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Apocalipse 12:1

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Apareceu no céu um sinal extraordinário: uma mulher vestida do sol, com a lua debaixo dos seus pés e uma coroa de doze estrelas sobre a cabeça (Ap 12:1).

Um sinal extraordinário

Essa é a primeira vez que a palavra “sinal” aparece no Apocalipse. A palavra indica uma cena visual impressionante (Ap 12:3; 15:1), mas também se refere aos milagres demoníacos do fim dos tempos (Ap 13:13-14; 16:14; 19:20 ). No Novo Testamento, “sinais” também podem ser presságios dos últimos dias (Lc 21:11, 25; At 2:19). Portanto, o autor do Apocalipse pode estar usando a palavra para indicar que a segunda metade do livro irá focalizar os últimos dias da história da Terra.

Apareceu no céu

“Apareceu” traduz um verbo que está na forma passiva: “foi visto” (em grego, ôphthê). Essa palavra é usada apenas três vezes no livro, todas elas em um trecho de apenas quatro versículos (Ap 11:19-12:3). O surpreendente é que, em geral, as visões do Apocalipse são introduzidas com as palavras “e eu vi” (kai eidon, um aoristo ativo). Portanto, a expressão “foi visto” se destacaria para o leitor do texto original em grego.

Essa observação indica duas coisas. 1) Apocalipse 12 está intimamente ligado a 11:19, que funciona como uma “introdução do santuário” para a visão dos capítulos 12-14. 2) Apocalipse 12 provavelmente seja um ponto de virada do livro como um todo. Nos primeiros onze capítulos do livro, o foco está no movimento de toda a história do cristianismo. Mas, na segunda metade do livro (capítulos 12-22), a ênfase está nos eventos finais da história da Terra, até depois do retorno de Jesus.

Uma mulher vestida do sol

Sempre que um novo personagem aparece no Apocalipse (neste caso, a mulher), o autor gasta tempo em fazer uma descrição visual dele. Além disso, apresenta um pouco do passado do personagem antes de descrever a relação dos atos dele com a visão do capítulo. Apocalipse 12:1-5 apresenta três novos personagens: a mulher, o dragão e o filho homem. A apresentação da mulher ocorre em Apocalipse 12:1-2. As ações dela em relação à visão de Apocalipse 12 ocorrem nos versículos 5-16.

Nesse texto, a mulher vestida do sol, da lua e das estrelas representa a continuidade do povo de Deus, começando com o Israel do Antigo Testamento e indo até o fim dos tempos. No Antigo Testamento, essas imagens são encontradas no sonho de José (Gn 37:9), no qual as estrelas se inclinavam para ele. Os símbolos também estão presentes na descrição da noiva de Salomão:

Quem é essa que aparece como o alvorecer, bela como a lua, brilhante como o sol, admirável como um exército e suas bandeiras? (Ct 6:10).

Pessoas apaixonadas muitas vezes fazem comparações exageradas como essa!

Essa linguagem romântica é usada para descrever o relacionamento de Deus com Israel:

Pois o seu Criador é o seu marido, o Senhor dos Exércitos é o Seu nome, o Santo de Israel é seu Redentor; Ele é chamado o Deus de toda a Terra. O Senhor chamará você de volta como se você fosse uma mulher abandonada e aflita de espírito, uma mulher que se casou nova apenas para ser rejeitada, diz o seu Deus (Is 54:5-6; veja também Ez 16:8; Os 2:14-20; 1Co 11:2; Ef 5:25-32; Ap 19:7-8).

Quando Israel era fiel, era usada a linguagem de um casamento feliz e bem-sucedido. Quando Israel era infiel, era usada a linguagem de adultério, divórcio e prostituição (Ez 16; 23; Os 2:1-13; Jr 3:6-10; Ap 17:1-5).

Assim, a mulher representa todo o povo de Deus (as 12 estrelas remetem às 12 tribos de Israel e aos 12 apóstolos). Apocalipse 12 retrata uma continuidade entre o povo de Deus do Antigo Testamento e a igreja cristã. Embora Apocalipse 12-22 se concentre principalmente nos eventos finais da história da Terra, é dado o contexto mais amplo: uma breve história do povo de Deus desde a época do Antigo Testamento até o fim dos tempos.

Sete personagens no conflito

A mulher é a primeira das sete figuras marcantes de Apocalipse 12-14. As sete figuras são: a mulher, que representa o povo de Deus, tanto o Israel do Antigo Testamento como a igreja (Ap 12); três figuras representam Satanás: o dragão (Ap 12), a besta do mar e a besta da terra (Ap 13); e três figuras se referem a Cristo: Miguel (Ap 12), o Cordeiro (Ap 13) e o Filho do Homem (Ap 14). O conteúdo dessa seção é desenvolvido por sete figuras simbólicas.

Essa seção do livro deixa claro que a batalha entre o bem e o mal que se desenrola na Terra envolve uma luta cósmica que começou muito antes do nascimento de Cristo (Ap 12:3-5). Em outras palavras, o que acontece com a mulher (o povo de Deus) é determinado pelo que acontece na guerra cósmica entre Cristo e Satanás. Essa guerra alcançou a Terra, e o Apocalipse remove a cortina para que possamos compreender essa batalha cósmica. Quando alguém luta contra o mal em sua própria vida, está enfrentando as consequências de um conflito muito maior.

Jon Paulien, Ph.D., é diretor da Faculdade de Teologia da Universidade de Loma Linda (EUA). Retirado da sua página no Facebook.