, mas não se deixa afetar por Ele, não tem vantagem alguma sobre o diabo, que também acredita que Deus existe (Tiago 2.19).

2. Cristianismo abstrato é aquele baseado em ritualismo litúrgico, sem afeto: “Esse povo faz um grande show, dizendo as coisas certas, mas o coração deles não está nem aí para o que dizem. Fazem de conta que me adoram, mas é tudo encenação”, reclama Deus pela boca do profeta Isaías (29.13, A Mensagem) – espiritualidade sem lágrimas, culto sem paixão, devoção mecânica, rituais automatizados e bailado de bonecos.

3. Cristianismo abstrato é aquele onde as convicções doutrinais têm primazia sobre a prática da generosidade. A experiência de fé dogmática arrebata o fiel para o mundo das ideias, onde não existe corpo, carne e sangue, não existem pessoas, apenas grandes cérebros sem qualquer capacidade de amar. Gasta-se muito tempo discutindo se o teísmo é aberto ou fechado, e, conclusões feitas, surgem os julgamentos e as agressões pessoais que negligenciam a generosidade, a fraternidade, e a mínima educação e o respeito que devemos uns aos outros, todos esquecidos de que “o conhecimento traz orgulho, mas o amor edifica”, ou que “o coração humilde pode nos ajudar muito mais do que a mente orgulhosa” (1 Coríntios 8.1, A Mensagem).

4. Cristianismo abstrato é aquele que supervaloriza o moralismo em detrimento do engajamento social. O conceito de vida piedosa fica restrito aos pecados íntimos, notadamente relacionados com sexo, considerando os pecados estruturais e sociais, como a pobreza, a injustiça e a corrupção, coisa de menor importância. Os moralistas se escandalizam mais facilmente com homossexuais andando de mãos dadas na Avenida Paulista do que com mendigos embriagados estirados nas calçadas.

5. Cristianismo abstrato é aquele que proclama a expectativa do céu sem a consequente convocação para a responsabilidade histórica. A utopia do reino de Deus, que deveria ser inspiração para o cuidado da criação de Deus, é transformada em argumento de fuga escatológica: “Já que o mundo vai acabar mesmo, e vamos para o novo céu e a nova terra, que se dane o leontopithecus rosalia [mico-leão-dourado]”.

6. Cristianismo abstrato é aquele que se relaciona com o mundo dos espíritos sem a contrapartida da participação no mundo dos homens. Meu amigo tinha uma carranca do folclore peruano em seu gabinete pastoral. Alguém entrou na sala e disse que aquilo era coisa do diabo e deveria ser destruída. O pastor perguntou: “Em quem você votou na última eleição?”. Após a resposta, meu amigo concluiu: “Não adianta nada amarrar o diabo nas religiões celestiais e deixá-lo solto aqui em baixo”. Risos.

7. Cristianismo abstrato é aquele onde a religião está separada da vida. O mundo é dividido entre religioso e secular: de um lado ficam os santos redimidos pelo sangue do Cordeiro e do outro os pagãos que marcham céleres para o inferno. A igreja deixa de ser sal da terra e passa a ser “sal no saleiro”.

8. Cristianismo abstrato é aquele que se sustenta em clichês a respeito de como a vida deve ser sem a coragem para encarar a vida como ela é. O elevado padrão ético do evangelho não pode desconsiderar a realidade concreta das pessoas e das comunidades cristãs, que convivem com pedófilos, corruptos, abusadores, gente dissimulada e mal caráter de todo tipo e práticas imorais de toda sorte. Quem proclama o evangelho não pode brincar de “tapar o sol com a peneira”.

9. Cristianismo abstrato é aquele fundamentado no “eu” sem “nós”. Tem gente que confunde pessoalidade (“O Senhor é o meu pastor”) com individualismo (“O pão é nosso, não apenas meu”). O privatismo egocêntrico prevalece sobre a comunhão solidária, e todo mundo tenta se relacionar com Deus enquanto olha apenas para o próprio umbigo.

10. Cristianismo abstrato é aquele onde a religião é à la carte, sem sujeição à autoridade da revelação de Deus, que conhecemos como Bíblia. Quando cada um escolhe o que crer, de acordo com sua própria lógica e suposto bom senso, a mensagem cristã acaba sendo transformada num mix barato de folclore popular, filosofia em gotas, misticismo pagão e autoajuda espiritualista.

11. Cristianismo abstrato é aquele onde prevalecem as questões de foro íntimo sem satisfações comunitárias. Uma fé sem dimensões públicas, com ênfase exagerada em privacidade e preservação da intimidade, negligencia o fato de que “somos membros uns dos outros, e quando um membro do corpo sofre, todos os outros sofrem com ele; quando um membro é honrado, todos os outros se alegram com ele” (1 Coríntios 12.26).

12. Cristianismo abstrato é aquele onde existe carisma sem caráter. Muita profecia, muito exorcismo em nome de Jesus, sem submissão à vontade de Deus. Muita língua estranha que nem mesmo o Espírito Santo entende. No dia do juízo, muita gente cheia de carismas vai se espantar quando ouvir Jesus dizer: “Tudo o que vocês fizeram foi me usar para virar celebridades. Fora daqui” (Mateus 7.23, A Mensagem).

13. Cristianismo abstrato é aquele que tem um Deus de invocação e outros muitos de devoção. Tem muita gente que invoca o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo em suas orações, mas toma decisões no dia a dia e organiza a vida ao redor do dinheiro, da família, de um romance, da carreira profissional ou de qualquer outra pseudo sutil divindade idolátrica.

14. Cristianismo abstrato é aquele de quem ora: “Vem nós tudo, ao vosso reino nada” (ser servido versus servir). As pessoas ouviram que “Jesus Cristo é o Senhor” e acreditaram que nesse caso Ele pode fazer tudo por elas, em vez de concluírem o óbvio, a saber, que elas devem fazer tudo por Jesus.

15. Cristianismo abstrato é aquele que se contenta com “amor” a Deus sem amor ao próximo, esquecido de que “ver a face do irmão é como contemplar a face de Deus” (Gênesis 33.10), ou quem sabe, que a única maneira de contemplar a face de Deus é contemplando a face do irmão, pois para enxergar o Deus que não se vê, é preciso enxergar o irmão que está bem diante dos olhos (1 João 4.20).

Ed René Kivitz, mestre em Ciências da Religião, é pastor da Igreja Batista de Água Branca, São Paulo. Ele desenvolveu a série Talmidim, formada por vídeos curtos com reflexões bíblicas. Retirado da sua página no Facebook.

Assista à pregação desse tema no YouTube.

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Os três filhos de Abraão https://missaoposmoderna.biblecast.com.br/2014/07/os-tres-filhos-de-abraao/ https://missaoposmoderna.biblecast.com.br/2014/07/os-tres-filhos-de-abraao/#comments Mon, 21 Jul 2014 10:00:53 +0000 http://rabis.co/migramissaopos/?p=1026 Desde 11 de setembro de 2001, a tensão entre judaísmo, islã e cristianismo tem crescido. Cada religião afirma adorar o único Deus verdadeiro e enfatiza alguns aspectos do caráter de Deus. Mas, sempre que as pessoas estão em desacordo, elas tendem a se afastar das coisas que os seus oponentes …

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Desde 11 de setembro de 2001, a tensão entre judaísmo, islã e cristianismo tem crescido. Cada religião afirma adorar o único Deus verdadeiro e enfatiza alguns aspectos do caráter de Deus.

Mas, sempre que as pessoas estão em desacordo, elas tendem a se afastar das coisas que os seus oponentes enfatizam porque não querem se parecer com o “adversário”. Nesse processo, deixam de lado ideias que Deus deseja que preservassem.

Quando os judeus e os cristãos se separaram, a partir do fim do primeiro século, foi como se tomassem a verdade de Deus que compartilhavam e a dividissem. Cada grupo perdeu alguns elementos importantes nesse processo. Então surgiu Maomé e tentou, creio eu, fazê-los retornar ao que haviam perdido. Mas essa tentativa falhou, e as três religiões se tornaram ainda mais hostis uma à outra.

Sempre que alguém sustenta crenças diferentes das nossas, é fácil dizer: “Se eu estou certo, então você sem dúvida está errado”. Essa é uma conclusão perigosa, porque, quando apontamos o dedo para acusar alguém, é provável que deixemos de aprender o que Deus deseja nos ensinar através dessas pessoas – até em meio a crenças defeituosas.

É fácil comparar o melhor de nossa religião com o pior da religião do outro e ter a sensação de que estamos muito bem. Mas isso não é justo nem construtivo. O que aconteceria se víssemos o melhor na fé dos outros? Poderíamos ter muitas surpresas. Quais são as melhores e mais positivas contribuições de cada fé monoteísta existente no mundo? E quais aspectos singulares e centrais de cada fé as outras duas têm desprezado ou subestimado?

Outro tipo de “ecumenismo”

Os princípios centrais do cristianismo são o evangelho, a graça e Jesus. O judaísmo e o islã têm elementos de graça, mas não a plenitude apresentada pelo evangelho. Os valores centrais do judaísmo em grande parte desprezados pelas outras religiões são a lei, a obediência e o sábado. E o islã, por sua vez, enfatiza a submissão, o juízo final e a escatologia. O cristianismo e o judaísmo têm se esquivado desses últimos temas em parte porque os muçulmanos os proclamam e praticam.

Os valores centrais dessas três religiões se tornaram símbolos de divisão. Mas, quando analisamos cuidadosamente essas crenças, começamos a descobrir que o remanescente do Apocalipse expressa todas elas. Evidentemente, é propósito de Deus que, no tempo do fim, exista um grupo de pessoas fiéis à plenitude da sua Palavra. E, dessa fidelidade, surgirá um conjunto de crenças e de prática que será igualmente atraente aos fiéis de todas as grandes religiões do mundo.

Quase 2 mil anos atrás, Deus designou uma mensagem que seria especialmente apropriada à época em que vivemos. Assim, o remanescente de Deus terá uma mensagem não apenas para os cristãos, mas para os judeus, os muçulmanos, os budistas, os hindus – para todas as pessoas. O remanescente final será formado por todos aqueles que forem fiéis a Deus para encontrarem Jesus quando Ele vier.  O cristianismo – com sua mensagem sobre o evangelho, a graça e Jesus –, o judaísmo – com a lei, a obediência e o sábado – e o islã – com a submissão, o juízo final e a escatologia – reunirão o povo de Deus.

Estes são apenas vislumbres do que pode ocorrer. Mas o Apocalipse me diz que os melhores dias para o povo de Deus ainda estão por vir. – Jon Paulien, Seven Keys: Unlocking the Secrets of Revelation (Nampa, ID: Pacific Press, 2009), p. 114-117.

Existe outro tipo de “ecumenismo”, que consiste no chamado de Deus a muitos indivíduos de cada instituição religiosa do globo. Entre católicos, muçulmanos, hindus, judeus, budistas e todos os demais grupos, há muitas pessoas que estão buscando a verdade e vivem um relacionamento com Deus. Por meio do Espírito Santo, Deus está presente em cada lugar antes mesmo que os missionários cheguem lá. Tenho encontrado a fé genuína em muitos lugares que jamais imaginei. […] O remanescente de Deus do tempo do fim será formado por pessoas de todas as nações, tribos, línguas, povos e – sim – religiões. – Jon Paulien, “Ecumenismo versus exclusivismo”.

Simpósio “Nosso pai Abraão”

Embora o cristianismo, o islã e o judaísmo compartilhem da herança comum de Abraão, essas três importantes religiões têm vivido em conflito e incompreensão durante séculos. Um grupo interconfessional de estudiosos se reuniu [em 28 de março de 2006] no campus da Andrews University (EUA) para analisar e compartilhar soluções para as atitudes distorcidas e equívocos entre as três religiões. […]

Participantes do simpósio

As apresentações exploraram as dimensões sociológicas, éticas e filosóficas de cada religião, bem como os fundamentos teológicos da atitude de cada crença em relação às outras duas, buscando substituir a estreiteza mental e o antagonismo pelo terreno comum. O simpósio “Our Father Abraham” (Nosso pai Abraão) foi patrocinado pela Associação Internacional de Liberdade Religiosa, pelo Seminário Teológico Adventista do Sétimo Dia (Andrews University) e por Shabbat Shalom, uma revista que aborda as relações entre judeus e cristãos. – “Symposium Addresses Shared Jewish-Christian-Muslim Heritage”.

As apresentações do simpósio estarão disponíveis na obra The Three Sons of Abraham: Interfaith Encounters Between Judaism, Christianity and Islam (Nova York: I. B. Tauris, 2014), organizada por Jacques Doukhan, professor de teologia na Andrews University.

A respeito desse livro, Michael Barnes, professor de relações inter-religiosas na Universidade de Londres, declara: “Judeus, cristãos e muçulmanos geralmente definem a si mesmos com base nas diferenças em relação aos outros. Este livro ousa pensar de forma diferente e explorar as implicações de uma pergunta diferente: Como as três versões da tradição profética originada com Abraão podem ser pensadas em conjunto – em termos complementares em vez de competitivos? Este volume sensível, incisivo mas sempre acessível aborda um dos grandes problemas de nossa época, do qual o diálogo mais amplo de religiões e culturas só pode se beneficiar. Ao incluir o islã no que é muitas vezes referida como a ‘tradição judaico-cristã’, os autores propõem uma alternativa admiravelmente generosa para a rivalidade destrutiva que tão dolorosamente tem afastado os ‘filhos de Abraão’ uns dos outros”.

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Culto chato? https://missaoposmoderna.biblecast.com.br/2014/07/culto-chato/ https://missaoposmoderna.biblecast.com.br/2014/07/culto-chato/#comments Sun, 20 Jul 2014 13:00:24 +0000 http://rabis.co/migramissaopos/?p=515 , Tornar as reuniões interessantes É dever dos que estão ligados à igreja sentir a responsabilidade individual de usar sua máxima capacidade para fortalecer a igreja e tornar as reuniões tão interessantes que os de fora ou descrentes sejam atraídos para as reuniões. […] Nas pequenas congregações, há o perigo …

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Tornar as reuniões interessantes

É dever dos que estão ligados à igreja sentir a responsabilidade individual de usar sua máxima capacidade para fortalecer a igreja e tornar as reuniões tão interessantes que os de fora ou descrentes sejam atraídos para as reuniões. […]

Nas pequenas congregações, há o perigo de se destruir o interesse por causa da imprudência. Não deve haver longas orações; guarde suas longas orações para o seu quarto. Que as suas orações não falem a respeito de todas as coisas do mundo. Faça orações ao ponto; peça a bênção de Deus por si mesmo e pelos que estão presentes. Quando você orar sozinho em seu quarto, então poderá derramar perante Deus todo o fardo de seu coração, mas a reunião de adoração a Deus não é o momento para isso. Tal hábito destrói o interesse pelas reuniões, e as torna enfadonhas. Veja a oração simples que Cristo ensinou aos discípulos. Que oração breve! Que oração completa!

Quando se aproximar de Deus, ore de maneira breve e simples. Não desonre a Deus com orações cheias de retórica, nem faça ao Senhor um sermão em sua oração. Vá a Deus com a necessidade de sua alma, e diga exatamente o que você deseja, como uma criança ao seu pai terreno; e cofie em seu Pai celestial como uma criança confia em seu pai terreno.

Quando a reunião for realizada sem a presença de um pastor, que alguém assuma a direção, mas não gaste um longo tempo para sermonizar. Simplesmente fale as palavras no espírito e no amor de Jesus, e assim dê um exemplo aos outros. Que as palavras não sejam apenas para falar e matar o tempo. Que cada um participe apresentando a experiência de sua alma. Que falem de suas experiências individuais, das lutas de sua alma, das vitórias obtidas. Acima de tudo, que ofereçam a Deus um tributo de louvor vindo de um coração agradecido pelo qual Jesus morreu. Esse é um assunto sobre o qual cada pessoa pode falar com proveito. É dever de todos sentir que devem contribuir com sua parte para a vida e a alma da reunião. Façam isso, e a bênção de Deus virá ao meio de vocês em grande medida. – Manuscrito 39, 1887, em Manuscript Releases, v. 3, p. 1.

Aqueles que estudarem os métodos de ensino de Cristo, e se educarem em seguir os Seus passos, irão atrair grande número de pessoas, mantendo a atenção delas, como Cristo fazia. – Evangelismo, p. 124.

Trabalho com crianças e jovens

Aqueles que trabalham com crianças e jovens devem evitar discursos enfadonhos. Ir direto ao ponto trará os melhores resultados. Se há muita coisa a dizer, fale sobre o assunto em outros momentos. Algumas observações interessantes, feitas ocasionalmente, serão mais eficientes do que transmitir todas as informações de uma só vez. […]

Falar muito irá levá-los a detestar assuntos espirituais, da mesma maneira que comer em excesso sobrecarrega o estômago e diminui o apetite, produzindo enjoo. Nossas instruções à igreja, especialmente aos jovens, devem ser dadas “um pouco aqui, um pouco ali”. […]

Devemos buscar entender a mente e os sentimentos dos jovens, compartilhar de suas alegrias e tristezas, lutas e vitórias. […] No trabalho com os jovens, devemos nos aproximar deles, se queremos ajudá-los. […] Não imagine que será possível despertar o interesse dos jovens indo à reunião e pregando um longo sermão. Planeje meios de despertar um profundo interesse. – Obreiros evangélicos, p. 208, 210.

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Verdadeira adoração

É impossível descrever de maneira suficientemente forte os males de uma adoração formal, mas não há palavras para descrever as profundas bênçãos da adoração genuína. […]

Escolha-se um grupo de pessoas para conduzir os momentos de louvor. E seja este acompanhado por instrumentos musicais habilmente tocados. Não nos devemos opor ao uso de instrumentos em nossa obra. Essa parte da adoração deve ser cuidadosamente dirigida, pois é o louvor a Deus através do cântico. – Testemunhos para a igreja, v. 9, p. 143.

A pregação nas reuniões de sábado em geral deve ser breve, dando-se oportunidade aos que amam a Deus para exprimir sua gratidão e adoração. […]

Cada um deve sentir que tem uma parte a desempenhar a fim de tornar as reuniões de sábado interessantes. Não devemos nos reunir simplesmente para preencher uma formalidade, e sim para trocar ideias, relatar nossa experiência diária, oferecer ações de graça e exprimir nosso sincero desejo de ser iluminados para conhecer a Deus e a Jesus Cristo, a quem Ele enviou. O encontro coletivo com Cristo fortalece a alma para os embates e provações da vida. Nem é possível imaginar ser cristão e viver concentrado em si mesmo. […]

Não conseguimos a centésima parte das bênçãos que podemos obter em nossas reuniões de culto a Deus. Nossas habilidades de percepção precisam ser aguçadas. A comunhão uns com os outros deve encher-nos de alegria. Com a esperança que temos, por que nosso coração não há de entusiasmar-se com o amor de Deus?  – Testemunhos para a igreja, v. 6, p. 361-362.

Para que nos reunimos?

As reuniões de testemunhos e oração não devem causar tédio. […] A formalidade e o constrangimento devem ser postos de lado, devendo todos estar prontos para o dever.

Qual é o objetivo de reunir-se? Porventura seria dar informações a Deus em oração, ou instruí-Lo contando tudo o que sabemos? Reunimo-nos para edificar uns aos outros com a troca de ideias e sentimentos; para adquirirmos poder, luz e ânimo ao nos familiarizarmos com as esperanças e desejos uns dos outros; e, ao orarmos com fé, sinceridade e fervor, receberemos refrigério e vigor da Fonte de poder. Essas reuniões devem, pois, ser ocasiões sumamente preciosas e tornar-se atraentes a todos os que apreciem as coisas religiosas.

Temo que alguns não levem suas dificuldades a Deus em orações particulares, mas reservam-nas para as reuniões de oração, e ali querem compensar suas orações de vários dias. Essas pessoas destroem as reuniões de testemunhos e oração. Eles não emitem luz e a ninguém edificam. Suas orações frias e formais, e longos testemunhos refletindo sua apostasia projetam sombras. Todos se sentem aliviados quando finalmente se calam, e é quase impossível dissipar as trevas e a frieza que suas orações e testemunhos trouxeram à reunião.

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Segundo a luz que me foi dada, nossas reuniões devem ser espirituais e sociais, e não muito demoradas. O retraimento, o orgulho, a vaidade, o temor de homens devem ficar de fora. Pequenas diferenças e preconceitos não devem ser ali introduzidos. Como numa família unida, simplicidade, mansidão, confiança e amor devem existir no coração dos irmãos e irmãs que se reúnem para reanimar-se e fortalecer-se ao partilharem seu conhecimento.

“Vocês são a luz do mundo” (Mateus 5:14), diz o divino Mestre. Nem todos têm em sua vida religiosa as mesmas experiências. Apesar dessas diferenças, eles se reúnem e, em espírito de simplicidade e humildade, compartilham suas experiências. Todos os que trilham o caminho do progresso cristão precisam ter e terão experiências revigorantes, que ofereçam novidade e interesse. Uma experiência como essa envolve tentações, provações e lutas cotidianas, como também esforços decisivos, vitórias, paz e alegria através de Jesus. A simples narração dessas experiências proporciona luz, força e conhecimento que ajudarão outros a progredir na vida espiritual. A adoração a Deus deve ser interessante e instrutiva para os que têm amor às coisas divinas e sagradas. […]

Seguir o exemplo de Cristo

O Redentor do mundo procurou tornar Suas lições claras e simples, para que todos as compreendessem. Geralmente preferia o ar livre para Suas mensagens. Não havia casa que comportasse a multidão que O seguia; mas tinha motivos especiais para ir às campinas e praias a fim de transmitir Suas lições e ensinos. Tinha ali uma vista majestosa da paisagem e utilizava cenas e objetos com os quais as pessoas de vida humilde estavam familiarizadas, para ilustrar-lhes as verdades importantes que lhes tinha a ensinar. […]

Em todos os Seus esforços, Cristo procurou tornar interessantes os Seus ensinos. Sabia que a multidão cansada e faminta não podia receber benefício espiritual, e não Se esqueceu de suas necessidades materiais. […]

Muitos, entretanto, fazem orações secas em forma de sermão. Eles oram aos homens, e não a Deus. Se estivessem orando a Deus e realmente compreendessem o que estavam fazendo, se assustariam de sua audácia, pois estão dirigindo ao Senhor um discurso, em forma de oração, como se o Criador do Universo necessitasse de informações especiais a respeito do que se passa no mundo. – Testemunhos para a igreja, v. 2, p. 577-581.

(Todas as citações foram retiradas de livros de Ellen G. White.)

Confira também este texto do pastor Isaac Malheiros: Ellen White contra o culto chato.

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O evangelho todo para o homem todo https://missaoposmoderna.biblecast.com.br/2014/07/o-evangelho-todo-para-o-homem-todo/ https://missaoposmoderna.biblecast.com.br/2014/07/o-evangelho-todo-para-o-homem-todo/#comments Sun, 20 Jul 2014 10:00:02 +0000 http://rabis.co/migramissaopos/?p=1221 “A antropologia bíblica […] apresenta o ser humano como uma unidade corpo/espírito, que atende pelo nome de alma vivente. A alma não é um terceiro elemento, como café (corpo), leite (espírito) e canela (alma). A alma é o nome do conjunto corpo (café) e espírito (leite). A alma é o …

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“A antropologia bíblica […] apresenta o ser humano como uma unidade corpo/espírito, que atende pelo nome de alma vivente. A alma não é um terceiro elemento, como café (corpo), leite (espírito) e canela (alma). A alma é o nome do conjunto corpo (café) e espírito (leite). A alma é o café com leite, misturados originalmente com intenções definitivas. […]

“[A partir disso,] podemos concluir que não pode haver separação entre cuidar do corpo ou do espírito, pois cuidamos mesmo é da pessoa, que chamamos de ‘homem todo’. A ação que se destina apenas ao cuidado do espírito de um ser humano, na verdade, é uma ação voltada ao não-homem, pois não existe ‘só o espírito’. […]

“O conceito antropológico nos remete ao conceito bíblico de salvação. O que está sendo salvo? Será que a salvação é apenas para o espírito? Evidentemente que não. A salvação oferecida por Deus em Jesus Cristo é para seres humanos, e seres humanos são a unidade corpo-espírito.

“É por esta razão que o Novo Testamento chama de salvação tanto a cura do corpo quanto o perdão para os pecados (Mt 9:1-8); tanto a ressurreição do corpo (Jo 11) quanto a superação do poder do dinheiro (Lc 19:1-10); tanto a libertação do cativeiro dos espíritos diabólicos quanto a reintegração social (Mc 5:1-20).

“A salvação, portanto, não se resume à experiência do céu após a morte. Jesus não convocava pessoas para que se credenciassem para o céu após a morte, mas para que se comprometessem com o Reino de Deus de imediato, antes mesmo da morte (Mt 6:33; 13; Mc 1:14-15). A salvação é a experiência da rendição da vida toda à autoridade de Jesus Cristo, o Senhor (Rm 10:9-10). A vida sob a autoridade e senhorio de Jesus Cristo implica a transformação de todas as dimensões da existência humana a partir de agora e aqui na terra” (Ed René Kivitz, “O evangelho todo para o homem todo”).

Por essa razão, os adventistas acreditam que a missão cristã inclui toda a vida – por exemplo, a educação, a saúde e a justiça social. Do ponto de vista bíblico, Ellen White está correta ao falar sobre esses temas:

Educação – “Restaurar no ser humano a imagem de seu Criador, levá-lo de novo à perfeição em que fora criado, promover o desenvolvimento do corpo, espírito e alma para que se pudesse realizar o propósito divino da sua criação – tal deveria ser a obra da redenção. Esse é o objetivo da educação, o grande objetivo da vida” (Educação, p. 15).

Saúde – “Tenha-se sempre em mente que o grande objetivo da reforma de saúde é garantir o desenvolvimento mais elevado possível da mente, da alma e do corpo. Todas as leis da natureza – que são leis de Deus – foram destinadas para o nosso bem. A obediência a elas promoverá nossa felicidade nesta vida e nos ajudará a preparar-nos para a vida futura” (Conselhos sobre o regime alimentar, p. 23).

Justiça social – “Somente pela manifestação de interesse altruísta pelos que estão em necessidade é que podemos dar uma demonstração prática das verdades do evangelho. […] Na pregação do evangelho está incluído muito mais do que meramente fazer sermões. Deve esclarecer-se o ignorante, erguer-se o desanimado, os enfermos devem ser curados. A voz humana deve desempenhar sua parte na obra de Deus. […] A união da obra semelhante à de Cristo para o corpo e da obra semelhante à de Cristo para a alma é a verdadeira interpretação do evangelho” (Beneficência social, p. 32).

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Ecumenismo versus exclusivismo https://missaoposmoderna.biblecast.com.br/2014/07/ecumenismo-versus-exclusivismo/ https://missaoposmoderna.biblecast.com.br/2014/07/ecumenismo-versus-exclusivismo/#comments Sat, 19 Jul 2014 10:00:00 +0000 http://rabis.co/migramissaopos/2013/03/ecumenismo-versus-exclusivismo/ Permita-me falar sobre o que considero uma compreensão equivocada muitas vezes presente no pensamento adventista e evangélico. Existe grande preocupação e temor em relação ao ecumenismo, e com razão. O que geralmente os evangélicos chamam de ecumenismo é um processo de unificação religiosa com propósitos políticos. Quando religião e política …

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Permita-me falar sobre o que considero uma compreensão equivocada muitas vezes presente no pensamento adventista e evangélico. Existe grande preocupação e temor em relação ao ecumenismo, e com razão. O que geralmente os evangélicos chamam de ecumenismo é um processo de unificação religiosa com propósitos políticos. Quando religião e política se misturam, acontecem coisas ruins, especialmente aos crentes fiéis que alcançaram uma espiritualidade mais profunda e rejeitaram a pauta política de muitas instituições religiosas.

Mas existe outro tipo de “ecumenismo”, que consiste no chamado de Deus a muitos indivíduos de cada instituição religiosa do globo (Apocalipse 18:4). Entre católicos, muçulmanos, hindus, judeus, budistas e todos os demais grupos, há muitas pessoas que estão buscando a verdade e vivem um relacionamento com Deus. Por meio do Espírito Santo, Deus está presente em cada lugar antes mesmo que os missionários cheguem lá. Tenho encontrado a fé genuína em muitos lugares que jamais imaginei. […]

Corremos o risco de nos preocupar tanto com os riscos do ecumenismo que nos afastemos dos vizinhos, amigos e familiares que pensam e vivem de maneira diferente. O remanescente de Deus do tempo do fim será formado por pessoas de todas as nações, tribos, línguas, povos  e – sim – religiões (Apocalipse 14:6; 18:1-4). Temo que o pensamento de algumas pessoas nos leve a ver “demônios por trás de cada arbusto” e inspire em nós desconfiança em relação aos outros, de modo que nos afastemos deles. Deus, em vez disso, está tentando reunir as pessoas.

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No pensamento de muitos adventistas (e evangélicos), existe a crença de que nossa religião possui a verdade e os outros estão perdidos. No fim dos tempos, as pessoas abandonarão sua religião falha e se juntarão a nós, formando o remanescente do tempo do fim (ou algo equivalente). Os que apresentam esse raciocínio não percebem que todas as instituições religiosas são falhas, inclusive a nossa. Todas as instituições religiosas são tentativas humanas de testemunhar da atuação de Deus no mundo. Isso é muito bom; devemos apreciar as ações que Deus realiza em nosso meio e falar sobre elas ao mundo. Mas, com o passar do tempo, as instituições religiosas se tornam cada vez mais focadas na autopreservação e menos focadas na missão original. É por isso que reformas espirituais sempre são necessárias em cada fé.

No fim dos tempos, todas as instituições religiosas estarão divididas entre os que desejam preservar a “bolha” humana e os que mantiveram ou recapturaram o espírito e a missão original da fé. O remanescente fiel de cada religião demonstrará ter mais em comum uns com os outros do que com os parceiros de sua própria religião. […]

Estas minhas reflexões podem parecer confusas e menos satisfatórias do que uma explicação do tipo “preto no branco”. Mas geralmente a verdade é uma tensão entre dois polos (como a natureza divina e humana de Cristo, ou o papel da fé e das obras na experiência cristã). Não é fácil encontrar um equilíbrio entre o precipício do ecumenismo e o precipício do exclusivismo. O nosso desafio é estar abertos às pessoas e aceitá-las ao mesmo tempo em que discernimos a verdade e o erro.

Jon Paulien, Ph.D., é diretor da Faculdade de Teologia da Universidade de Loma Linda (EUA). Retirado de “Final Reflections on the Spiritual Formation Debate”.

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Igreja, missão e pequenos grupos https://missaoposmoderna.biblecast.com.br/2014/07/igreja-missao-e-pequenos-grupos/ Wed, 16 Jul 2014 10:00:00 +0000 http://rabis.co/migramissaopos/2013/01/igreja-missao-e-pequenos-grupos/ Nem a Reforma Protestante e nem a pregação das três mensagens angélicas conseguiu acabar com as grandes congregações. A centralidade de Cristo no plano da salvação foi restaurada, como também o foi o papel preponderante da fé como meio de se alcançar a salvação. A verdade do santuário celestial, a …

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Nem a Reforma Protestante e nem a pregação das três mensagens angélicas conseguiu acabar com as grandes congregações. A centralidade de Cristo no plano da salvação foi restaurada, como também o foi o papel preponderante da fé como meio de se alcançar a salvação. A verdade do santuário celestial, a proximidade do juízo e a perene validade da lei de Deus, em particular do mandamento do sábado, também foram restauradas, mas continuamos com uma religião massificada, com congregações enormes, onde a participação se limita a uns poucos privilegiados, e talvez essa seja uma das principais razões pelas quais ainda não conseguimos concluir a obra.

Para não mencionar o excessivo ritualismo que não raras vezes caracteriza, por exemplo, a celebração da Santa Ceia em algumas de nossas igrejas, com cerimônias cansativas que se estendem por horas a fio, sendo que a maior parte do tempo é gasta tão somente com a distribuição do pão e do vinho. Em várias congregações, esse problema já foi resolvido com a distribuição conjunta dos emblemas e a adoção de cálices descartáveis, que não necessitam ser recolhidos.

Retorno às igrejas-do-lar?

O plano dos pequenos grupos é certamente muito bem-vindo. Ele contribui para resolver o problema das grandes congregações, embora não consista senão num retorno parcial ao modelo das igrejas-do-lar do cristianismo primitivo. Apenas um retorno completo – impossível, na minha opinião – àquele modelo, ou seja, pequenas congregações com, no máximo, umas poucas dezenas de membros, poderia gerar o nível de participação, comunhão e consagração necessários para que avancemos definitivamente rumo à conclusão da obra. E considero tal retorno impossível, em primeiro lugar, por causa da nossa própria cultura eclesiástica. Dificilmente construiríamos pequenos edifícios com capacidade para quarenta ou cinquenta membros apenas em vez de um edifício maior que comporte duzentas ou trezentas pessoas. Uma mudança cultural, portanto, precisaria preceder a mudança de paradigma. Em segundo lugar, o custo e as dificuldades logísticas de se substituir as grandes igrejas por pequenas congregações praticamente inviabilizaria a ideia, pelo menos a curto e médio prazo. É por isso que devemos apoiar o esforço pelos pequenos grupos. Embora, nos moldes atuais, não representem exatamente a prática primitiva da igreja, eles, sem dúvida, consistem na melhor opção para os problemas inerentes à massificação congregacional. […]

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As igrejas-do-lar do período apostólico (e pré-Constantino) não parecem ter sido implantadas em virtude de um imperativo divino, mas como resultado de circunstâncias específicas que as tornaram praticamente inevitáveis. Isso não significa, porém, (1) que Deus não estivesse guiando as decisões e os destinos da igreja; (2) que o modelo não tenha sido uma tremenda bênção para a igreja apostólica e pós-apostólica; ou (3) que não devamos nos esforçar para retornar a esse modelo. E é aqui que os pequenos grupos se encaixam. Embora não sendo um retorno completo ao modelo do cristianismo primitivo, eles certamente consistem na melhor estratégia disponível e viável no momento para diminuir o impacto das grandes congregações, que não propiciam o envolvimento e a interação necessários para que haja plena saúde e crescimento espiritual, tanto individual quanto coletivo. […]

Comunhão e missão

Grupos pequenos têm uma lógica inerente tão clara e óbvia que qualquer imperativo bíblico nesse sentido chegaria a ser redundante. Além disso, nem tudo o que é bom ou nem tudo o que fazemos precisa obrigatoriamente ser respaldado por um explícito precedente bíblico ou recomendação divina. Não é assim, por exemplo, com a Escola Sabatina, o Culto Jovem, o Clube de Desbravadores e vários outros programas da igreja? Mesmo que não tenham explícita base bíblica, ninguém ousaria dizer que eles são inválidos ou estão em desarmonia com a razão de ser da igreja. Dentro dos claros parâmetros ou princípios estabelecidos pelas Escrituras, temos liberdade para buscar alternativas e estratégias que levem à otimização dos vários departamentos e atividades da igreja como um todo e, assim, levá-la a cumprir mais cabalmente a obra que lhe foi designada. […]

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[Por meio dos pequenos grupos,] pode-se trabalhar também com a singeleza e espontânea comunhão que deve haver entre os membros da igreja, o amor sincero que deve uni-los, a oração de uns para com os outros, o encorajamento mútuo e o testemunho cristão. […]

A verdade é que talvez nunca tenha sido da vontade de Deus que tivéssemos grandes congregações com centenas e, muito menos, milhares de membros. No período de maior crescimento da igreja, período esse que se estendeu até o início do quarto século, as igrejas-do-lar, com no máximo umas poucas dezenas de membros, foram o instrumento mais eficiente para manter a igreja unida, fervorosa e dinâmica naquele que, talvez, tenha sido o período mais difícil de sua história. Não tenho dúvida de que os pequenos grupos poderão ter um efeito semelhante nestes momentos finais de nossa história na Terra.

Wilson Paroschi, Ph.D., é professor de Interpretação do Novo Testamento no Unasp. Retirado de “Os pequenos grupos e a hermenêutica: evidências bíblicas e históricas em perspectiva”, em Teologia e metodologia da missão: palestras teológicas apresentadas no VIII Simpósio Bíblico-Teológico Sul-Americano, ed. Elias Brasil de Souza (Cachoeira, BA: CePliB, 2011), p. 366-369 (intertítulos acrescentados).

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Igreja versus instituição https://missaoposmoderna.biblecast.com.br/2014/06/igreja-versus-instituicao/ Fri, 27 Jun 2014 01:02:25 +0000 http://rabis.co/migramissaopos/?p=1801 Há muitas críticas sobre a dimensão institucional da Igreja Evangélica. Você ainda acredita na instituição igreja? Se sim, como salvá-la? A igreja é criação de Jesus. Em Mt 16.18, Jesus disse que edificaria a sua Igreja. Naquele tempo, Igreja significava um grupo de pessoas em torno de alguém, ou de …

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Há muitas críticas sobre a dimensão institucional da Igreja Evangélica. Você ainda acredita na instituição igreja? Se sim, como salvá-la?

A igreja é criação de Jesus. Em Mt 16.18, Jesus disse que edificaria a sua Igreja. Naquele tempo, Igreja significava um grupo de pessoas em torno de alguém, ou de ideias, ou de ambas.

Jesus falava de um grupo de pessoas que cressem ser ele Deus, que viera em carne e osso, para libertar a humanidade. Disse que trabalharia nessa Igreja, de tal maneira, que esta atacaria as portas da morte, libertando seres humanos que, por ele, seriam ressuscitados no último dia.

Estas pessoas, membros da Igreja, seriam trazidos ao Filho pelo Pai, por meio de uma revelação sobre a natureza divina e libertadora do Filho. Portanto, gente que adoraria ao Filho como Deus.

A Igreja é a consolidação desse grupo de Jesus, pelo Espírito Santo, por seu batismo e habitação, desde o Pentecostes.

O Espírito Santo disse que a Igreja é o corpo do Senhor, por meio do qual Jesus exerce a seu governo sobre todas as coisas. Que a Igreja é a casa de Deus, e o santuário onde Deus é adorado.

Nas palavras de Jesus, a Igreja assume um perfil relacional: onde dois ou três estiverem reunidos em nome de Jesus, ele estará entre eles; e sacerdotal: se dois concordarem na terra será feito no céu.

Na ação do Espírito Santo, a Igreja assume um perfil operacional: todos os seus membros são cumulados de dons, de capacidades especiais para operar prodígios, assim, há, também, membros dessa comunidade que são destacados pelo Espírito Santo para prestar serviço para a Igreja, sem, com isso, ganhar qualquer posição hierárquica; todos continuariam a se ver e a se tratar, apenas, como irmãos.

Na voz do Cristo, essa Igreja assume uma característica missional, ela tem de levar o conhecimento do Cristo e dos seus ensinos a todos os povos, tem de batizar os que, a exemplo do que aconteceu com os primeiros, forem recebendo a mesma revelação sobre Jesus de Nazaré.

E, nessa missionalidade, a Igreja tem de manifestar a presença do Reino, na história, por meio do serviço aos demais, através de obras boas, que provoquem transformações nas circunstâncias, e deem direção para a sociedade.

Na perspectiva dos apóstolos, a Igreja passa a necessitar de estrutura mínima, que garanta as condições para que está se organize em função de sua missão. Daí, presbíteros, para que as pessoas, no exercício de seus dons, não percam o foco missiológico, transformando as capacidades que receberam em fim em si mesmas.

Não pode, outrossim, a Igreja se permitir a ser uma confraria fechada, um refúgio. Ela tem de se manter uma comunidade para a humanidade, sonhando com o dia em que toda humanidade seja Igreja. Daí, diáconos que garantam a igualdade entre irmãos e que promovam o senso de comunidade pela partilha e pelo acolhimento.

E como essa comunidade é um contingente geográfico, para além de ser uma comunidade virtual pelo Espírito Santo, ela tem de se reunir, e essas reuniões precisam manter-se relacionadas umas às outras.

Com o passar dos séculos esta estrutura deixou de ser mínima, e de manter a igualdade, passando á privilegiar a hierarquia, e a reconhecer apenas poucos como sacerdotes, embora, o sacerdócio seja universal. E a estrutura acabou por sequestrar a Igreja.

Nossa tarefa, hoje, é fazer que a estrutura volte aos moldes originais, que volte a ser o mínimo necessário para que a Igreja, a comunidade, seja o máximo possível.

Ariovaldo Ramos é escritor e conferencista. É presidente da Visão Mundial no Brasil, um dos pastores da Igreja Batista da Água Branca e um dos presbíteros da Comunidade Cristã Reformada, em São Paulo, SP Retirado de Ultimato.

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Compartilhando a fé com os judeus https://missaoposmoderna.biblecast.com.br/2014/06/compartilhando-a-fe-com-os-judeus/ https://missaoposmoderna.biblecast.com.br/2014/06/compartilhando-a-fe-com-os-judeus/#comments Mon, 23 Jun 2014 15:21:23 +0000 http://rabis.co/migramissaopos/?p=1783 Jacques Doukhan nasceu na Argélia (norte da África), em uma família judia. Frequentou a Sinagoga e estudou hebraico. Fez todos os estudos judaicos da Bíblia e do Talmude. Quando aceitou Jesus como o Messias, estudou Filosofia na França, por dois anos, desistindo, depois, para estudar Teologia. Obteve doutorado em literatura …

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Jacques Doukhan nasceu na Argélia (norte da África), em uma família judia. Frequentou a Sinagoga e estudou hebraico. Fez todos os estudos judaicos da Bíblia e do Talmude. Quando aceitou Jesus como o Messias, estudou Filosofia na França, por dois anos, desistindo, depois, para estudar Teologia. Obteve doutorado em literatura hebraica, pela Universidade de Estrasburgo, um segundo doutorado em Bíblia Hebraica, pela Universidade Andrews (EUA), e fez pós-doutorado na Universidade Hebraica de Jerusalém. Trabalhou como pastor e foi diretor, por quatro anos, do seminário adventista das Ilhas Maurício.

Hoje é diretor do Instituto de Estudos Judaico-Cristãos do Seminário Teológico Adventista da Universidade Andrews, em Berrien Springs, Michigan, e tem realizado palestras em muitos países ao redor do mundo, a judeus e cristãos. Casado com a doutora em música Liliane, tem uma filha formada em Filosofia.

Nesta entrevista, concedida a Michelson Borges, o Dr. Doukhan conta um pouco de sua experiência e fala sobre o relacionamento dos cristãos com os judeus. Embora ele traga na carne as tensões judaico-cristãs, considera-se “um judeu que sabe ser cristão e um cristão que sabe ser judeu”. 


Como o senhor aceitou a Jesus como o Messias?

O que mais me convenceu acerca do Messias foi o capítulo nove de Daniel. [Confira o recente livro do Dr. Doukhan sobre as profecias messiânicas da Bíblia Hebraica, intitulado On the Way to Emmaus: Five Major Messianic Prophecies Explained (Clarksville, MD: Messianic Jewish, 2012). Sobre Daniel 9, veja p. 149-194.] Houve outras experiências particulares, inclusive uma bastante violenta que quase me “empurrou” ao Messias, aos 18 anos. Há pessoas que necessitam de um empurrão para poder responder; para outros, basta um murmúrio. 

No que a guerra de libertação da Argélia influenciou seus planos?

Fui preso e tive muitos problemas em relação ao sábado e ao uso de armas. Havia um capitão, assassino, anti-semita e que bebia muito, que muitas vezes me chamava de judeu imundo. Ele me fazia ir até ele e me dava ordens nas sextas-feiras à noite, tentando me obrigar a trabalhar. Cada vez que eu recusava, era torturado. 

Cinco meses depois de tanto apanhar, eu disse a Deus que não suportaria mais. No sábado pela manhã, aquele capitão mandou que eu pegasse minhas coisas e que o seguisse. Subimos num caminhão cheio de legionários. Achava que ia morrer, pois várias vezes o militar encostou a arma em minha cabeça dizendo que poderia me matar. Naquele momento, pensei: “É, Senhor, eu pedi para que Tu resolvesses meus problemas em relação ao sábado, e agora vejo que eles serão resolvidos… definitivamente.” 

Algum tempo depois, o caminhão parou e o capitão mandou que eu descesse. Tudo parecia um sonho. Eu tremia o tempo todo. O veículo se afastou e eu percebi que estava só, num outro campo militar. Fiquei ali parado por alguns instantes, até que outro capitão se aproximou: “Você é o Doukhan?” Eu disse que sim e ele respondeu: “Fique tranqüilo que aqui você não terá problemas.” 

Fiquei 15 dias naquele local onde me davam o sábado livre. Logo depois, transferiram-me para o Saara, onde vivi como um “rei”: era responsável por um hospital e meu chefe era médico. Além disso, tinha um quarto com geladeira só para mim e os sábados livres. Naquela ocasião, resolvi desistir de Filosofia e estudar Teologia.

Qual a melhor maneira de se provar que Jesus foi e é o Messias?

Não é através de argumentos intelectuais. Os milagres, nesse caso, também não provam nada, porque há vários operadores de “milagres” por aí. A prova mais convincente de que Jesus é o Messias, é o caráter, a vida e a influência daquele que crê. Não apenas o testemunho falado, mas o testemunho de uma vida transformada.

Outra forte evidência é a obra de Cristo. Jesus é o único Messias judaico que foi muito além do Seu tempo e espaço. Houve muitos “messias” na história de Israel, mas esses acabaram tendo uma influência limitada a poucas pessoas e a uma pequena área geográfica. Nunca a crença nesses messias foi além do contexto de Israel, e jamais durou mais do que uma geração. 

Jesus, na verdade, foi o único que fez com que o Deus de Israel fosse conhecido no mundo inteiro. 

Como os judeus veem a Jesus?

Se considerarmos a tradição judaica ortodoxa e clássica, perceberemos que a descrição do Messias que existe nos textos clássicos como o Talmude, o Midrash e outros, apresenta-nos um retrato do Messias que é muito próximo ao Messias apresentado no Novo Testamento. Por exemplo, a idéia do Messias que sofre e que tem uma origem sobrenatural é encontrada tanto no Talmude quanto no Midrash. 

No entanto, considera-se que o Messias vem trazer a paz. Por isso, para o judeu, Jesus não era o Messias porque não trouxe a paz ao mundo.

Por isso essa resistência quanto ao Messias Jesus Cristo?

É claro que isso não é razão para se rejeitar a Jesus, mas é um dos argumentos usados. O judeu pensa no texto de Isaías, por exemplo, que diz que o Messias vai trazer a paz, de tal modo que o leão e o cordeiro vão comer juntos e conclui que essa paz nunca existiu. 

De certa forma, eles têm razão: Jesus não trouxe a paz. Além disso, para eles o Messias deve vir no final dos tempos. Mas, por outro lado, se o Messias não tivesse jamais vindo à Terra e viesse somente no final dos tempos, Ele não seria reconhecido pelos judeus nem por ninguém. Por isso, Ele precisava vir antes. Graças a Jesus, agora o mundo inteiro conhece Sua mensagem, de tal modo que a esperança de Israel se tornou uma esperança universal. 

Portanto, era necessário que o Messias viesse antes, para que a paz de que os textos bíblicos falam pudesse ser universal. É necessário que todos saibam sobre a vinda do Messias, não somente um pequeno grupo limitado à Palestina. Assim, o Messias pode cumprir Sua vocação de Salvador e Redentor do mundo. 

Por que a barreira entre cristãos e judeus ainda existe hoje?

Alguém disse que foi porque a igreja cristã rejeitou suas raízes judaicas (como o sábado, por exemplo), o que acabou levando ao Holocausto. Infelizmente, o nome de Jesus ainda tem sido associado, na mente do judeu, com massacre, discriminação e rejeição.

Hoje, depois do Holocausto e de tantas perseguições aos judeus, qualquer tentativa de convertê-los gera fortes reações. Os cristãos que desejam partilhar com os judeus a mensagem de Jesus, devem primeiro se perguntar sobre os seus reais motivos. Por que desejam converter os judeus? Querem, com isso, eliminar sua identidade? Os cristãos devem partilhar sua esperança com os judeus sem, contudo, ameaçar sua identidade judaica. 

Por isso, creio que a conversão dos judeus depende da conversão dos cristãos. É isso que nós devemos fazer: converter-nos como cristãos, para podermos falar melhor com eles, e eles poderem nos escutar melhor; assim, o milagre vai acontecer. Às vezes vejo cumprir-se este milagre. De vez em quando, aqui e acolá, há pequenas faiscas, mas ainda não é o fogo. As faíscas estão aí para nos dar a idéia do fogo.

Como você vê o Estado de Israel?

É algo interessante. O judeu viveu muito tempo numa situação de etnia minoritária, oprimida e menosprezada. Por isso, desenvolveu uma atitude de desconfiança para com os não-judeus que o cercavam. Já em Israel, ele não se sente mais ameaçado pelo cristianismo, pois não tem mais cristãos em sua volta. Logo, não está mais em atitude de reação contra o cristianismo e acabou perdendo o complexo de anti-semitismo. Agora, o judeu pode abrir o Novo Testamento sem problema algum, colocando-se diante de algo que ele nunca imaginara estar tão próximo. 

É assim que Israel está contribuindo na descoberta de Jesus, hoje em dia. Do ponto de vista cristão, podemos dizer que o Estado de Israel é muito bom; é uma bênção, até. Se podemos ver que essa redescoberta de Jesus pelos judeus é algo desejado e abençoado por Deus, podemos dizer também que o Estado de Israel é algo desejado e abençoado por Deus. O Estado de Israel não é o cumprimento das promessas divinas; no entanto, ele torna possível o cumprimento dessas promessas.

Qual o papel dos judeus na escatologia e nos escritos de Ellen White?

Antes de tudo, quando falamos de escatologia, falamos do futuro, de algo ainda desconhecido. Sempre desconfiamos daqueles pretensos profetas que já sabem de tudo exatamente como vai acontecer. 

Na verdade, temos indicações na História que nos mostram o que poderá ocorrer no futuro. No entanto, para aquele que tem fé nas Escrituras, nas promessas proféticas e também nos testemunhos da Sra. White, o futuro é seguramente conhecido. 

As Escrituras e os escritos da Sra. White dizem claramente que haverá muitos judeus, no final dos tempos, que vão descobrir a mensagem do messianismo de Jesus. E quando analisamos o que se passa em Israel atualmente, podemos ver que, de fato, o povo judeu está mais aberto para Jesus hoje do que no passado.

Então o senhor crê que o cenário para a aceitação do Messias por parte de muitos judeus já está montado?

Eu creio que ele está sendo preparado. Só para se ter uma idéia, houve mais escritos sobre Jesus em Israel nesses últimos 20/30 anos do que nos 18 séculos precedentes. Tudo isso são indicações interessantes. Agora, como esse reconhecimento do Messias vai acontecer, como vai se manifestar, isso eu não sei. Mas o fato de essa abertura estar acontecendo em Israel é algo extraordinário, fazendo-nos pensar que essa profecia realmente está correta.

Retirado do blog Criacionismo (com algumas adaptações).

 

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Noé, graça e ficção https://missaoposmoderna.biblecast.com.br/2014/04/noe-graca-e-ficcao/ https://missaoposmoderna.biblecast.com.br/2014/04/noe-graca-e-ficcao/#comments Mon, 28 Apr 2014 16:37:22 +0000 http://rabis.co/migramissaopos/?p=1589 No sábado passado, 26 de abril, Bruno Ribeiro Nascimento, mestrando em comunicação (UFPB), falou sobre o filme Noé em um culto jovem (JA) ocorrido em João Pessoa (PB). Abaixo está um pequeno roteiro da palestra, escrito pelo próprio Bruno. 1 – Falsa dicotomia entre sagrado e secular Tomás de Aquino, um dos …

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No sábado passado, 26 de abril, Bruno Ribeiro Nascimento, mestrando em comunicação (UFPB), falou sobre o filme Noé em um culto jovem (JA) ocorrido em João Pessoa (PB). Abaixo está um pequeno roteiro da palestra, escrito pelo próprio Bruno.

1 – Falsa dicotomia entre sagrado e secular

Tomás de Aquino, um dos mais importantes teólogos da história da teologia cristã, fez uma distinção entre natureza e graça, com o possível objetivo de ser ‘didático’ numa discussão em que abordava o sobrenatural.

Independentemente de sua motivação, o que aconteceu na prática foi que o conceito influenciou a igreja da Idade Média de uma forma, no mínimo, estranha à Bíblia. Na ‘teologia dos bancos’, existem duas realidades paralelas: a da igreja e a do mundo lá fora, do sagrado e do secular. O sagrado estaria relacionado às coisas que alguém faz para a igreja: pregar, cantar, orar, ser pastor, tirar dízimo etc. O secular é o que você faz no dia a dia: trabalhar, estudar, caminhar etc.

Nós, protestantes de tradição evangélica, abraçamos esse conceito da Idade Média com muita facilidade: alguém só trabalha para Deus se for pastor, se trabalhar num hospital adventista ou numa escola batista. Caso não seja, então o trabalho é algo ‘secular’, você está fazendo para seu sustento, para fins ‘não santos’, ou qualquer outra coisa que dizem por aí. Há uma separação estanque: de um lado, o ‘trabalho de Deus’, que é aquilo que alguém faz na igreja; do outro, ‘o trabalho secular’, que é aquilo que alguém faz para estudar, trabalhar etc. São dois mundos diferentes.

O interessante é que esse conceito dicotômico [isto é, de separação] é estranho à revelação das Escrituras e a mentalidade do povo de Deus tal como revelada no Antigo e no Novo Testamento. A Bíblia exalta a boa criação de Deus. Afinal, no sexto dia, “Deus viu tudo o que havia feito, e tudo havia ficado muito bom” (Gn 1:31). Os israelitas tinham uma visão tal que Deus integrava todos os aspectos de sua vida, não apenas a ‘religiosa’, em conformidade com a visão de que o mundo é fruto da boa criação do Senhor. O próprio Deus instituiu a festa da Expiação (Lv 23:28) e a festa dos Tabernáculos (Lv 23:34), para comemorar tanto os pecados perdoados quanto a colheita final do outono.

Perceba que Deus tocava em cada ponto da vida dos israelitas, cada esfera da sua existência. A identidade do povo de Israel girava em torno de Deus. Nesse sentido, não havia essa dicotomia entre sagrado e secular. Ela é estranha à revelação. O chamado para ser pastor é um chamado divino, da mesma forma que o chamado para ser médico nos postos de saúde, para ser eletricista numa empresa, ser professor numa escola, ser jornalista numa TV, ser mãe na educação de um filho. Paulo falou claramente que o trabalho dos escravos deveria ser feito de coração, “de boa vontade, como servindo ao Senhor e não aos homens” (Ef 6:7). Por quê? Porque o conceito paulino, em conformidade com o pensamento hebreu, é que “nenhum de nós vive apenas para si, e nenhum de nós morre apenas para si. Se vivemos, vivemos para o Senhor; e, se morremos, morremos para o Senhor. Assim, quer vivamos, quer morramos, pertencemos ao Senhor” (Rm 14:7-8).

Por que isso é importante no entretenimento? Ora, devemos abandonar o conceito não bíblico de sagrado e secular, coisas da igreja (que são para Deus) e coisas que não são da igreja (e que, portanto, não seriam diretamente para Deus). A pergunta: “Podemos ouvir música que não é da igreja?” reflete claramente essa falsa dicotomia (aliás, como gostamos de uma dicotomia!). A ideia por trás desse conceito errôneo é que só fazemos algo para Deus quando operamos na esfera da igreja. Por isso, caso alguém venha a assistir um filme, ler um livro que não seja a Bíblia (ou de Ellen White ou outro ‘livro da igreja’), ouvir uma música que não seja ‘de Jesus’ etc., essa pessoa estará perdendo seu tempo que deveria ser gasto nas ‘coisas de Deus, com coisas mais espirituais, com coisas do Alto’. E se, em casos extremos (coisa de vida e morte, ou seja, em último caso), alguém venha a contemplar algo que não seja ‘funcional’, que não serve para nada, de natureza estética (um filme, um romance, um desenho), deve ter o máximo dos máximos de escrúpulo possível, fazer uma acurada e exaustiva investigação para não se contaminar com alguma ‘mensagem subliminar por trás’ (ah, se tivéssemos esse mesmo escrúpulo em nossos púlpitos!).

Essa visão simplesmente desconsidera que Deus é o Deus do belo, da arte, da estética, da boa criação (caída, é verdade, mas que tem o parecer de ‘muito boa’), da criatividade. É claro que a queda nos afastou do Senhor e o príncipe desta era reina e vem fazendo o máximo possível para desvirtuar a boa criação de Deus. Por isso, devemos conceber novamente a primazia de nossa existência para o Senhor Deus e, para isso, devemos colocá-lo em cada ponto de nossa vida, com uma visão integral que fuja o mais rápido possível desse falso antagonismo.

2 – Natureza de um texto de ficção

Como disse certa vez Antônio Cândido: “O aspecto mais importante para o estudo de uma ficção é o que resulta da análise de sua composição, não da sua comparação com o mundo real”. A preocupação da ficção não é descrever o que aconteceu, mas sim o que poderia ter acontecido dentro do campo da verossimilhança, do provável e do necessário (Aristóteles). Uma ficção é um universo paralelo, uma realidade criada, com suas leis próprias e distintas do universo do real.

Numa obra de ficção devemos estar atentos a como o autor recriou seu universo simbólico, ou seja, como ele, dentro das possibilidades simbólicas, recriou um universo que lhe é próprio. Assim, devemos respeitar as referências dentro da obra, procurando fazer uma conexão perfeitamente unitária na constituição do enredo. Devemos entender que, na ficção, a verossimilhança é empregada a fim de criar um universo ficcional aceitável que convença o espectador de sua possível existência no mundo real, mesmo que esse universo seja totalmente idealizado e imaginado. Se isso acontecer, provavelmente o espectador aceitará a realidade da obra.

Exemplo: sabemos que na realidade o homem não voa. No entanto, se eu disser que há um homem, mas que não é humano, que veio de outro planeta (Krypton) e que, por causa do nosso jovem sol, ele adquire super-poderes, para a lógica interna da narrativa, isso faz total sentido, ainda que na realidade não seja possível tal processo. Uma obra ficcional fracassa não quando ela disse algo que não é real, mas quando sua estrutura interna falha em montar um universo possível, quando há um furo em sua verossimilhança.

Além disso, numa ficção audiovisual (filme), o enredo precisa ser mostrado. Demos vários exemplos de metáforas visuais: no filme Titanic (de James Cameron) há uma cena em que a mãe de Rose, Ruth, insiste que ela deve se casar com Cal (filho de um magnata) a fim de que a relação possa resolver os problemas financeiros da família DeWitt Bukater. Mas como isso é mostrado? Ruth, ao amarrar o vestido de Rose, fala sobre a importância desse casamento, do porquê a filha ter de aceitar essa situação a contragosto etc. Enquanto vai amarrando o vestido dela, Ruth vai cada vez mais apertando o vestido de Rose, cada vez mais forte a fim de literalmente amarrar a filha no casamento com Cal. O autor não diz que a mãe ‘amarrou’ a filha no casamento. Ele mostra isso!

Nesse sentido, quando se trata de Bíblia e a fim de que uma narrativa funcione, nem sempre o diretor irá seguir a história de forma fiel porque, se o fizer, pode não funcionar. No filme O Príncipe do Egito (DreamWorks Animation), Moisés, ao receber o chamado de Deus, vai falar diretamente com o faraó. Mas a Bíblia diz que Arão serviu como intérprete. Então o filme foi distorcido? Não. Devemos entender que, se o filme seguisse stricto senso o enredo do Êxodo, não iria funcionar. Por quê? Imagine uma criança vendo o faraó falar, Arão ouvir e dizer para Moisés. Moisés escuta Arão e responde. Arão ‘traduz’ a resposta para o faraó. Seria altamente maçante e esquisito. A forma que a DreamWorks achou de a narrativa funcionar foi colocando Moisés e o faraó cara a cara, ainda que não condissesse com o que de fato aconteceu.

Sendo assim, devemos entender a lógica interna da narrativa a fim de lhe atribuir qualquer juízo de valor. No filme Crepúsculo (de Melissa Rosenberg) há uma frase que diz: “Para que você vai viver eternamente se você pode viver 70 anos de plenitude ao meu lado?”. Alguns cristãos dizem que ‘claramente’ Crepúsculo está falando que a vida eterna não vale a pena! Mas essa é uma interpretação totalmente estranha à narrativa. O contexto da frase é muito claro: Edward é um vampiro que não morre e que viu várias pessoas durante esse tempo deixarem de existir. É um verdadeiro inferno. Ele vivo, por séculos dos séculos, e várias pessoas ao seu redor indo para o túmulo! É nesse mundo que a frase faz total sentido (você não concorda?). Da mesma forma que é totalmente errado tirar uma frase de um texto bíblico, de seu real contexto, a fim de ‘provar’ algo, é errado tirar uma frase de dentro de toda uma estrutura narrativa ficcional a fim de dizer que o filme defende X ou Y.

Não exija realidade de um texto ficcional e não tome a ficção pela realidade. Código Da Vinci, por exemplo, é ficção por mais que o autor diga  que se baseia no documento ‘verdadeiro’ X ou Y.

3 – Fazendo uma ponte com Noé

Dito isto, então a ficção não seria errada? Não. A Bíblia contém ficção que obedece muito bem a verossimilhança. Há árvores falantes (Jz 9:7-15). Há o seio de Abraão e o Hades enquanto um lugar de consciência (Lc 16:19-31). Há as várias parábolas de Jesus. Se ficção é ‘errado’, então o Mestre errou!

Interessante que no “Discurso aos gregos acerca do Hades”, [o historiador judeu] Josefo descreve uma compreensão popular sobre o Hades e o seio de Abraão. E ela é bem próxima do que encontramos na parábola do Rico e Lázaro! [Na verdade, a maioria dos estudiosos atuais acredita que o “Discurso aos gregos acerca do Hades” é um acréscimo feito por cristãos à obra de Josefo. Mas, sem dúvida, esse texto representa bem as crenças mantidas por muitos judeus da época de Jesus.] O Mestre utilizou uma compreensão popular sobre a condição dos mortos no Hades a fim ensinar importantes lições sobre como devemos, nessa vida, atentar para os ensinos de Moisés e dos profetas, já que isso vai ter consequências no mundo por vir!

Mas, e Noé? A primeira coisa que devemos entender é como as coisas funcionam no enredo. Os gigantes de pedra são os mesmos anjos caídos da Bíblia? Ou eles têm outra função dentro da narrativa, sendo por isso outra coisa? Cada elemento, dentro de um roteiro, não é colocado sem mais nem menos. Há uma função estética. O autor quer mostrar algo. Devemos procurar discernir claramente o porquê desse e de vários outros elementos naquele contexto. E isso só poderá ser feito se você entender como aquele universo específico funciona.

Mas, ainda assim, e se Noé for ruim? Faça pontes para o Evangelho! Já foi constatado que o filme Noé aumentou a leitura da Bíblia em cerca de 300% (veja aqui). É muita coisa! Não deixe escapar essa oportunidade. Aproveite Noé para fazer uma ponte para o Evangelho correto!

Paulo fez isso! Ao falar com os atenienses no Areópago (At 17:28), ele citou dois poetas gregos: Epimênides (“nele vivemos, nos movemos e existimos”) e Arato (“somos descendência dele”). Paulo cita Epimênides na carta que escreveu a Tito (1:12).

Mas, e se a ficção não prestar? Siga Paulo. Na primeira carta aos Coríntios, Paulo citou uma ficção: a comédia grega Thais, do poeta Menandro, cujos escritos eram conhecidos naquela localidade. Na peça, Menandro diz: “As más companhias corrompem os bons costumes”. Isso porque Paulo estava tratando de uma falsa crença entre os cristãos, a saber, da não esperança na ressurreição. Paulo também cita uma frase presente em várias ficções do mundo antigo: “Comamos e bebamos, porque amanhã morreremos”! Os coríntios conheciam Menandro, conheciam essa frase, conheciam essa filosofia de vida. Paulo fez uma ponte a fim de falar do Evangelho com algo que fosse comum aos coríntios, ainda que empregando autores e obras seculares com doutrinas bem anticristãs (quer coisa mais anticristã do que o hedonismo?).

Por fim, muitas vezes nós cristãos esperamos que Hollywood seja uma das maiores ‘agências evangelizadoras’ do ‘Evangelho do Reino Deus’, trabalhe com princípios cristãos! Não vai. Deus disse que nós somos o sal da Terra, e não Hollywood! A ideia contida em Mateus 5 é que “esta era” vem cada vez mais apodrecendo, e o sal serve para retardar esse apodrecimento. Obedeça a Cristo: retarde o apodrecimento desta era. Pregue o Evangelho e aproveite as pontes.

Lembre-se: nós é que devemos pregar o Evangelho, nós é que somos os arautos responsáveis por levar as boas novas da salvação, nós que temos a Grande Comissão enquanto responsabilidade. Esta era jaz no maligno. Devemos implantar o Reino de Deus, ser cidades luz num mundo de trevas e aproveitar cada oportunidade [Ef 5:16] a fim de levar o Evangelho para todo o mundo em todas as nações.

Paulo fez de uma filosofia nociva, algo bom para o Evangelho. Jesus, de uma história com conceitos altamente heréticos, nos ensinou importantes lições sobre Moisés e os Profetas.

Que Deus nos dê sabedoria para que possamos trabalhar mais efetivamente em espalhar o sal do Reino na nossa área de influência, aproveitando todas as oportunidades que o imaginário e a ficção nos conceder!

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The Record Keeper https://missaoposmoderna.biblecast.com.br/2014/04/the-record-keeper/ Mon, 14 Apr 2014 12:54:00 +0000 http://rabis.co/migramissaopos/?p=1573 Sinto-me obrigado a comentar o recente cancelamento de “The Record Keeper”, websérie on-line. Antes de questionar a decisão oficial e seu raciocínio, quero deixar bem claro que o problema não está com a Associação Geral. A solução seria muito mais simples se esse fosse o ponto. A questão real é …

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Sinto-me obrigado a comentar o recente cancelamento de “The Record Keeper”, websérie on-line. Antes de questionar a decisão oficial e seu raciocínio, quero deixar bem claro que o problema não está com a Associação Geral. A solução seria muito mais simples se esse fosse o ponto. A questão real é muito mais profunda.

Primeiro, disseram que havia “problemas teológicos” com “The Record Keeper”. Mas isso não é motivo para cancelá-la, e por duas razões principais. Nos últimos 50 anos tenho participado de muitas séries evangelísticas. Pode até ter havido um ou dois que apresentaram uma ‘teologia impecável’, mas eu não me lembro deles. Lembro-me das muitas vezes em que me encolhi com algumas das declarações feitas. E dos púlpitos adventistas? Nem me pergunte…

No entanto, eu me lembro de algumas classes da Escola Sabatina que ensinei há 40 anos, e que eu gostaria de tê-las de volta. Meu entendimento da Bíblia, e, consequentemente, a minha teologia, sofreram mudanças significativas. Por falar nisso, quem conhece bem os escritos de Ellen White pode ver grandes mudanças na ênfase de certos aspectos durante sua vida e até mesmo reversões completas. Lembra-se da porta fechada? E do início de sábado às 18 horas?

Somos uma igreja grande e diversificada. Nós somos humanos! Não conseguimos fazer tudo exatamente certo. E é assim mesmo. Deus Se lembra de que somos pó. Nós é que nos esquecemos disso.

Apenas para que ninguém perde o ponto: estou argumentando que “problemas teológicos” não constituem a verdadeira razão do cancelamento. Se assim o fosse, as coisas iriam ser canceladas por todos os lados na igreja. Problemas teológicos é o pretexto. Mas mais uma vez, eu não estou culpando a Associação Geral.

O real problema é tentar servir a dois senhores. Do pouco que eu vi de “The Record Keeper”, não tenho dúvidas de que seria um excelente veículo para atingir um público específico. Esse público não estaria consciente dos problemas teológicos. Que bênção seria se eles pudessem ser ganhos para Cristo e tornar-se conscientes desses problemas! Eu não iria reter o meu poço de água para uma pessoa que está morrendo de sede porque a água contém alguma substância não purificada e não é muito saborosa. Uma vez que estão hidratados, eles podem se tornar conhecedores de água.

O problema são os membros da igreja: você e eu. Nós elegemos a Associação Geral. E “The Record Keeper” não corresponde aos gostos da igreja norte-americana, onde mais da metade dos membros tem mais de 50 anos de idade; nem corresponde aos gostos de um terço da igreja mundial, onde pessoas com mais de 50 anos usam abordagens do século 19. Dez anos atrás eu descrevi o dilema que a igreja enfrenta hoje:

Pastores e administradores [estão] numa tensão entre alcançar o perdido e acalmar os santos. Se permitirmos a música contemporânea, perdemos os membros mais velhos; se não o fizermos, perderemos os jovens! Os membros mais velhos dão mais apoio financeiro para a igreja do que os mais jovens. Se os membros mais velhos vão, o seu apoio financeiro vai com eles. A igreja deve receber apoio financeiro para sobreviver. Mas, se não atingir o jovem e os sem-igreja, não temos razão de existir (“Dead Languages”, Adventist Review, 2004).

A Associação Geral encontra-se na mesma situação. As ferramentas que usamos por muitos anos não são eficazes com os ricos nem com as audiências contemporâneas com nível de escolaridade elevada. Será que “The Record Keeper” teria sido? Muitos pensam que sim. Talvez nunca venhamos a saber. A verdadeira tragédia é que ela prejudica seriamente a probabilidade de novas experiências. Nunca iremos encontrar ferramentas eficazes sem experimentar. Às vezes podemos até falhar, mas, se nunca experimentarmos, o fracasso é garantido.

O problema não é a Associação Geral. O problema é uma membresia autossatisfeita que se recusa a mover-se fora de sua zona de conforto. Irônico, não é? Como a Testemunha Fiel e Verdadeira do Apocalipse disse sobre Laodiceia [Ap 3:14-22], ela nos diz também: o nosso conforto é o nosso problema!

Ed Dickerson, mestre em educação religiosa (Andrews University, EUA), é plantador de igrejas, professor e pioneiro de homeschooling (ensino doméstico). Ele é o fundador e diretor-executivo de Grounds for Belief, um ministério especializado em apresentar a mensagem bíblica a jovens seculares e pós-modernos. Entre seus muitos artigos e vários livros, destaca-se Grounds for Belief: The place brought them together. The discussion changed them forever (Nampa, ID: Pacific Press, 2007), um livro em formato de diálogos que apresenta os principais temas bíblicos à geração atual. Esse artigo foi publicado originalmente como “‘The Record Keeper’ and Two Masters”. Traduzido por Bruno Ribeiro Nascimento.

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